Esse devaneio angustiante...

em sábado, setembro 29, 2012

Faz muito tempo que eu me pego pensando o que me trouxe até aqui. Talvez porque veja o fim de uma fase importante, próximo... E cada coisa que faço me faz pensar: "É, pode ser que seja a última vez que isso aconteça".
Eu tenho medo das mudanças. Me lembro do primeiro ano nessa cidade, e como tudo era mais difícil. Cada sorriso, cada amizade construída... Ai, hoje as coisas mudaram tanto! Novos sorrisos, novas amizades. Tenho a necessidade de acreditar que algumas, ainda que poucas, delas durarão mais anos. Ainda assim, tenho medo.
Medo que tudo isso não passe de uma fase, e que quando esta acabar, construir tudo de novo. Amores são eternos (são sim!) e agora alguns de meus amigos são meus amores. Penso em tudo que já vivi por aqui... A queda de bicicleta, os choros sem fim de saudade de casa, o amadurecimento que vem ao morar longe longe longe, desentupir caixa de gordura (ai, esse episódio foi nojentamente memorável), tomar banho de mangueira com 3 chuveiros queimados, o fim de semana sem geladeira, as roupas manchadas de sabão em pó, linda máquina de lavar, depois de um tempo com tanquinho, os novos amores, os amores antigos, as festas e bebedeiras, os bares de sexta feira de noite (com batata frita e queijo, por favor), as noites varadas antes das provas... Mas o mais impressionante é que, depois de todo esse tempo, em me sinto em casa.


Me sinto, realmente, onde deveria estar. Com amigos que consegui estar, aqueles que me apoiam, me fazem sentir bem.
Mas, há outro mundo que eu deixei para trás quando fiz a opção de estar aqui por inteiro. E esse mundo, eu também sinto falta. Minhas referências, meus amigos mais íntimos, aqueles que não me conhecem apenas por essa fase, mas por inteiro.


Me pego pensando que esta fase vai acabar, e não sei se infelizmente ou felizmente. Mas mesmo antes do seu fim, eu já sinto falta, saudade, vontade de voltar. Ai que confusão!
Essa divisão entre o que eu fui, o que eu sou... e o agora, o que vou ser?
Pois é, último ano de faculdade... Você está se aproximando, o desemprego batendo na porta, e a instabilidade reinante... O batuque nos pensamentos do: o que fazer agora? Voltar, ficar, tentar projetos... O que será, que será?


E, mais uma vez, são apenas pensamentos devaneantes... Mas, esse devaneio, ultimamente, está angustiante.

Letícia Christmann


More of love

em quarta-feira, setembro 26, 2012
Moço, hoje me bateu uma vontade enorme de ir à praia, sabe? Ver o pôr-do-sol, as ondas, ver os seus olhos cor-de-mel sob um sol da cor de seus cabelos. Eu gosto de você. Você sabe, não sabe? E faz tempo que você sabe. Pode dizer, eu já me acostumei à ideia de o meu amor não ser mais secreto. Mas a quem eu queria enganar? Eu nunca fui boa em esconder coisa alguma. Principalmente amor. Eu não sei, mas há em mim um descontrole, algo que me denuncia a cada coisa que eu digo e faço. Antes, quando você se aproximava de mim, eu perdia as palavras. Eu sei, eu sei, isso parece mais do mesmo, mais um textinho bobo, mais um textinho meloso-romântico. Mas era o que acontecia. Eu ficava nervosa, eu tremia, eu pensava: "O que eu digo pra ele? Eu queria dizer tantas coisas, mas por que diacho eu não consigo dizer nada?". E então a oportunidade passava, eu nunca conseguia me aproximar de você, coisa que eu queria tanto. Mas acho que isso mudou um pouco. Você ainda causa um efeito desconcertante sobre mim, eu não vou negar, mas agora já consigo elaborar frases com sentido quando estou falando com você. E isso é bom. Eu gosto de conversar com você, de estar perto de você. Você me faz bem, sabe? Nunca se afaste de mim. Fica perto de mim, sei lá, pra sempre. Ou pelo máximo de tempo que for possível. Ah, não sei como tudo isso começou. Sei que hoje, agora, eu estou encrencadamente apaixonada por você. Que loucura, não? E o que é que eu faço com isso, meu amor? Ai... mas será que você lê as coisas que escrevo pra você? Dê um sinal. Você lê? Porque, meu amor, todos os meus poemas são pra você. Cada linha de amor que escrevo é sobre você. É que você vive constantemente em minha mente. Sei, isso soa clichê. Mas que se dane, é assim com todos apaixonados. Por que você tinha que ser assim, tão desgraçadamente apaixonante? Você não poderia ter um olhar menos arrebatador, um sorriso menos encantador e uma voz menos doce? Sério, a culpa é sua. Se eu sou apaixonada por você, a culpa é exclusivamente sua. E eu odeio você por isso. Então, depois de te odiar um pouco, eu te amo mais. E pronto, todo o meu coração é amor. Amor por você. E todas essas linhas formam um texto de amor miseravelmente ridículo. Mas, quer saber? Não me importo. Tudo que importa é que eu amo você. É, não há mais como fingir pra mim mesma. Eu amo você. Muito. Mesmo.
 
