Amar?

em sábado, outubro 31, 2009
Sorrir.
Sentir.
Mascarar a dor.
Embriagar.
Se apaixonar.
Mostrar.
Felicidade.
Amigos.
Família.
Mãe.
Pai.
Irmãos.
Companhia.
Fingir.
Manter.
Escolher.
Mudar.
Querer.
Pedir.
Negar.
Renegar.
Amar?
Letícia Christmann

Corpo e mente saudáveis...

em
Jornais, revistas e tudo o tipo de mídia noticiam frequentemente os grandes números de vítimas de disfunções alimentares, umas fatais e outras em estado crítico.
São crianças desnutridas por um fator genético ou falta de condições de ter uma alimentação saudável. São crianças pobres, vivendo em condições miseráveis. Umas, após casos de desnutrição, não sobrevivem. Outras, conseguem escapar e, com auxílio médico, conseguem melhorar seu quadro de saúde.
Outras pessoas são pessoas obesas, acima do que se diz excesso de peso. Umas são levadas a tal estado por pressões psicólogicas: uma depressão muito forte, uma ansiedade desmedida e tantos outros fatores que desnorteam qualquer pessoa.
Então começa a busca pelo emagrecimento, as dietas mais variadas que se pode imaginar, mas nenhuma delas parece surtir efeito. A coisa ficou mórbida, então o caso torna-se cirúrgico. A cirurgia é feita, uns não aguentam, morrem na mesa da cirurgia. Mas, felizmente, outros sobrevivem e começa a readaptação a nova vida, aos novos hábitos alimentares. Pouco a pouco, consegue-se emagrecer e se acostumar a todas as peculiaridades que lhes foi imposta pela vida. Esse é o exemplo do caso feliz. Em outros o indíviduo que sofre de obesidade não tem a sorte de fazer uma cirurgia, enfim. Morrem por algum problema cardíaco, entre outros, já acarretados pela gordura em excesso.
Outras são vitimidas por transtornos alimentares: a anoxeria e a bulimia. Dois transtornos que não são apenas alimentares, também são psicólogico. A discussão para se saber qual é a causa para tantas jovens e até mulheres de certa idade se deixarem levar por essas duas doenças. Será a mídia? Será um transtorno psicólogico apenas, sem nenhuma influência externa? Serão as pressões do trabalho, dos amigos, do namorado? Será a distorção, a falta de amor próprio para consigo mesma?
É fato que a mídia mostra, a mídia induz, cria tendências e inventa moda. Sem dúvida, de uma forma ou outra, isso nos balança. E, para quem tem uma mentalidade mais vulnerável, já sofre por pressões psicólogicas tanto internas como externamente, é óbvio que isso não poderá resultar em algum benéfico.
Começa, então, a obsessão por uma beleza, por uma perfeição estética. Umas param de comer, outras comem compulsivamente, mas expelem vomitando ou usando laxantes. Se acham muito mais gordas do que de fato são. Tem uma imagem distorcida delas mesmo. Querem ficar como a tal modelo, a tal atriz. Há culotes, estrias e uma verdade bolsinha ao redor de suas barrigas, segundo a visão delas. E tudo isso pode começar com um leve comentário: "Nossa, como você está gorda, fulano (a). O que está acontecendo com você?"
Sinceramente, quem bem soubesse não faria esses comentários, de cara, inofensivos, mas só quem os recebe é que de fato sabe o que surtiu em si, em seus pensamentos, ao ouvi-los.
Ninguém sabe como o outro está se sentindo, para, de uma hora para outra, jogar na cara dele a sua opinião, muitas vezes chocante para quem receberá. Ninguém sabe se o outro já não está sofrendo com as próprias pressões, com o trabalho que exige demais dele, com os amigos que a todo momento fazem piada das suas gordurinhas e ainda vem um estranho, ou no máximo um colega, e resolve fazer tal comentário. Ah! Acho que é desnecessário.
Tudo bem, se o excesso de peso do tal amigo/colega/conhecido se tornar algo que cause mal para ele, em termos de saúde e bem-estar, tudo bem, mas temos que ter tato ao falar, temos que sondar o interlocutor, para que não o machuquemos ao invés de ajudá-lo.
Portanto, acho que se houvesse uma melhor condição de vida em nosso país, se nós podéssemos ter uma boa alimentação, todos, independente de classe social, muitos casos de desnutrição seriam eliminados. Nos casos que não são causados por uma má alimentação, um acompanhamento médico, uma orientação por esses profissionais ajudaria extremamente na prevenção ou recuperação da pessoa desnutrida.
No caso da obesidade, poderíamos ter uma reeducação alimentar, todos, para que pudéssemos ter uma vida mais saudável e, portanto, mais livre de excessos. Porém, nos casos que diz respeito à genética, só um maior auxílio médico, exames, tratamentos para que o obeso pudesse ser encaminhado a um processo de emagrecimento, para uma melhora da saúde dele e, também, da autoestima.
No casos dos transtornos alimentares seguidos dos psicólogicos, o ideal seria eliminar esse culto exarcebado a perfeição de corpos, a uma beleza baseada em um corpo excessivamente magro e tudo o mais. Todos temos nosso estereotipo. Uns são magros, outros são baixos, gordinhos, mas somos todos seres humanos com sonhos e metas, porém não podemos esquecer nunca de que nossa meta é sempre a saúde, a uma mente e corpo saudáveis.
Levando em conta tudo isso, devemos nos amar e nos cuidar, sim, mas com consciência e sanidade. Vendo se é necessário tudo o que se está fazendo, se é saudável os caminhos por onde se está trilhando.
Atentemos para as opiniões e críticas, analisemos com cuidado para que não sejamos tragados por algo falso e sem fundamento.
Tenhamos um corpo e mente, verdadeiramente, saudáveis.

