Ano novo

em sexta-feira, dezembro 31, 2010
"Os anos passam tão depressa,
Uma coisa eu entendi,
Estou apenas aprendendo,
A distinguir as árvores da lenha..."
(I Know - John Lennon)
Obrigada pela companhia o ano todo!!
Beijos!
Letícia Christmann

Avante, como caramujos!

em quinta-feira, dezembro 30, 2010
"No caminho, como se olhasse para o chão, pude ver na superfície polida do lajedo um minúsculo caramujo que também seguia em direção à cabana, arrastando com paciência a sua concha.
(...)
Arrastava-se com dificuldade, em linha reta, e parecia disposto a cruzar a entrada, como portador fiel de uma mensagem.
(...)
Vi que ele não se detinha ante nenhum obstáculo, mas começava a subir a saliência de pedra na soleira, disposto a ir ao fim, cumprir a sua missão.
(...)
Deixava atrás de si um risco úmido e luminoso, marco de vitória da distância vencida, viscosidade que parecia ser sua própria essência largada pelo caminho no esforço extenuante de chegar.
(...)
Há um itinerário certo para bichos como esse, que os faz andar sempre em linha reta, sem ver obstáculos à sua frente. Há um ponto remoto a atingir além da pedra, além da parede e da distância e do tempo. Séculos a fio aquele caramujo se arrastaria sem descanso para chegar ao fundo da cabana, subir a parede, insinuar-se nos interstícios do telhado e descer do outro lado, percorrendo a terra sem que nada o detivesse, ou desviasse de sua rota obstinada, que não o levaria a lugar nenhum."

(Fernando Sabino, em O Homem Feito)

* * *

Acho que essa é a minha última postagem do ano. Então, permitam-me que escreva algumas palavrinhas com desejos de Feliz ano-novo pra vocês.
Hoje comecei a ler O Homem Feito, e muito provavelmente o lerei todo ainda hoje (é um livro curto, com poucas páginas, mas com grande significado em cada um delas; um exemplo é esse trecho que postei aqui).
E a minha mensagem pra vocês, meus sinceros votos, é que você sejam como caramujos, obstinados em suas missões, fiéis aos seus sonhos e objetivos; que nunca se detenham diante de nada e de ninguém. Mas, diferentemente do caramujo do livro, desejo que vocês cheguem a algum lugar, ao lugar a qual vocês queiram chegar, sonham em chegar, ambicionam em chegar. Ainda que vocês não saibam ainda que lugar é esse, vão, caminhem; logo vocês hão de descobrir.
Sintam-se abraçados por mim, obrigada por lerem a mim e as meninas durante todo esse ano. Nos veremos em breve.

Hasta la vista, pueblo devaneado!

(Erica Ferro)

Quero dizer,

em sábado, dezembro 25, 2010
Você chegou, assim... Do nada e do inesperado. Cuidou de um coração machucado. Fez carinho num corpo carente. Conquistou um coração arisco.
As expressões, as palavras e qualquer ato nunca serão suficientes pra eu dizer o quanto você fez e faz por mim, menino bonito.
Foi tudo tão devagar, e ao mesmo tempo tão rápido que a confusão de sentimentos, tanto meu quanto seus, ficaram claras depois do primeiro beijo.
Meu amigo, meu companheiro, meu colega de classe, meu discutidor oficial, meu irmão na cerveja, meu infinito, meu amor. Adoro essa necessidade que tenho de você.
Gosto do coração batendo forte, do pensar, imaginar, planejar. Gosto de sentir você perto, gosto da saudade quando está longe.
Adoro o nosso elo. Te entender com o olhar, com o sorriso. Mesmo cansados, exaustos e sem conseguir mais raciocinar direito, não tem abraço melhor que o seu.
Gosto de reclamar da vida com você. Das viagens longas, ou de qualquer tipo de coisa que eu acha que valha (ou não!) mencionar (como o mundo dos mamíferos). Gosto de te fazer sorrir, de te beijar, de te sentir.
Espero que você tenha entendido.
Eu disse tudo isso pra dizer que eu te gosto.
Eu disse tudo isso pra dizer que eu te adoro.
Eu disse tudo isso pra dizer que eu te amo.
Eu disse tudo isso pra dizer que sou sua.

