Até o fim

em quarta-feira, abril 28, 2010

Até O Fim - Engenheiros do Hawaii

Não vim até aqui
Pra desistir agora
Entendo você
Se você quiser ir embora
Não vai ser a primeira vez
Nas últimas 24 horas
Mas eu não vim até aqui
Pra desistir agora

Minhas raízes estão no ar
Minha casa é qualquer lugar
Se depender de mim
Eu vou até o fim
Voando sem instrumentos
Ao sabor do vento
Se depender de mim
Eu vou até o fim

Eu não vim até aqui
Pra desistir agora
Entendo você
Se você quiser
Ir embora
Não vai ser a primeira vez
Em menos de 24 horas

A ilha não se curva
Noite adentro
Vida afora
Toda a vida
O dia inteiro
Não seria exagero
Se depender de mim
Eu vou até o fim

Cada célula
Todo fio de cabelo
Falando assim
Parece exagero
Mas se depender de mim
Eu vou até fim

Não vim até aqui pra desistir agora
Não vim até aqui pra desistir agora







Postado por Erica Ferro

A Outra Metade

em
Um dia olhei nos olhos da minha outra metade e chorei.
Chorei por medo de perdê-la!
E a perdi.
Na verdade, a mandei embora.
Falta algo, falta tudo.
Tem muito vazio.
Tropeço em meus próprios passos.
E choro mais.
Principalmente agora,
que percebi desprezar minha outra metade.
Hoje, sou feita só de uma parte.
E o nome dela é saudade.
(Karol Coelho)

Combata os bancos de areia e troncos submersos

em segunda-feira, abril 26, 2010
“Caro Forrest,
Lamento não ter tido tempo de ver você antes de partir.
Os médicos decidiram de uma hora para outra, e antes que eu me desse conta, já estavam me levando, mas pedi para escrever esta carta, porque você foi muito gentil comigo.
Sinto, Forrest, que você está a um passo de alguma coisa muito importante em sua vida, alguma mudança ou evento que o levará em outra direção. Deve agarrar esse momento e não deixá-lo escapar. Quando penso nisso, recordo algo em seu olhar, uma certa chama que surge de vez em quando, em geral quando você sorri e, nessas ocasiões, que não são freqüentes, acredito ter visto quase uma gênese de nossa capacidade como seres humanos de pensar, de criar, de ser.
Esta guerra não é para você, companheiro — nem para mim — e já estou bem fora dela assim como estou certo de que você também ficará. A questão crucial é: o que fará? Não acho de jeito nenhum que seja um idiota. Talvez pelos testes ou julgamento de alguns tolos você se enquadre em uma categoria ou outra, mas lá no fundo, Forrest, eu percebi uma centelha vívida de curiosidade ardendo no fundo de sua mente. Aproveite a maré, amigo, e
enquanto estiver sendo levado, faça com que seja a seu favor, combata os bancos de areia e troncos submersos, e nunca ceda, nunca desista. Você é um cara bom, Forrest, e tem um grande coração.
Seu amigo,
Dan.”

(Trecho do livro "Forrest Gump, o contador de histórias")



Achei essa carta linda, meus caros devaneados! E esses trechos que eu destaquei foram os que mais me emocionaram; deixaram-me com lágrimas nos olhos. Indico "Forrest Gump, o contador de histórias"!

Postado por Erica Ferro

Coisas do Coração

em sexta-feira, abril 23, 2010
Raul Seixas

Quando o navio finalmente alcançar a terra
E o mastro da nossa bandeira se enterrar no chão
Eu vou poder pegar em sua mão
Falar de coisas que eu não disse ainda não

Coisas do coração!
Coisas do coração!

Quando a gente se tornar rima perfeita
E assim virarmos de repente uma palavra só
Igual a um nó que nunca se desfaz
Famintos um do outro como canibais

Paixão e nada mais!
Paixão e nada mais!

Somos a resposta exata do que a gente perguntou
Entregues num abraço que sufoca o próprio amor
Cada um de nós é o resultado da união
De duas mãos coladas numa mesma oração!

Coisas do coração!
Coisas do coração!