(Erica Ferro)

Entre o riso e o pranto

em quarta-feira, outubro 28, 2009
Como a maioria dos homens, vivo entre o riso e o pranto. Entre a grama enluarada e os cimentos quentes, insípidos, insensíveis. Entre o sonho e o pesadelo. Entre o riso e o pranto, vivo as manhãs com todas as cores da alvorada e as tristezas do crepúsculo. Sou riso na profusão do luar e tempestade de prantos nas noites escuras.

Sou riso quando sou presente. Sou pranto quando viro saudades. Vivo, como todos os homens, no limite da felicidade e da tristeza. Ando pela beira dos abismos quando sou passado. Viajo num floco jaspeado de nuvens quando sou eternidade.

Sou pranto jorrado quando me seca a fonte da fé. Sou mar calmo quando recebo sinais de anjos dourados. Sou vida quando sou amor. Sou dor incurável quando sou solidão.

Vivo como a maioria da humanidade, sou braço forte quando sou enseada, sou coração náufrago quando sou oceano revolto. Sou a pele macia da calma quando sou esperança. Sou espinho que risca a carne quando é miragem o amanhã. Sou pássaro de plumagem celeste quando sou vento que canta. Sou ave faminta quando a convicção vacila, se acaba e viro ilha, que oscila indiferente entre a explosão da onda e a árvore que desaba.

Sou como a maioria dos homens. Sou farsa quando tento enganar o coração. Sou luz ardente quando confesso a alma. Sou hipocrisia quando digo que sou dor curada. Sou santo quando confesso minha fraqueza. Vivo, como a maioria, na corda bamba da vida. Sou norte quando sou maré cheia, sou barco sem rumo quando sou maré vazante.

Sou campeador audaz no meio da tarde, sou terra caída no meio da noite. Sou como a maioria dos homens. Sou a mentira de todas as promessas quando digo que entendo dos segredos divinos. Dos mistérios da vida. Sou visão distorcida, quando preciso enxergar muito além do olhar.

Sou como todos os homens comuns. Sou alegria quando sou face acariciando beijos. Sou tristeza quando o tempo me engana com suas tentativas inúteis de ser borracha infalível. Sou festa de varar a manhã quando a alma renovada tatua suas paredes com o renascer de uma esperança. Sou o maior dos erros quando meus lábios não cantam orações.

Sou como todos os homens felizes, quando estendo minha mão para atender mãos que pedem. Sou olhos brilhantes quando alimento de esperanças olhares suplicantes. Sou vida que prossegue, passos que aceleram, quando liberto estômagos escravos da fome. Sou a cor da alvorada, sou a estrada dos arco-íris, sou gente, sou o caminho das estrelas quando sou a piedade pública que anima uma criança indigente.

Sou como todos os pais que perderam um filho, quando tiro meus pensamentos do ventre da terra, quando saio do mundo rés ao chão e contemplo a vida que passa na liberdade dos pássaros, quando abraço minhas filhas, felizes, encantadas, vibrantes. Sou vida que não cessa quando sou a coragem de enfrentar as artimanhas do destino, as emboscadas dos dias.

Sou definitivamente a verdade do riso, o avesso do pranto, quando sou a fé que voltou, nos cabelos de um anjo, como pingos de sol, como gotas das chuvas. Sou vida, sou infinito, quando miro os céus que me cobrem de bênçãos, de coragem, que acenam que o amanhã sempre será o renascer de uma nova vida. Por enquanto sou saudade que não finda.

