Canto choroso

em domingo, agosto 29, 2010
Me ouvem?
Hoje o meu canto é triste porque o meu moço
partiu assim, tão abruptamente, sem sorriso
de despedidas, sem nada, nadinha.

O meu moço foi e levou tudo o que eu tinha:
eu só tinha ele.

Será que o moço ouve meu canto choroso?
Moço, eu te tive tão sem querer, tão suavemente,

tão secretamente, que você partiu sem saber
que era meu, e era meu pra sempre.

Não sei onde você se escondeu.
Você se escondeu?
Não sei, eu não sei de mais nada.
Só sei que meu maior desejo, meu maior sonho,
minha única obsessão no momento é encontrar
você e dizer: "moço, você é meu... Não percebeu?".
Não posso me enganar. O meu moço não me ouve.


Ah! Hoje minha canção é tristinha.
Eu não quero mesmo que vocês escutem.
Vocês chorariam.
E eu não sou tão egoísta de querer ver vocês tristes
comigo, compartilhando da minha dor.
Na verdade, eu quero essa dor, eu quero lidar
com ela.
Quero saber matá-la, mas eu espero matá-la
com um beijo dele, o do moço dos meus sonhos.
Um beijo do moço das minhas loucuras, das minhas
agonias.
O moço que é toda a minha alegria.
O moço que é meu, mas não sabe.
E eu espero que não morra sem saber.
Aliás, quem morrerá serei eu, senão conseguir
dizer-lhe isso logo.
A dor é grande.
E eu continuo cantando.
Cantando e chorando...

(Erica Ferro)

* * *

Hoje tô no clima de inventar
estórias.
Já inventei estória no Sacudindo Palavras.
Agora resolvo devanear por aqui.
Há muito que não sinto essa dor intensa
de paixão sofrida, castigada e unilateral.
No meu coração, as coisas estão calmas,
tranquilas e, hoje, sei amar sem afobação,
sem muitas ilusões.
Amo sem procurar motivos.
Amo porque amor, seja lá como for,
nos torna melhor.
Colore a vida.

Hasta la vista, muchachos!
=*

Pedaço de mim

em sábado, agosto 28, 2010
Adoro um drama
Pois sou atriz
Vivo me arriscando, dando piruetas pela vida
E só escapo por um triz

Me apetece viver na corda bamba
Inventando poesia
Tocando samba
Mergulhando em fantasia

Sou menina-moleque, que paga pra ver
Que deve e não paga
Que pensa que é o que poderia ser

(Erica Ferro)

* * *

*Quanto tempo, meu povo!
Finalmente postei algo por aqui.
As palavras têm me fugido. Ou eu tenho fugido delas?
Não sei, mas agora entendo que eu só preciso
parar e escrever.
É isso que eu farei.
Não vou me afastar tanto daqui.
Hasta la vista!
@ericona.


Meu Tributo à Vida

em sexta-feira, agosto 27, 2010

Estou vivo, por isso, penduro bandeirolas para alegrar meu dia. Estou vivo, por isso, visto a fantasia de poeta e tento compor meu hino.


Sento-me no trono do imperador e soberanamente decreto que todo dia, de agora em diante, será feriado. Estou vivo, por isso, organizo o maior de todos os banquetes; e tratarei os próximos 365 dias como se fossem os dias do meu aniversário.


O que amo na vida? O imponderável; dançar na beira de abismos; tentar cruzar despenhadeiros em corda bamba; esperar o tiro de canhão na largada da maratona e não saber como vou terminá-la.


Adoro desconhecer as notícias que o telefone trará quando se intrometer em meu sono. Como é fascinante sentir um medinho infundado antes de receber os exames do laboratório. Já sinto borboletas voando na minha barriga só de pensar quando este medinho se transformar no Grande Pavor.


Creio que lutarei com bravura quando precisar enfrentar a Dama da Foice que vai tentar me seqüestrar em seu bornal, rumo ao improvável horizonte.
Como é bom poder dizer que cada dia é suficiente em seu próprio mal, e não fugir de acordar a cada alvorada, mesmo sabendo que naquela manhã poderei renascer das cinzas, como naufragar em problemas.


O que amo na vida? Gente. Gosto de admirar a diversidade humana - tanto dos que me rodeiam como de quem nunca verei o rosto, admiro pecadores e santos.

(...)

(Ricardo Gondim)

Karol Coelho

É só o início do texto. Tem mais. Só que esse trecho é muito pra mim. rs
Assim que estou me sentindo hoje, meu aniversário.
"Tratarei os próximo 365 dias como se fossem o dia do meu aniversário."
Beeeijos.