Toca Raul!!



Postado por Letícia Christmann

Com tudo

em quarta-feira, abril 21, 2010
Com olhares,
conquistou seu toque.

Com beijos,
enxugou suas lágrimas.

Com colo,
abrigou sua alma.

(Karol Coelho)

Divã

em segunda-feira, abril 19, 2010

"Sempre desprezei as coisas mornas, que não provocam nem paixão nem ódio, as coisas definidas como mais ou menos. Um filme mais ou menos, um livro mais ou menos, uma paixão mais ou menos, um romance mais ou menos. Tudo perda de tempo. Viver tem que ser perturbador e intensamente. É preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados e com eles seu orgulho, sua felicidade, sua raiva, seu asco, sua adoração ou simplesmente seu desprezo. O que não faz você mover um músculo, estremecer, suar, desatinar, abrir um sorriso, descabelar, não merece fazer parte de sua biografia."

"Aprender a conviver com o efêmero é uma das tarefas mais duras que a vida impõe. Se não iremos permanecer aqui na terra por muito tempo, é de se supor que nossos sentimentos, o brilho dos nossos olhos e nossas dúvidas atrozes também não irão existir pra sempre. Então, por que se preocupar com tudo isso, não é mesmo?
Mas eu não me acostumo com essa transitoriedade, mudanças me parecem atraentes e ao mesmo tempo assustadoras. Meu rosto se transforma, meus pensamentos me deixam perplexa e eu me pego asfaltando uma nova estrada pra mim, totalmente desfalcada de sinalização."

"A pergunta que mais faço é: por que não? Desde pequena, desde que tomei gosto pelo ato de respirar e me senti atraída pelos dias que estavam por vir, horas repletas de novidade, desde que eu despertei para a leitura e que passei a sentir o sabor das coisas de uma forma muito entusiasmada, desde que eu soube que podia pensar e que o pensamento era livre, que dentro do meu pensamento ninguém poderia me achar, desde que meus seios cresceram e eu descobri que pessoas tinham cheiro, desde lá até aqui eu me pergunto: porque não me oferecer para aquilo que não fui preparada? Eu tenho as armas de que necessito para me defender, e mesmo que eu perca, eu ganho, já perdi algumas vezes e sei como funciona a lei das compensações."

"Tudo se dramatiza diante dos meus olhos. Posso estar nua mas me sinto num vestido floreado de cores berrantes, porque eu mesma berro por dentro e deixo escorrer o rímel que não estou usando. Mexicana. Pulseiras baratas, gesticulações excessivas, novela de última. De repente, minha vida deixou de ser um poema."

*Frases retiradas do livro Divã, de Martha Medeiros.

* * *

Postado por Erica Ferro

Pra não dizer

em sexta-feira, abril 16, 2010
Pra não dizer que te amo:
Escuto em silêncio sua voz no meu ouvido,
Olho seus olhos e os memorizo,
Compartilho os meus sorrisos,
E te conto quando sonho contigo.
Pra não dizer que te amo:
Te deixo me ver dormindo,
Te faço meu melhor amigo,
Mostro a ti meus maiores conflitos,
Te imagino sonhando comigo.
Pra não dizer que te amo:
Te conto alguns segredos,
Em seus braços me preencho,
Em seu ser eu mergulho,
E nossos desejos realizo.

(Karol Coelho)

No fim...

em segunda-feira, abril 12, 2010
Por sorrisos, frases, abraços, beijos, amizade, compreensão;
Por aprender a se importar com o que realmente é preciso, procurar sempre entender;
Por deixar o ego de lado, compartilhar a vida e viver;
Por companheirismo na rotina, sorrir, brincar, deitar, rolar e deixar acontecer;
Por mim, por tentar ser feliz, por ter me entregado a você;
Por ter ouvido mais de uma vez "não é possível que você existe";
Por ter proporcionado risos, gargalhadas;
Por, com a pressa de duas crianças, termos dado um passo de cada vez;
Por lágrimas, despedidas;
Por morrer de saudades sem poder te ver, te tocar, te beijar;
Por querê-lo sempre por perto, e não poder te ter;
Por isso, por aquilo, por aquilo outro, e de novo, por mim e por você;
Mas, principalmente, por nós, por poder ter tido nós, e ainda poder ter;
E, essencialmente, por amor...
No fim, eu virei uma super heroína por você.