(Noélio A. de Mello)



Navegando na internet, me deparei com essa belíssima crônica de um jornalista do Pará. Não o conhecia, nunca tinha escutado falar dele, infelizmente.
Ele escreve coisas lindas e profundas - essa crônica é apenas uma das belíssimas que ele escreveu. Li duas e me encantei com seu modo tão belo e poético de escrever. Virei fã. Essa, em particular, me revela em boa parte. A verdade é essa mesmo: vivemos entre a linha do sorrir e do chorar, pendendo para lá e para cá.

Espero que apreciem a crônica, que se emocionem e, claro, se identifiquem.



Postado por Erica Ferro

Por onde?

em terça-feira, outubro 27, 2009
Me pego pensando no caminho. O caminho que me fez chegar até aqui.
Vejo a minha frente duas estradas... E me pergunto: será que elas nunca poderão se unir? Por que não viram uma única rua? Ahn... Se essa rua, se essa rua fosse minha...
Me olho, olho adiante. Afinal, qual escolher? Solidão? Felicidade? Dinheiro? Conhecimento? Vida? Futuro?
Me acalmo... Espere. Futuro. Talvez eu deva me deixar levar pra ver onde isso tudo vai dar.
Mas isso tudo, o que?
Eu preciso escolher, e logo. Gostaria de ter todo tempo do mundo. Me sinto tão jovem... E tão feliz enquanto posso ver esses dois caminhos e não preciso, ainda, avançar por nenhum deles.
Será, afinal, que não posso te encontrar no final de um dos caminhos? Será que preciso, para continuar contigo, seguir com você pelo outro caminho? Outro caminho...
Gostaria de poder pegar atalhos. No meio de qualquer uma das estradas, mudar de ideia...
Mas minha mãe já me ensinou que atalhos só atrapalham. Preciso vencer etapas, barreiras.
Me diga: qual caminho seguir? Mente ou coração?
Ai ai... Isso torna tudo tão mais complicado... Tudo tão... tão... confuso.
Escolhas estão fora de foco agora. Iremos juntos pra onde pudermos ir juntos. E sabemos bem qual o nosso destino. Pra depois de enquanto eu respirar, lembra?
Sinto saudade já... Se o caminho for o errado, sentirei saudade. Não faz mais sentido sem você aqui. E também não faz mais sentido continuar pensando nisso.
Letícia Christmann


"Pra falar verdade, as vezes minto
Tentando ser metade do inteiro que eu sinto
Pra dizer as vezes que as vezes não digo
Sou capaz de fazer da minha briga meu abrigo
Tanto faz não satisfaz o que preciso
Além do mais, quem busca nunca é indeciso...
Eu busquei quem sou;
Você, pra mim, mostrou
Que eu não sou sozinha nesse mundo!"
(Cuida de mim, O Teatro Mágico)



Ps. Erica querida, desculpe pela ausência! Prometo voltar mais e mais agora... Essa época de vestibular está me deixando maluuuca!

O vento sopra lá fora...

em segunda-feira, outubro 26, 2009
O vento sopra lá fora
Faz-me mais sozinho, e agora
Porque não choro, ele chora

É um som abstracto e fundo
Vem do fim vago do mundo
Seu sentido é ser profundo

Diz-me que nada há em tudo
Que a virtude não é escudo
E que o melhor é ser mudo

(Fernando Pessoa)



Postado por Erica Ferro

Comamos sem afobação!

