Foi um copo de rum. Um copo de caipirinha. Algumas cervejas. Algo com vodka batizado de "Amnésia". Máscaras e chapéus. Ursos, vídeo-games, mexicanos, bobos da corte, aniversários, Coringa do Batman... Tinha de tudo. E estava tudo meio devagar. A música, ruim. Muito, muito ruim. Um samba que não dava pra ouvir o batuque. Um samba que o vocalista não conseguia cantar "a amizaaaade, nem mesmo a força do tempo irá destruir." Muita gente também, um calor insuportável. Amigos queridos em volta. Histórias adormecidas aparecendo hora com chapéu de princesa, com laço, hora com alguma maquiagem no rosto que, depois do suor, já estava indecifrável para entender o que um dia significara. Cerveja, gelada, quente... Maldita devassa! A companhia pelo menos era boa, os sorrisos verdadeiros. Se perguntava ainda porque diabos insistia em estar ali. É, senhor quarto ano de faculdade, bem vinda a última semana do bixo. Bixo? Por toda parte! De saia, pelado, fantasiado, virando estrelinha e claro... Tropeçando em você! Semana do bixo não é semana do bixo sem um pisão daqueles bem dados no dedão. E a rodinha também, sempre vira corredor. Tudo estava devagar, mas girava. Os presentes se divertiam de tal forma que o riso era gostoso, apesar de embriagado. E dançando para tentar suportar o grupo de samba realmente ruim, a verdadeira libertação. O chão deixa de ser o limite e passa a ser o palco. Mais uma cerveja. O banheiro, um nojo: obrigada Unesp por me ensinar a fazer xixi em pé! Cerveja quente, mas que pecado desperdiçar. A marchinha de carnaval começa a tocar: finalmente algo bom! "A pipa do vovô não sobe mais..." (não mesmo, será?). Pensamentos aleatórios. Gente dançando e girando e dançando e girando. Ai, que tontura! Hora de ir embora. Não, mais uma cerveja, agora presente. Mais alguns goles. Tudo meio sem cor, com cor demais. Ora ora, quarto ano e bebinha? Não tem vergonha não? Ainda não aprendeu que não pode misturar. Ok, hora de ir embora, deitar na cama e rezar para acordar a tempo de ir na reunião. Puta, tem reunião amanhã! Céus... São 6 quarteirões, 4 horas da manhã. Que caminho longo. Por que estou andando em ziguezague? Uma verdadeira luta conseguir abrir o portão. O mundo gira quando deito. Gira, gira, gira que agarro a cama com medo de cair. Vou virar pro outro lado para me sentir melhor. Má ideia. O vômito certo, pena que foi no lixo do quarto... Não daria tempo para chegar ao banheiro. Ai, que dor de cabeça. Acho que passou um furacão por esse quarto. O cabelo grudado na cara, com o sol entrando pela janela, que calor, que frio, que tontura, que mal estar, que enjoo. Não consigo levantar. O mundo está sem cor, e o mundo gira como um disco voador. Nunca, nunca mais vou beber assim. Ahn tá, promessas de ressaca. Por favor fígado, volte ao normal, vai ficar tudo bem. Puta que pariu! Hoje tem reunião.Coca, muitos litros de coca cola. Consigo parar em pé, sem ver o mundo girar, até com alguma cor. Aquele sol escaldante de Franca pós meio dia, sair na rua é virar torrada, e que mal estar! Puta que pariu, que ressaca filha da puta!
Letícia Christmann
Um comentário:
Descrição impecavelmente verossímil, principalmente nas partes quase humorísticas... A vida é assim, um dia após o outro =]
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