Pense

em quinta-feira, julho 28, 2011
Quem é você?
Por que você é assim?
Por que você não é de outro jeito?
Você pode ser de outro jeito?
E por que você pode ser de outro jeito?
E por que não é de outro jeito?

Por que sim?
Por que não?
O que importa?
O que não importa?
O que te falta?
O que te sobra?

Pare
Pense
Repense
Pense novamente
Reveja os seus conceitos
Abandone seus pré-conceitos
Duvide dos seus medos
Cante e espante seus pesadelos
Mude de rota
Mude de roupa
Mude!
Transforme-se
Evolua

(Erica Ferro)

De uns tempos pra cá...

em sábado, julho 23, 2011
Vamo vamo, minha gente
stamo em tempo d'eleição
o rico enxerga o pobre,
dis adeos, apert'a mão.
-
Nos prometem bo'estrada
muita agua - chafariz
e os bobo cá da roça
acredit'o que elles diz.
-
Vamos tê cadea nova,
lampião pelas esquina
uma estrada de Guapor,
Lá pr'a provincia de Mina
-
A igreja nen se fala -
vai piá muito dinhêro
mais depois de dad'o voto
fica tudo no tintêro.
-
O caipira só tem carta
quando é tempo d'eleição
se o graúdo ve os pobre
dis adeos, apert'a mão.
-
Venha votá comigo,
qu'eu te dô cavalo bão,
e depois que tudo passa
o caipira é bão ladrão.
-
Inda há caipira bobo
qu'escuta as oração
e por causa d'isso tudo
eu não dô meu voto, não.

Manoel A. Galvão

Ps. Este texto foi vinculado no primeiro jornal de São Paulo,
que se chamou Almanach Litterario de São Paulo,
que circulou entre 1876 a 1885.
E aí, as coisas mudaram muito?

Postado por Letícia Christmann

Pra depois.

em quinta-feira, julho 14, 2011
Deixa, deixa pra depois.
Estamos no outono, e está na hora das coisas começarem a morrer, de fato.
Deixa, é bom tudo poder se renovar. Quero ver o verde mais vivo, o sangue mais vermelho.
Saiba então, é no outono que as coisas são permitidas a renascer, mas talvez seja a parte mais dolorosa, porque o que já perdurou tempo demais precisa morrer.
Entenda, estou me preparando para o inverno, que o tempo vai fechar e eu realmente vou saber o que é sentir falta de um céu azul, de um carinho, de um afago.
Fica tudo muito escuro, a neblina desce e não dissipa. Não há vinho que esquente.
O coração parece partido, e a companhia é mais que necessária. O inverno é sombrio, é a parte do ciclo que não faz questão do sol, mas cultua o abismo. A prece é por um pouco de calor.
Deixa, deixa o inverno passar, que atrás dele vem a primavera.
A estação das flores, do colorido, das brisas suaves, dos perfumes diversos.
É nela que encontrarei amores, reafirmarei amizades, desvendarei meu mundo.
Então, assim simples, as coisas renascem, o sol volta a aparecer, o sol brilha mais forte.
Depois da primavera, eu sei que vem o verão.
E bem, depois de tudo, do verão eu não sei o que esperar.
Deixa, deixa o verão pra mais tarde.

Letícia Christmann

Caos

em sábado, julho 09, 2011
Eu ando irritada. Caminhos errados, escolhas estranhas. A ponta da faca parece mais próxima do meu peito, me impedindo de respirar fundo e olhar o horizonte (que seja!) aliviada. Entrelaço meus dedos na taça, um gole depois do outro. A cor do vinho me atrai. Talvez represente o mesmo tipo de atração que minha sobrinha sente pela beterraba, com seu gosto adocicado. Não sou mais criança. Me interesso pelo vinho, pela conversa, pelo olhar.
Eu ando irritada. Percebo que não consigo formular um pensamento completo, não consigo articular as palavras, não consigo saber o que estou sentindo. Confusão. Caos. Por todo o lado, coisas desconstruindo-se, e o desconstruído há muito, reconstruindo-se, mais firme, mais forte. Como diria Neruda, "é tão curto o amor, e tão longo o esquecimento".
Eu ando irritada. De vez em quando, me sinto uma estrangeira. De certo, sou uma. Sem reconhecer nada em volta, sem fazer questão de me sentir em casa em lugar nenhum. Não me sinto, não finjo. E não fujo, apesar de me sentir uma fugitiva.
Eu ando acuada. Não sei direito o que fazer e, ainda, aquela faca espeta meu peito mas eu, sinto muito, preciso respirar fundo, deixar o ar inundar meus pulmões e o coração acelerar. O sangue escorre, há uma marca agora no meu peito, o coração está ali pra quem quiser ver.
Eu, agora, estou resolvida: já sei, a vida é hoje, é agora. E é com ou sem você.

Letícia Christmann


A um alguém

em domingo, julho 03, 2011
Está apenas na hora de fazer as coisas por você. Erga a cabeça e entenda de uma vez por todas: não seja um super herói pelos outros, e sim por você. É o momento em que não importa como as pessoas te olhem, como te julguem, o que elas pensam de você. Aja, reaja! Tome coragem, rapaz!
O caminho exige que você tropece, mas também que você levante. Olhe mais longe, enxergue mais perto. Sinta. Mostre os dentes. Chore. É realmente assim que é. Olhe em volta, você acha que nenhuma dessas pessoas passaram por algo que você está passando? Como elas continuaram? Como continuam? Como ainda podem sorrir?
Deixe para lá seu pseudo reinado da dor e pense. Seu olhar expressa muito mais as palavras que você não consegue dizer, o sentimento que não faz transparecer, a vontade de estar junto que não deixa inundar.
Entenda! Se você tivesse me olhando agora, perceberia a angústia no meu olhar. Percebe? Espero as suas palavras não ditas. E sabe tão bem quanto eu, um abraço e um afago resolveriam boa parte do nosso impasse.

Letícia Christmann
 
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