Dia da poesia - Gabriel Possamai

em sexta-feira, março 15, 2013

Dia da poesia
Gabriel Possamai

Que dia é hoje
Se não o dia da poesia
O dia onde amantes literários
Saem dos armários
Com suas produções
Proveniente de seus corações
O dia onde o garoto apaixonado
Denota o seu atual estado
Fazendo juras de amor eternas
À sua garota, musa fraterna
Dia em que amantes da natureza
Enchem o pulmão e gritam: “Oh, mas que beleza!”
E realçam a beleza de um beija-flor
Que paira no ar
Em busca do néctar da natureza
Mas, é uma pena
Que tal dia de suma importância
Tenha uma relevância
Tão ínfima, tão pequena
Importante apenas
Em rodas literárias
Para pseudo-intelectuais
Que, entusiasticamente debatem
Sobre quem foi melhor
Pessoa, Neruda, Quintana, ou Bandeira
Mas, eu
Não endeuso mais uma garota
Não canto mais a beleza
Da mãe-terra, da natureza
Não falo mais sobre os problemas
De um mundo conturbado
Cheio de dilemas
Todo perturbado
Nem homenageio os grandes
Que belezuras inesquecíveis escreveram.
E que inspiram os jovens sonhadores
A serem tão bons contadores
De mentiras, como dizia o Fernando
Não, eu não
Ao invés disso
Faço um poema
Por motivos tão esdrúxulos
Tão egoisticamente recriminados
Por que desperdiço tamanho talento?
Ora, quem liga hoje
Para o trabalho do poeta
Cantei o amor para meus amores
Cantei o repúdio para os meus inimigos
Cantei as belezas da natureza
Escrevi, relatei, denunciei, instiguei
Mas, de nada tal trabalho adiantou
Como um louco que fala sozinho pelas ruas
Meus amores não me querem
Minhas musas me abandonam
Meus inimigos governam
Oprimindo e explorando o meu povo
Ó, o meu povo
Humanos mesquinhos
Egoístas, falsos
Mas, possuidores, de um tão
Bom e grande coração
Esse povo que canta a beleza das ruas
Que me faz ainda ter esperanças
De que um dia nos levantaremos
E nos rebelaremos
Mas, é assim o trabalho do poeta
Como de um pintor, Van Gogh
Jamais valorizado em vida
Entrou para a eternidade
Com os quadros mais belos
Caros e feitos com esmero
Eis o trabalho, de hoje do poeta
Permanecer cantando
Como um trovador solitário
Fazer a chama
Que, fraca, ainda lume
Continuar acesa
Para toda a eternidade
Ou, ao menos, para tornar
A escuridão que há de nos engolir
Mais suportável
Por isso, por agora suplico
Ó, poetas do mundo
Não calais jamais a vossa arte
Pois o mundo precisa de nós
Não só por apenas um dia
Mas para retratar a beleza
De uma vida inteira
E que seja possível
Que os que ainda virão
Leiam isso, leiam aquilo
E pensem, e digam:
“Oh, mas como era bobo
Aquele, aquele jovem poeta
Estudante das leis
Que desperdiçou todo seu potencial
Vivendo uma vida não condizente
Com o seu verdadeiro potencial
De retratar um mundo triste, doente
Mas como eram belos
Aqueles porcos versos
Que ele fazia
Em poucos minutos
Para dedicar
A uma amiga
A qual, tem ele
Uma imensa admiração
E, viver sem ela
É o mesmo que viver sem ser são”
É assim que me despeço!
Feliz dia da poesia!
Aos amantes literários
Aos que querem mudar
O mundo que aí fora está
A todos os seres, entes
Merecedores ou não
De ler tantos versos toscos
Que pretendiam retratar
O magnânimo trabalho
Do desconhecido poeta
Que dedicou a sua vida
A abrir os olhos
Dos cegos do castelo
Enfim, feliz dia da poesia!
(Não façam poesias
Façam amor,
Que é bem mais reconfortante
Do que fazer um trabalho estonteante
Sem jamais ser reconhecido
Pelos versos escritos,
Pelo mundo imaginado)