Letícia Christmann

Vício infernal

em sábado, abril 10, 2010
Tu, vício infernal, tirou-me a capacidade de fuga
presa a uma utopia dourada e pura fiquei
tragada por palavras castas, mas inventadas
Um puritanismo criado por tua mente fértil
uma fertilidade medida para me enlouquecer
para me fazer apaixonar e de morta me fazer

Arrancaste de mim a capacidade lógica, vício infernal
De inferno pintaste os meus dias
Meus pensamentos variam entre te encontrar e te raptar
Descobrir onde você se esconde e levá-lo para um passeio infindo

Vício infernal, motivo da minha ira,
motivo de alegria,
de agonia
Meu motivo de acordar todos os dias
com essa esperança demente de quem acredita
que pode tocar em nuvens

(Erica Ferro)

Ainda Me Lembro

em quarta-feira, abril 07, 2010
Do teu sorriso
Ainda me lembro
E quando o ver
Quero vê-lo contigo
Como sempre foi lindo

Eu o quero sempre assim
E não precisa ser pra mim
Sei o que mereço
E não é esse o meu desejo

Ainda me lembro
Pelo mesmo motivo:
Nada parece dar errado
Quando o mundo ganha o teu sorriso.

(Karol Coelho)

venha correndo

em domingo, abril 04, 2010
me sinto cansada
como se as dores do mundo tivessem caído em minha cabeça
me sinto cansada como um trabalhador rural
que passou o dia inteiro debaixo de um sol escaldante
machucando as mãos num trabalho bruto
pra garantir o pão pros filhos no fim do dia

mas eu não tenho filho
e nunca trabalhei
por que estou cansada?

o mundo me apertou
me quebrou os ossos
não posso me locomover
não posso sequer abrir os olhos
me vejo estagnada
ferida de morte
sem esperança de cura

eu só precisava te ver
ganhar um beijo doce
leve e capaz de tirar todo o fel que o mundo me implatou
no coração e na alma

eu só queria você
entenda isso e venha correndo

(Erica Ferro)

Sobre abraços de calda

em sábado, abril 03, 2010
(Foto retirada do Flickr)