em sexta-feira, outubro 23, 2009
Olho em volta, vejo meninas de seis, sete, oito anos vestidas em mini-saias, maquiagem adulta e jeitinho de mocinha, "namoram" com algum menininho do colégio, até selinho dão. As mães acham uma graça. No dia do aniversário, preferem CD's de seus artistas pop's favoritos, ou até mesmo mp(e seus muito números) a bonecas e acessórios infantis. Se intitulam moças, e não meninas, crianças. Querem ser levadas a sério, querem ter voz e vez. Estão certas ao quererem ser ouvidas e respeitadas, mas erradas em querer crescer e se portar como pessoas adultas antes da hora.
Cada fase de nossa vida deve ser vivida com prazer e calma, degustando todos os sabores, se deliciando com todos os aromas e aprendendo, claro, com todas as coisas vividas.
É triste ver crianças vidradas em um computador, jogando e se comunicando com seus amiguinhos por ele, ao invés de estarem, verdadeiramente, próximas umas das outras, brincando pessoalmente, se deixando contagiar pelo riso sincero do outro e rindo também. Mas não, a tecnologia é tão cômoda, tão tentadora, tudo ao alcance das mãos, de um clique. Por que ir a casa do coleguinha, se eu posso 'falar' com ele agora mesmo? Por que ir a casa do coleguinha brincar, se podemos jogar coisas maneiras e iradíssimas pelo computador? Comodidade e tentação.
Bonecas? Não, não. Querem mesmo joguinhos online, onde podem modificar aquelas lindas e perfeitas bonecas, maquiar, testar roupas e dar uma de estilista.
Pular amarelinha? Ah, não. Dá preguiça, melhor procurar um joguinho virtual, que dá no mesmo, quase.
E os meninos brincam de carrinho ainda? É, empurrando e fazendo aqueles sons "vrum, vrum!"?
Que nada! O negócio é videogame, jogos de corrida, aqueles bem alucinantes. Tem até uns que tem perseguição policial! São fantásticos, gritam os pequenos.
E os jovens, então? Como é que estão? Curtem flertar, trocar bilhetinhos e cartinhas de amor?
Que nada! O negócio é ficar mesmo, chegar na mina e dizer: "Já é ou já era?!".
Bilhetinhos e cartinhas de amor? Tá de brincadeira, né? O negócio é depoimentos no orkut, facebook e todas essas redes sociais.
É a modernidade, é a tecnologia, é a mídia, é a facilidade e a tentação transformando as pessoas.
Aliás, as pessoas se deixam transformar. Ninguém muda sem autorização. Se mudou, se se deixou influenciar, é porque quis, porque se identificou, enfim.
No caso, das crianças, bem... os responsáveis deveriam educá-los e incentivá-los a aproveitar a sua fase infantil, a desde cedo ensinar a criança a ser criança. Sim, sempre mostrar que o bom da vida é viver, ou seja, aproveitar cada momento com intensidade, mas com calma; curtindo cada momento. Dando presentes infantis, nada de querer que a criança seja um pré-adolescente. Ora, é uma criança. Criança de cara limpa, sem maquiagens vulgares, roupinhas moderninhas e extravagantes demais para uma criança vestir.
Coisa linda é ver uma criança brincando no parque, com vestidinho rosa, lacinho no cabelo, sorriso estampado no rosto ao ver o colega divertindo-se também.
Ao meu ver, não podemos deixar a inocência se perder, pois, ainda mais na criança, ela deve ser atemporal.
Jovens, ah... os jovens. Mal sabem que, quando forem adultas ou até mesmo idosos, irão se arrepender de terem antecipado responsabilidades ou terem pensado em antecipar.
Antecipam suas vidas sexuais, engravidam, abortam sonhos quando não abortam filhos. São imaturos, não sabem conciliar as coisas, não sabem o que fazer quando as coisas apertam. Veja bem, não quero generalizar, mas jovens que querem pular a fase juvenil, de fato não são maduros, não tem noção do quanto fazem mal a eles próprios. Falo deles, desse tipo de jovem.
Há, claro, aqueles que têm o hábito de refletir, de medir as consequências e, o principal, curtem a fase da juventude, pois sabem que é passageira e que é única.
É preciso não deixar que os valores sejam deturpados, que a inocência seja esquecida, que os sonhos morram por um passo mal dado, por um impulso rumo ao precipício devido ao avanço tecnológicos e a mídia, que nos enche os olhos com toda a modernidade e superficialidade.
Que vivamos com paciência e passemos essa ideologia aos pequenos e a todos que conhecemos.
Que comamos a vida pedacinho por pedacinho, degustando e desvendando os sabores, apreciando os aromas. Como mineirinhos, comamos pelas beiradas, para não nos queimarmos, para não nos superlotarmos, para aproveitarmos, enfim, o nosso prato principal: a vida.

(Erica Ferro)

Visão de Clarice Lispector

em terça-feira, outubro 20, 2009
Clarice,
veio de um mistério, partiu para outro.

Ficamos sem saber a essência do mistério.
Ou o mistério não era essencial,
era Clarice viajando nele.

Era Clarice bulindo no fundo mais fundo,
onde a palavra parece encontrar
sua razão de ser, e retratar o homem.

O que Clarice disse, o que Clarice
viveu por nós em forma de história
em forma de sonho de história
em forma de sonho de sonho de história
(no meio havia uma barata
ou um anjo?)
não sabemos repetir nem inventar.
São coisas, são jóias particulares de Clarice
que usamos de empréstimo, ela dona de tudo.

Clarice não foi um lugar-comum,
carteira de identidade, retrato.
De Chirico a pintou? Pois sim.

O mais puro retrato de Clarice
só se pode encontrá-lo atrás da nuvem
que o avião cortou, não se percebe mais.