Erica Ferro

Triste fim

em quarta-feira, setembro 19, 2012
Pedro e João, dois melhores amigos de todo o mundo desde os tempos pueris. Tiveram uma infância feliz e plena, jogaram muita bola e fizeram muita traquinagem pela vizinhaça. Pedro e João cresceram, tornaram-se homens bonitos e com personalidades notáveis. A amizade dos dois permaneceu inabalável, até que apareceu uma tal de Maria em suas vidas, para implantar o caos. Pedro e João se apaixonaram por Maria e de amigos viraram os maiores inimigos do mundo. Pedro desejava Maria com uma força quase selvagem, João era perdidamente encantado por Maria. Maria era uma filha da mãe, sabia do poder que exercia sobre os dois e adorava brincar com o sentimento de ambos, atiçando, sem decidir com qual ficar. Se bem que, justiça seja feita, ela gostava de arrastar uma asinha maior para o lado de João, o que deixava Pedro louco da vida. Não teve jeito: Pedro e João passarão a se odiar e a brigar pelo amor e atenção de Maria. E chegou um determinado dia que Maria teve que se decidir. Ela escolheu João. Pedro penou, chorou, se descabelou e praguejou. Fez até promessa: de nunca mais acreditar em amizade e de nunca mais amar. Viveu o resto de sua amargurado e assombrado pela amizade perdida e pelo amor nunca conquistado. Triste fim, o de Pedro.

Erica Ferro

Sem interrogações.

em quarta-feira, setembro 05, 2012
Foi um soco na boca do estômago, e a deixou sem ar.
A mente se revirava procurando explicações (plausíveis e inimagináveis) para o que acabara de ver, mas a vida é mesmo uma reviravolta de perguntas, quase sempre sem resposta, ou então com a resposta que não se está preparado para encontrar.
Instantaneamente os olhos encheram-se de lágrimas, as mãos começaram a suar. Passou a pensar em um banho frio para relaxar, um edredon para se enrolar e um bom livro para ler (sempre a melhor companhia!).
Colocou os fones de ouvido, depois da cena indesejável, e viu o mundo continuar rodando enquanto tentava juntar os pedaços de um coração partido. O bom, de quando o coração se parte, é que alguns caquinhos nunca mais voltam a se encaixar. Tudo bem, ficam algumas imperfeições e cicatrizes no que antes era liso e infinitamente saltitante, mas as vezes faz bem lembrar da dor.
Ao chegar em casa notou que a solidão novamente a abraçava, e desapegar é sempre complicado. Guardou fotos, aliança, cartas românticas, presentes de casal bobo. Escondidos no fundo do armário, naquele setor do "eu nunca mais vou usar, mas tenho aqui guardado".
Já dizia Neruda:
"É tão curto o amor, e tão longo o esquecimento."
Mas passa, sempre passa. E essa dor um dia não vai mais significar nada além de saudade do que poderia ter sido, e não do que foi. Mas, peraí, qual é a que dói mais?
Sabe, já cansei de me fazer perguntas para tentar viver melhor.

Letícia Christmann

em terça-feira, setembro 04, 2012

Já escrevi canções que nunca foram cantadas
E sonhei poesias que não foram escritas
Reparei em belezas descartadas
Com meu sorriso amarelo
E meu caminho discreto
Chorei amigos perdidos
E dancei para os meus inimigos

Sei que a vida é breve

E até que eu me desperte
Decidi que a mágoa não pode ter lugar
E o tempo? Parei de esperar
Pois, maior (infinitamente maior) é o meu desejo de amar

(Karol Coelho)


 
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