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Ontem foi o dia nacional da poesia. E, ah, a poesia! Que coisa linda que é poesia! Que encanto que são os poetas! Quão maravilhoso é ler versos intensos, extremamente sinceros ou demasiadamente imaginários. Eu não sei poetizar, mas tenho alma de poeta. Sinto muito, sinto tanto, que às vezes preciso escrever uns versos também, tortos, mas ainda versos, e meus, que é o principal. Esses não são meus. Esses versos muito belos e muito bem colocados foram escritos por Gabriel Possamai Boneto, um cara de um humor um tanto ácido, de ideias e ideais bem definidos e louváveis, mas, sobretudo, com uma alma muito bonita. Porque todo poeta tem uma alma bonita. Ou, ao menos, é assim que vejo.
Dia de poesia foi ontem, é hoje e é sempre.
Poetizemos, pois!
Postado por Erica Ferro

Etaa!

em quarta-feira, março 06, 2013
Foi um copo de rum. Um copo de caipirinha. Algumas cervejas. Algo com vodka batizado de "Amnésia". Máscaras e chapéus. Ursos, vídeo-games, mexicanos, bobos da corte, aniversários, Coringa do Batman... Tinha de tudo. E estava tudo meio devagar. A música, ruim. Muito, muito ruim. Um samba que não dava pra ouvir o batuque. Um samba que o vocalista não conseguia cantar "a amizaaaade, nem mesmo a força do tempo irá destruir." Muita gente também, um calor insuportável. Amigos queridos em volta. Histórias adormecidas aparecendo hora com chapéu de princesa, com laço, hora com alguma maquiagem no rosto que, depois do suor, já estava indecifrável para entender o que um dia significara. Cerveja, gelada, quente... Maldita devassa! A companhia pelo menos era boa, os sorrisos verdadeiros. Se perguntava ainda porque diabos insistia em estar ali. É, senhor quarto ano de faculdade, bem vinda a última semana do bixo. Bixo? Por toda parte! De saia, pelado, fantasiado, virando estrelinha e claro... Tropeçando em você! Semana do bixo não é semana do bixo sem um pisão daqueles bem dados no dedão. E a rodinha também, sempre vira corredor. Tudo estava devagar, mas girava. Os presentes se divertiam de tal forma que o riso era gostoso, apesar de embriagado. E dançando para tentar suportar o grupo de samba realmente ruim, a verdadeira libertação. O chão deixa de ser o limite e passa a ser o palco. Mais uma cerveja. O banheiro, um nojo: obrigada Unesp por me ensinar a fazer xixi em pé! Cerveja quente, mas que pecado desperdiçar. A marchinha de carnaval começa a tocar: finalmente algo bom! "A pipa do vovô não sobe mais..." (não mesmo, será?). Pensamentos aleatórios. Gente dançando e girando e dançando e girando. Ai, que tontura! Hora de ir embora. Não, mais uma cerveja, agora presente. Mais alguns goles. Tudo meio sem cor, com cor demais. Ora ora, quarto ano e bebinha? Não tem vergonha não? Ainda não aprendeu que não pode misturar. Ok, hora de ir embora, deitar na cama e rezar para acordar a tempo de ir na reunião. Puta, tem reunião amanhã! Céus... São 6 quarteirões, 4 horas da manhã. Que caminho longo. Por que estou andando em ziguezague? Uma verdadeira luta conseguir abrir o portão. O mundo gira quando deito. Gira, gira, gira que agarro a cama com medo de cair. Vou virar pro outro lado para me sentir melhor. Má ideia. O vômito certo, pena que foi no lixo do quarto... Não daria tempo para chegar ao banheiro. Ai, que dor de cabeça. Acho que passou um furacão por esse quarto. O cabelo grudado na cara, com o sol entrando pela janela, que calor, que frio, que tontura, que mal estar, que enjoo. Não consigo levantar. O mundo está sem cor, e o mundo gira como um disco voador. Nunca, nunca mais vou beber assim. Ahn tá, promessas de ressaca. Por favor fígado, volte ao normal, vai ficar tudo bem. Puta que pariu! Hoje tem reunião.Coca, muitos litros de coca cola. Consigo parar em pé, sem ver o mundo girar, até com alguma cor. Aquele sol escaldante de Franca pós meio dia, sair na rua é virar torrada, e que mal estar!  Puta que pariu, que ressaca filha da puta!

Letícia Christmann
 
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