De Clarice guardamos gestos. Gestos,
tentativas de Clarice sair de Clarice
para ser igual a nós todos
em cortesia, cuidados, providências.
Clarice não saiu, mesmo sorrindo.
Dentro dela
o que havia de salões, escadarias,
tetos fosforescentes, longas estepes,
zimbórios, pontes do Recife em bruma envoltas,
formava um país, o país onde Clarice
vivia, só e ardente, construindo fábulas.

Não podíamos reter Clarice em nosso chão
salpicado de compromissos. Os papéis,
os cumprimentos falavam em agora,
edições, possíveis coquetéis
à beira do abismo.
Levitando acima do abismo Clarice riscava
um sulco rubro e cinza no ar e fascinava.

Fascinava-nos, apenas.
Deixamos para compreendê-la mais tarde.
Mais tarde, um dia... saberemos amar Clarice.

(Carlos Drummond de Andrade)



Eu, particularmente, me vejo nas linhas e nas entrelinhas da Clarice Lispector. É como eu sempre digo: Clarice e eu teríamos sinto ótimas amigas se tivéssemos vivido na mesma época.

Postado por Erica Ferro

Evaporar...

em sábado, outubro 17, 2009

Tempo a gente tem
Quanto a gente dá
Corre o que correr
Custa o que custar

Tempo a gente dá
Quanto a gente tem
Custa o que correr
Corre o que custar

O tempo que eu perdi
Só agora eu sei
Aprender a dar
Foi o que ganhei

E ando ainda atrás
Desse tempo ter
Pude não correr
Dele me encontrar

Ahh não se mexeu
Beija-flor no ar

O rio fica lá
A água é que correu
Chega na maré
Ele vira mar

Como se morrer
Fosse desaguar
Derramar no céu
Se purificar

Ahh deixa pra trás
Sais e minerais, evaporar!

(Evaporar - Los hermanos)

•••

Postado por Erica Ferro

Ter vida é uma desculpa para ser feliz...

em sexta-feira, outubro 16, 2009
Dizem que felicidade não existe. Outros dizem que é algo intocável, inalcançável. E, também, há alguns que defendem a ideia de que a felicidade pode ser comprada, conquistada por um montante de dinheiro.
Não concordo com nenhuma dessas teorias. Nos meus momentos tristes e de desolação, até cheguei a acreditar que não existisse felicidade e o que existia, de fato, eram momentos felizes. Porém, certo dia, num lapso de revelação e puro encontro comigo mesma, pude perceber que a felicidade existe, sim. Ela está sempre comigo, dentro de mim, ao meu lado, ao meu redor.

Felicidade não tem nada a ver com complexidade. Ela é tão simples quanto um mais um são dois. Basta que queiramos entendê-la. E eu, hoje, posso dizer que a entendo, que a descobri.
É clichê, mas a felicidade está nas pequenas coisas: no voar e no cantar dos pássaros, no beijo que o beija-flor dá na flor, na formiga que trabalha para que não lhe falte nada no inverno, no acreditar nos sonhos em meio a descrença alheia. Felicidade está em acreditar. Acreditar que ela estará sempre com você até mesmo quando você chorar.
Mas só? - Alguém me interroga -. E aquelas pessoas que passam fome nas ruas, não têm onde dormir, o que vestir, como se manter? Como são felizes? Conseguem ser felizes com o pouco ou quase nada que têm?
Não é mais feliz aquele que tem uma mansão, vários carros, empregados e tudo o que quiser em suas mãos?

