Eu hoje tive um pesadelo,

em domingo, junho 24, 2012


Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou consolo..
Hoje eu acordei com medo, mas não chorei.
Nem reclamei abrigo.
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro.
Senti um abraço forte, já não era medo.
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás...
Ney Matrogrosso - Poema

Mais uma daquelas músicas que, 
por hoje,
 falam por mim...
Postado por Letícia Christmann



A bicicleta

em sábado, junho 02, 2012

Andava devagar pela avenida. Ouvia o rangido da corrente da bicicleta, precisava passar alguma graxa ali, mas era apenas uma constatação inútil. A brisa batia levemente no rosto, o Sol estava se pondo, algumas folhas caíam das árvores, tornando o espetáculo ainda mais bonito. Resolveu comprar um suco, destes que juntam laranja, maracujá e abacaxi e fica bom, e sentou em algum banco, a fim de observar o espetáculo.Sentia-se sozinha, a escuridão crescente trazia consigo o frio da noite, e então notou que a bicicleta não tinha os adesivos luminosos. Era perigoso voltar pra casa assim, depois do escurecer. O suco, no fim, parecia mais ácido, áspero, inconsumível.
A noite trazia consigo aquele frio na barriga, aquela necessidade de um abraço forte, das mãos dadas, dos olhares presos um no outro. Enfim, aquilo que o coração pede e que só um outro corpo pode oferecer.
Olhou novamente a bicicleta: precisava fazer uma revisão, urgente. Graxa, adesivos luminosos... Quem sabe trocar os pneus, dar uma arrumadinha no pedal, ou até trocar a cor... Os adesivos de borboletas já estavam meio desbotados, a cor, antes um preto brilhante, fosco. Até os freios estavam desgastados, que perigo!
Percebeu a si própria... Cada mudança na bicicleta deveria ser espelhada numa mudança de si mesma. Renovar, reinventar... 
(R)Evolução!

Letícia Christmann

 
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