Algum dia

em quarta-feira, agosto 25, 2010
Os olhos estão pesados. Os braços estão descordenados. Sabia, era apenas mais uma decepção. Mais uma entre as várias que já teve. Não dormia bem há alguns dias. Aquela angústia consumia. Uma vontade constante de chorar. Uma força descomunal para se controlar. Surpreendeu-se percebendo o quanto as coisas não eram como deveriam ser. Ele gostava, gostava sim. Mas não sabia como demonstrar. Era um gostar diferente. Um gostar possessivo. Não suportava isso. Pediu desculpas e foi dormir sozinha naquela noite. Os olhos, pesados. Os braços, abraçando-a agora. No fim, nada faz muita diferença. Todo fim é um recomeço, já dizia alguém. Mas já estava exausta de recomeçar.

"Se você quer que eu feche os olhos pra alguém que foi viver algum dia lá fora. E, nesse dia, meu mundo acabar, só vou ligar pra aquilo que eu não fiz.".
(Capital Inicial - Algum Dia)
Letícia Christmann

Aos Meus Heróis

em segunda-feira, agosto 23, 2010
Faz muito tempo que eu não escrevo nada,
Acho que foi porque a TV ficou ligada
Me esqueci que devo achar uma saída
E usar palavras pra mudar a sua vida.
Quero fazer uma canção mais delicada,
Sem criticar, sem agredir, sem dar pancada,
Mas não consigo concordar com esse sistema
E quero abrir sua cabeça pro meu tema
Que fique claro, a juventude não tem culpa.
É o eletronic fundindo a sua cuca.
Eu também gosto de dançar o pancadão,
Mas é saudável te dar outra opção.
Os meus heróis estão calados nessa hora,
Pois já fizeram e escreveram a sua história.
Devagarinho vou achando meu espaço
E não me esqueço das riquezas do passado.
Eu quero “a benção” de Vinícius de Morais,
O Belchior cantando “como nossos pais”,
E “se eu quiser falar com...” Gil sobre o Flamengo,
“O que será” que o nosso Chico tá escrevendo.
To com saudades de Jobim com seu piano,
Do Fábio Jr. Com seus “20 e poucos anos”.
Se o Renato teve seu “tempo perdido”,
O Rei Roberto “outra vez” o mais querido.
A “agonia” do Oswaldo Montenegro
Ao ver que a porta já não tem mais nem segredos.
Ter tido a “sorte” de escutar o Taiguara
E “Madalena” de Ivan Lins, beleza rara.
Ver a “morena tropicana” do Alceu,
Marisa Monte me dizendo ”beija eu"
Beija eu, Beija eu Deixa que eu seja eu
Beija eu, beija eu deixa que eu seja eu
O Zé Rodrix em sua “casa no campo”
Levou Geraldo pra cantar no “dia branco”.
No “chão de giz” do Zé Ramalho eu escrevi
Pedir ao Beto um novo “sol de primavera”,
Ver o Toquinho retocando a “aquarela”,
Cantando ao lado da rainha Elis Regina.
O Djavan mostrando a cor do “oceano”.
Vou “caminhando e cantando” com o Vandré
E a outra vida, Gonzaguinha, “o que é?”
Atenção DJ faça a sua parte,
Não copie os outros, seja mais “smart”.
Na rádio ou na pista mude a seqüência,
Mexa com as pessoas e com a consciência.
Se você não toca letra inteligente
Fica dominada, limitada a mente.
Faça refletir DJ, não se esqueça,
Mexa o popozão, mas também a cabeça.
Karol Coelho
Faz teeeempo que não posto, né?
Tenho tido muita inspiração, mas não consigo expirar nada. rs
Ouvi essa música, até então desconhecida por mim,
na voz do Chay Suele, participante do "Ídolos 2010".
Muito boa a música e o menino também é bom!
Dá uma escutada aqui.
Eu prometo postar algo meu em breve, viu?
As coisas estão corridas, mas não vou deixar a pressa me consumir.
Ósculos e amplexos a todos.