Seria hipocrisia minha dizer que depende? Seria burrice dizer que luxo não traz felicidade?
Não tenho medo de errar, de estar parecendo tola em dizer que depende do que se carrega no coração, do que se tem em mente, do que se acredita.
Se não se tem metas, se não se tem sonhos, se se é vazio e fraco, vulnerável, dependente de bens materiais e luxuosos para se sentir bem e feliz, dinheiro não trará a felicidade. Virará um cadeia, coisa inacabável, um busca incessante por uma felicidade que não se obterá através desse meio que se está usando. Enquanto o dito pobre pode mudar a situação, pode dar a volta por cima. É difícil, é, porém quando temos vontade, quando lutamos contra as adversidades, fazemos do improvável o provável com todo o nosso ser, as coisas podem mudar.
O que precisamos para entender a felicidade é nos encontrar, descobrir para que viemos, o que queremos e o que faremos de nossas vidas.
Quem tem sonhos, é feliz, pois tem motivação para acordar e lutar. Sonhar me faz feliz.
E mais feliz ficará o sonhador que conquistar o que sempre sonhou. A felicidade não tem limites. É uma constante, algo sem fim. Portanto o que estamos esperando para sermos felizes? Ganharmos na megasena, sermos os novos presidentes do Brasil, conseguirmos aquele emprego com um salário quase milionário? Besteira! Bobagem!
A felicidade é gratuita, acredite. Falo daquela felicidade singela e que mal se nota no corre-corre diário, mas que é a eterna, a mais pura que há, a que estará a nossa espera a qualquer momento doloroso, a qualquer momento de desespero. A felicidade que estará diante dos seus olhos quando você se propuser a enxergá-la, a abraçá-la, enfim, a encontrá-la.
O que me faz feliz é poder ver as pessoas que eu amo bem e saudáveis. O que me faz feliz é poder correr, andar e viver. Poder sonhar e lutar, poder falar e cantar, mesmo com meu modo desafinado. Quem se importa? Estou sendo feliz, estou me permitindo sentir a felicidade fazer cócegas em mim.
Me faz feliz um riso de um bebê, que é algo tão verdadeiro e puro. Me faz feliz poder vencer em competições de natação, pois, principalmente, venço a mim mesma, as minhas marcas anteriores. Minha meta é evoluir e crescer sempre. Crescer como atleta e como ser humano me faz feliz.
- Mas, Erica, você não gosta de coisas materiais, luxos e etc.?
É claro que eu gosto. Quem não gosta? Todo mundo gosta, porém eu sei diferenciar o supérfluo do essencial, o transitório do eterno. As coisas materiais podem ser lindas, maravilhosas, até esplêndidas, mas um dia acabam, se modernizam e ficará apenas a lembrança do que era e quem nos deu.
E quem nos deu é quem realmente importa. Presente de mãe, de pai, de irmão, de amigo, de namorado acaba, é verdade, porém a recordação sempre ficará. E quem será sempre lembrado? Quem nos deu o presente.
Por que demoramos tanto para entender que a felicidade consiste em viver?
Porém viver, de fato. Há alguns que acreditam estarem vivendo, entretanto há muito já morreram.
Viver é sinônimo de luta, de risos, de crença, de querer ser mais do que é, não por questão de ambição maligna, mas sim por uma questão de satisfação e preenchimento da alma.
Viver é se encontrar, é amar, é querer, é conquistar.
Ter vida é uma desculpa para ser feliz.

Ah, antes que eu me esqueça: também me faz feliz ganhar no PostIt.

(Erica Ferro)

Hoje eu vou inventar o anti-telejornal...♫

em quinta-feira, outubro 15, 2009
Sem farsa, conchavo, sem guerra
Sem malta, corja ou trapaça
A vida é um drible ágil
Entre as pernas da desgraça
Hoje eu vou inventar
O anti-telejornal
Pra passar só o que é belo
Pra passar o essencial

(Trecho da música Anti-telejornal, Skank)



Postado por Erica Ferro

Como você se vê?

em sexta-feira, outubro 09, 2009
Será que nos enxergamos como, de fato, somos? Do que nos alimentamos?
Como anda seu ego, calmo ou absurdamente inflado? Do que ele é alimentado?

Ego é a maneira como nos vemos. Até aí nenhum problema. O problema pode estar na nossa maneira de nos enxergar. 
Vemos nossos defeitos? Vemos-nos como serem falhos e predestinados a uma eterna evolução? 

Temos consciência de nossa dependência mútua? 
Não somos o centro do mundo, nunca seremos.
Somos, sim, autores de nossa história, responsáveis pelo desenrolar do nosso destino, donos de nossas escolhas, mas não centros do universo.
Não somos perfeitos, não somos superiores a ninguém, não podemos exigir perfeição de nenhuma pessoa, pois não somos perfeitos. Não nos convém alimentar o nosso ego com superficialidades, obrigando aos outros que sejam cumpridas todas as nossas vontades nas horas que nos apetecer. 
Temos que aprender a esperar, a entender que tudo tem sua hora e por quê.

Alimente seu ego com bons alimentos - os bons sentimentos. Ame-se, enxergue o que tem de bom, só não esqueça de que tem defeitos e que pode consertá-los e, assim, evoluir como ser humano. 
Não esqueça, também, de que você precisa de alguém. Portanto, cuide bem de sua visão. Não distorça-se e nem distorça os outros.

                                                                                                                            (Erica Ferro)


Poema do 'P'

em
Peste perniciosa provocou-me
Presunçosa paixão
Pressinto presídio
Portanto, peno
Pois passional pareço-me

Príncipe, projetei-te periastro
Porém projetou-me padecente

Paro paixão
Para, paixão!

Peno, peno, peno...