Vanessa, uma mulher de 28, executiva de uma multinacional, mãe ausente de Joaquim, de 8 anos, digo ausente porque ela trabalhava quase que em tempo integral. Ela, numa tentativa de matar os gritos de sua saudade, se jogava de cabeça nos seus trabalhos, mal sobrava tempo para o pequeno Joaquim, que ficava sempre aos cuidados de babás e empregadas. O marido de Vanessa morreu misteriosamente, só se sabe que foi um assassinato, porém nunca descobriram o porquê. Uns desconfiam que pode ter sido em decorrência de seus secretos negócios, dos quais Vanessa nunca teve conhecimento.
Depois da morte de Joaquim, Vanessa não teve mais motivos para sorrir de modo sincero. Joaquim vivia amuado pelos cantos, com saudade do pai que nunca mais veria e da mãe que parecia não o ver. Ansiava por alguém que o amasse, que o escutasse e o acolhesse nas noites frias, em que a solidão lhe apertava o coração de modo tão forte e destruidor. Então pediu à mãe que lhe comprasse um animalzinho de estimação; quem sabe um cachorro ou um gato. Vanessa não permitiu, detestava animais de estimação; trauma de infância, quando um cachorro decidiu que iria morder sua canela num belo dia de sol; e, claro, pensava que só davam trabalho e tantas dificuldades. Pediu o menino que desistisse da ideia, que se ocupasse com videogames, computadores e qualquer coisa que pudesse sublimar a dor e a solidão que ele sentia. Pobre Joaquim! Ficou desolado, sua solidão e dor só aumentaram. Como a mãe podia negar-lhe amor e afeto, carinho e atenção e até um animalzinho, que poderia ser o brilho de seus olhos naqueles dias tristonhos?
Vanessa foi implacável e seu coração, mesmo com todas as investidas do filho, não amoleceu. Não lhe daria bichinho de estimação algum!
Assim, vendo a tristeza de Joaquim e a sobrecarga de trabalho de sua filha Vanessa, a avó, que gerenciava parte da empresa em que Vanessa trabalhava, resolveu lhe "forçar" a ter uns dias livres, em que pudessem ela e o filho viajar e curtirem uns momentos juntos; quem sabe poderiam se entender e estreitar laços que jamais deveriam estar afrouxados?
Então foram, mãe e filho passar uma semana de férias na cidade em que a avó do menino nascera.
Em meio a passeios, a conversas, a confissões da infância de Vanessa e da identificação com a própria infância de Joaquim, viram o quanto eram parecidos, viram o quanto poderiam ter parado um momento para dialogar e poder sentir que estavam de fato juntos e unidos nessa aventura chamada vida.
Vanessa se arrependeu tanto de ter vivido para o trabalho de forma quase que integral. Viu como o filho era doce, prestativo e que se comunicava muito bem. Por que não tinha momentos de diálogo com ele? Por que não perguntava como tinha sido seu dia? Ah! Que amargo arrependimento.
Joaquim, porém, pediu a mãe que não ficasse tão amargurada, e na sua doce inocência e pequena experiência, disse a mãe que o que tinha passado, tinha passado e não voltaria mais; mas que tinham muitos anos para aproveitarem a vida juntos, compartilhando de todos os momentos, dividindo as tristezas e multiplicando as alegrias que tivessem.
No último dia de férias, estavam passeando perto de um rio muito bonito e querido por toda a cidade. Avistaram uma menininha, vestida de forma humilde, parecia triste e à sua frente estava um cachorro, que olhava-a fixamente, com uns olhos mais leais que puderam ver na vida.
Mãe e filho se entreolharam, Vanessa disse:
- Sabe, filho, um cachorrinho é mesmo o melhor amigo do homem.
- Sério, mãe? Mas você nunca gostou de animais...
- Filho, eu sempre tive medo de cachorros e essas coisas. Tinha medo de levar uma mordida. - e deu uma risada gostosa. - Mas... Você não, sempre gostou, né?
- Aham, sempre.
- Filho, vendo essa cena tão linda, meu coração pede para que, assim que voltarmos, comprar um animalzinho pra você. Um cachorro!
- Ai, mãe, sério?! Que alegria!!
- Sim, filho, eu falo sério. Um cachorro nos ouve, nos entende, mesmo que não diga nada. Ele passa sua calda por nossa perna, nos dando alento no momento que é preciso. Ah, medo bobo o meu de ser mordida, né? As pessoas é que são perigosas, que nos mordem e nos ferem sem precisar usar os dentes.
- Mãe, sabia que eu te amo muito?
- Oh! Meu filho, eu também te amo muito, muito!

Quando voltaram para casa, Vanessa fez o combinado, comprou o cachorrinho, que se chamou Ted. Ted estreitou ainda mais o laço de amor e cumplicidade entre eles. Agora eram três, inseparáveis companheiros. Na dor, estavam juntos, choravam juntos, calados, numa compaixão mútua. Na alegria, vibravam, pulavam, Ted latia, os outros dois sorriam.
Um cão, um ser peludo, com um coração de ouro, alma nobre, que falava através de latidos, que expressava seu amor em abraços de "calda".

(Erica Ferro)

Você não me deixa...

em sexta-feira, abril 02, 2010
"Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa."

(Caio Fernando Abreu)

* * * * *

Ontem estava eu quase a postar esse fragmento de algum texto do Caio, que não sei qual é, mas não importa muito. Esse fragmento fala muito o que eu estou vivenciando no momento. Quando eu estava quase terminando a postagem, a energia faltou. Ê falta de sorte, hein? Mas enfim, está aí! Ah, e cada vez que eu leio algo do Caio, penso: Preciso ler um livro inteiro do Caio! Bom, espero que gostem do Caio tanto quanto eu!

Postado por Erica Ferro
 
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