Crônica na Pedra

em terça-feira, agosto 17, 2010
O golpe foi de surpresa, impiedoso. A sirene não funcionou. A cidade se contorceu como um epilético, pendeu, quase tombou. Era um domingo, nove horas da manhã. Pela primeira vez em sua longa vida, a venerável cidade, mil vezes alvejada por catapultas, pedras, canhões, aríetes de ferro, nesse domingo de outubro por volta do meio do século foi golpeada dos céus. Os alicerces esquartejados gemeram como cegos com a dor do abalo. Milhares de janelas horrorizadas estilhaçaram num grito os seus vidros.
Depois do estrondo infernal, o mundo como que ensurdeceu. A cidade abalada fitava o céu aberto, que parecia pedir desculpas por sua neutralidade. Pelo céu passavam agora três pequenas cruzes cor de prata, que vinham de abalar de alto a baixo toda aquela massa de pedra.
Sessenta e duas pessoas morreram no bombardeio. A velha vivida Neslihan foi achada entre os escombros, coberta até a cintura de pedras, vigas e cacos de telhas. Ela não compreendia o que ocorrera. Agitava no ar os longos braços e gritava: "Quem me matou?". Tinha cento e vinte e dois anos. Era cega.
(Ismail Kadaré em Crônica na Pedra)

Ps. O livro é de um autor albanês, e vai contando a vida de uma cidade da Albânia, segundo ele, esquecida pelo mundo (exceto pelos bombardeios), no período da Segunda Guerra Mundial até a Guerra dos Bãlcãs. Não terminei de ler ainda, mas já me encantei pela narrativa. Recomendo. É o mesmo autor de Abril Despedaçado.

Postado por Letícia Christmann

Faz parte

em segunda-feira, agosto 09, 2010
Apenas sorriu quando acordou. O celular vibrava loucamente ao lado apontando 06:42.
O sonho foi bom, sentia o gosto do beijo, o cheiro do perfume.
Lembrava, ao acordar, minimamente do sorriso, do olhar, do que sentia ao abraçá-lo.
Olhou em volta e lembrou de onde estava.
Fechou os olhos e respirou fundo. Com o caminho do ar, percebeu o breu que se abriu novamente dentro dela. A saudade. Um abismo escuro, estranho, profundo.
O rosto, momentaneamente, se fechou, e sentiu uma lágrima escorrer e molhar o travesseiro.
Respirou fundo, vezes e mais vezes, até se reestabilizar.
Não queria se levantar, não queria se mexer, não queria perder a sensação que teve quando abriu os olhos. Aquele calor do amor que não sentia há muito.
Não conseguiu recuperar a sensação mágica, o frio no estômago.
Olhou no relógio do celular, 06:43.
Estranhou o embrulho de sentimentos que teve em apenas 1 minuto. 1 minuto.
Levantou-se, foi ao banheiro e lavou o rosto. Se olhou no espelho e se reconheceu. Era a mesma confusão de sentimentos de sempre. Todos os sentidos aflorados e, por fim, ela, apenas ela. O mesmo rosto de sempre no espelho.


"Devolva-me o que você levou...
Leve-me contigo:
Perca-se comigo..."
(Faz parte - Engenheiros do Hawaii)
Letícia Christmann

Da Luz

em terça-feira, agosto 03, 2010
(Inspirado em Insetos Interiores - O Teatro Mágico)
São muitos
Eles cercam por todos os lados
Voando, rastejando, zumbizando.
Chegam assim, rapidamente
Desenfreados, sem saber a direção, apressados
Simplesmente rápidos
Batem, debatem, rebatem
A lâmpada cheia
Bichinhos da luz
Que de tanto bater
Acabam no chão
Mortos.
Ei, bichinhos
Vocês deviam ter aprendido
Já que mamãe já dizia...
A pressa é inimiga da perfeição
E vocês sabiam já
Que não se chega na luz com tanta facilidade,
Nem pela força...
Com jeitinho, devagarzinho.
Letícia Christmann

Não é o prédio que tá caindo...

em domingo, agosto 01, 2010

Prédio - Apanhador Só

Não é o prédio que tá caindo,
são as nuvens que tão passando.

Não sou eu que não tô sorrindo,
é teu olho que, lacrimejando...
É a tua sorte que não tá fluindo,
é o teu norte que tá variando.
Não é o prédio que tá caindo.

Não é o prédio que tá caindo,
são as nuvens que tão passando.

Não sou eu que tô confundindo,
é confundindo que eu vou te explicando.
Te explicando é que não faz sentido,
sentido é o pára que te papapá!

Manobrando premissas sem ver
Que o prédio não tá caindo
Vem, que as nuvens não tão passando

Não sou eu que não tô curtindo,
é teu coro que, desafinando...
Teu compasso que, diminuindo...
É tua mira que tá mosqueando.

Não é o prédio que tá caindo,
São as nuvens que tão passando.
E o meu vô continua vivo.

* * *





* * *

*Bela música, bela banda e uma intenção: viciar vocês em Apanhador Só.
Vão, pesquisem sobre eles, por mais músicas. Baixem todo o cd deles. Vale muito a pena.
Qualquer outra hora apareço e devaneio por aqui. Certo?


Postado por Erica Ferro
 
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