Príncipe, prometo-te paixão perpétua
Personifico-me prosa poética
Pois prematuramente por paixão pereci

(Erica Ferro)

Encontro...

em quinta-feira, outubro 08, 2009
Encontro - Maria Gadú

Sai de si
Vem curar teu mal
Te transbordo em som
Põe juizo em mim
Teu olhar me tirou daqui
Ampliou meu ser
Quero um pouco mais
Não tudo
Pra gente não perder a graça no escuro
No fundo
Pode ser até pouquinho
Sendo só pra mim sim

Olhe só
Como a noite cresce em glória
E a distância traz
Nosso amanhecer
Deixa estar que o que for pra ser vigora
Eu sou tão feliz
Vamos dividir

Os sonhos
Que podem transformar o rumo da história
Vem logo
Que o tempo voa como eu
Quando penso em você

Olhe só
Como a noite cresce em glória
E a distância traz
Nosso amanhcer
Deixa estar que o que for pra ser vigora
Eu sou tão feliz
Vamos dividir

Os sonhos
Que podem transformar o rumo da história
Vem logo
Que o tempo voa como eu
Quando penso em você



Postado por Erica Ferro

Alguns pensamentos...

em sábado, outubro 03, 2009
"Ainda assim, a última memória triste paira e, às vezes, deixa-se levar como neblina flutuante, interceptando a luz do sol e enregelando a lembrança de tempos mais felizes. Houve alegrias grandes demais para ser descritas com palavras e houve dores sobre as quias não ousei alongar-me; e com isso em mente, digo: escale se quiser, mas lembre que coragem e força são nada sem prudência e que uma negligência momentânea pode destruir a felicidade de uma vida inteira. Não faça nada as pressas; olhe bem para cada passo; e, desde o começo, pense o que poderá ser o fim." - Edward Whynper, Escaladas Entre os Alpes.
"Ele tinha razão ao dizer que a única felicidade certa na vida é viver para os outros...
Passei por muita coisa na vida e agora penso que encontrei o que é necessário para a felicidade. Uma vida tranquila e isolada no campo, com a possibilidade de ser útil à gente para quem é fácil fazer o bem e que não está acostumada que o façam; depois trabalhar em algo que se espera tenha alguma utilidade; depois descanso, natureza, livros, música, amor pelo próximo - essa é a minha ideia de felicidade. E depois, no topo de tudo isso, você como companheira, e filhos talvez. - o que mais pode o coração de um homem desejar?" - Tolstoi, Felicidade Familiar.
"Mas pouco sabemos até experimentarmos o quanto de incontrolável há em nós, instando-nos a atravessar geleiras e torrentes e subir alturas perigosas, por mais que o juízo nos proíba." - John Muir, As Montanhas da Califórnia.
"Mais que amor, dinheiro e fame, dai-me a verdade. Sentei-me a uma mesa em que a comida era fina, os vinhos abundantes e o serviço impecável, mas faltavam sinceridade e verdade e fui-me embora do recinto inóspito, sentindo fome. A hospitalidade era fria como os sorvetes." - Henry David Thoreau, A vida nos Bosques.
"No fim das contas, talvez o mau hábito dos gênios criativos de investir-se em extremos patológicos que produzam insights notáveis, mas isso acaba não proporcionando nenhum modo de vida duradouro para aqueles que não conseguem traduzir suas feridas psíquicas em arte ou pensamentos expressivos." - Theodore Roszak, Em busca do Miraculoso.
"Nenhum homem jamais seguiu sua índole a ponto de extraviá-lo. Embora o resultado fosse fraqueza física, ainda assim talvez ninguém pudesse dizer que as consequencias eram lamentáveis, já que representariam a vida em conformidade com princípios mais elevados. Se o dia e a noite são de tal forma que vós os saudais om alegria, se a vida emite uma fragância de flores e ervas aromáticas e se torna mais elástica, mais cintilante e mais mortal - eia aí o vosso
êxito. A natureza inteira é vossa congratulação e tendes motivos terrenos para bendizer-vos. Os maiores lucros e valores estão ainda mais longe de ser apreciados. Chegamos facilmente a duvidar de que existam. Logo os esquecemos. Constituem, entretanto, a realidade mais elevada. [...] A verdadeira colheita de meu dia-a-dia é algo tão intangível e tão indescritível quanto os matizes da aurora e do crepúsculo. O que tenho na mão é um pouco da poeira das estrelas e um fragmento do arco-íris." - Henry David Thoreau, A Vida nos Bosques.
Fragmentos que acompanham o livro "Na Natureza Selvagem", de Jon Krakauer. Simplesmente deslumbrante.
Recomendo o filme (com o mesmo nome) e o livro.
Postado por Letícia Christmann

Descomplica!

em
Banda - Móveis Coloniais de Acaju
Música - Descomplica
Tira o céu da nuvem, vejo algodão
Um vão sem ter buraco, vira chão
Deixa de ser

Muro sem cimento, sobra sedimento
Mesmo sem palavra, mudo fala
Deixa de ser

Cá pra nós, não é preciso complicar para dizer

Seja lá onde for
Deixa o sol te levar
Tira o ar do lugar vem pra cá

Sem ter luz ou luar
Siga o brilho que for
Te guiar só pra cá, meu amor

Simples movimento tiro o ar do vento
Evento sem retrato, esquecimento
Deixa de ser

Põe lembrança na saudade, vira idade
Cinto sem maldade, castidade
Deixa de ser
Postado por Letícia Christmann

O essencial dinheiro não compra, não!

em sexta-feira, outubro 02, 2009
Qual é o poder de compra do dinheiro? Ele compra felicidade? Compra amizade?
Há quem acredite que dinheiro compra absolutamente tudo, que que tem dinheiro, é feliz e não tem problemas, não tem do que se queixar. Engano.
Dinheiro não tem o poder de comprar tudo o que há nesse mundo. O poder dele, sinto dizer, é limitado ao que pode se diz respeito a plenitude do que é se sentir feliz e realizado.
Aquelas belas notas e com valores cada vez mais altos podem, com certeza, nos proporcionar momentos alegres e, até, inesquecíveis - mas esses momentos de nada adiantam se não se é feliz, se a própria alma está despedaçada e descontente, se não se pode compartilhar desses momentos com pessoas que nós amamos e que nos amem verdadeiramente também.
Tantos ricos, por assim dizer, são vazios e buscam em coisas inúteis a satisfação e um pouco de alegria para os seus corações.
Compram prazer - prazer falso, "profissional". Não há verdade, não há sentimento, é o poder do dinheiro.
É poder, mesmo? Não há poder nisso, é só ilusão, enganação. Ao invés de investir em coisas válidas, para o bem geral, que, consequentemente, trará um bem à quem o fizer, uma satisfação para a alma que nunca se perderá.

"Quando um homem diz: 'O dinheiro compra tudo', a coisa fica clara - ele não tem dinheiro." (Ed Howe)

Frase verdadeiríssima.
Quantas vezes vimos pessoas riquíssimas morrerem de males incuráveis, mas tendo tanto dinheiro?
Claro, o dinheiro ajudou a combater a doença e tudo o mais, mas não foi possível a cura.
Dinheiro não compra saúde, não compra amor, não compra sabedoria, não compra felicidade, não compra amigos de verdade.
Dinheiro compra pessoas fracas e inescrupulosas, luxos e prazeres passageiros (e bota passageiros nisso!).
Vemos praticamente a todo o tempo os "poderosos" se safarem de punições por calarem a boca da justiça com um montante de dinheiro. Mas, veja bem, eles não compram a justiça. Eles usam de leviandade, compram pessoas igualmente levianas, que são tidas como "justas".
Jamais compraram a justiça, jamais!
O fato é que as pessoas se deixaram contaminar pela ambição. Ambicionam serem ricas, terem tudo o que querem: desde carro importado à diamantes nos dedos, pescoços e em todos os lugares possíveis do corpo. Querem dinheiro para se exibirem, ou não. Muitas vezes se tratam de pessoas vazias e sem sabedoria. Acham que, quando tiverem dinheiro, serão completas e poderão comprar e, consequentemente, ter o que quiserem graças ao dinheiro.
Então, se corrompem, são a ambição em pessoa, chegam aonde queriam: são riquíssimas.
O "poder" está nas mãos delas. Então, as tais pessoas descobrem que o que é, verdadeiramente, que dinheiro não compra tudo, que elas ainda permanecem vazias, que precisam se encontrar e entender qual é esse vazio. Entendem que o indispensável para serem felizes e completas valor monetário nenhum pode comprar.
Portanto, não se iludam, não digam: "Quando eu for uma pessoa rica, serei feliz e completa."
Entenda, de uma vez por todas, que felicidade não se compra, se tem gratuitamente conosco mesmos - entendendo-nos, encontrando-nos com nós mesmos -, com quem amamos, com os deleites naturais - um pôr-do-sol na praia, o canto dos pássaros, um abraço sincero.
Reafirmo: as coisas indispensáveis, que acarinham as nossas almas e nos fazem as pessoas mais completas e felizes, não tem preço!

(Erica Ferro)
 
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