Letícia Christmann

aqui do lado esquerdo...

em sexta-feira, dezembro 24, 2010
eu não posso expressar com a minha voz
a imensidão do amor que se apossou
do meu coração.
eu não posso expressar,
pois você já sabe,
sempre soube.
não há mais
o que revelar,
não há mais
o que dizer.
tudo já foi dito com o mais
singelo olhar,
com o mais tímido aperto
de mão,
com o mais desajeitado
abraço.
abraço esse que só
queria ter sido mais
preciso, mais apertado,
que só queria ter dito:
"eu te amo",
"cuida-me de mim".
porém você não entendeu
a linguagem do meu
corpo.
ou fingiu não entender,
por não ter o que dizer,
por não saber como agir,
por não ter forças para
revelar a verdade:
a não-reciprocidade.
a minha voz continuará
calada
,
confessando apenas com os
meus olhos e
braços.
sonhando com o dia que você dirá
qualquer
coisa que irá me
salvar
e me acalentar pelo
resto da eternidade.
eu devaneio e acabo
sonhando com você dizendo
que sempre me amou,
sempre.
e eu continuarei me
iludindo,
me enganando,
até que a realidade me
acerte com um tiro certeiro
aqui do lado esquerdo,
para que jamais eu ame outra vez.
e que eu morra, morra de uma vez.
aceito a morte,
mas o não-amor definitivamente
eu não aceito.

(Erica Ferro)


*Postado por Erica Ferro

The end

em domingo, dezembro 19, 2010
É o fim. O amor, outrora flores, modificou-se: virou espinho, dores. Não dá mais. Precisei desatar-nós, voltamos a ser dois, você de um lado, eu do outro. Melhor assim. Não me peça pra considerar, reconsiderar, re-re-considerar. Já decidi: acabou.
Desgastou. Descoloriu. Apodreceu. Esfriou. Venceu.
Não me interessa um amor mofado, sem cor e sem gosto. Gosto de amor novo, com toda a vitalidade que se pode querer de um amor. E é por isso que eu estou te deixando, meu ex-amado.
Não me odeie por isso, por favor. Leve os bons momentos do nosso amor, mas não guarde com saudade, com uma vontade de que eles se reprisem. Guarde apenas como algo bom que lhe aconteceu, que nos aconteceu, mas não os deseje de novo, de volta. Só iria te magoar. Só iria apodrecer o nosso amor já tão apodrecido e inutilizado.
Eu estou indo agora, está bem? Amanhã, envie-me as nossas fotos, os presentes que eu lhe dei ou jogue-os fora você mesmo. Envie-me só se não tiver coragem de se desfazer por si mesmo.
Não pense que eu sou fria ou insensível. Eu só não quero um amor assim na minha vida, e nem na sua. Não merecemos isso. É isso, meu ex-amado, desejo a você um amor novo, cheiroso, florido e bonito, imensamente bonito. Espero que me deseje o mesmo. Eu mereço. Você merece. Nós merecemos. E esse será a última frase que escrevo "nós".

Adeus.

(Erica Ferro)

* * *

Postado por Erica Ferro

O outro Brasil que vem aí

em quarta-feira, dezembro 08, 2010
Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
de outro Brasil que vem aí
mais tropical
mais fraternal
mais brasileiro.
O mapa desse Brasil em vez das cores dos Estados
terá as cores das produções e dos telhados.
Os homens desse Brasil em vez das cores das três raças
terão as cores das profissões e das regiões.
As mulheres do Brasil em vez de cores boreais
terão as cores variamente tropicais.
Todo brasileiro poderá dizer: é assim que eu quero o Brasil.
todo brasileiro e não apenas o bacharel ou o doutor
o preto, o pardo, o roxo e não apenas o branco e o semibranco.
Qualquer brasileiro poderá governar esse Brasil
lenhador
lavrador
pescador
vaqueiro
funileiro
carpinteiro
contanto que seja digno do governo do Brasil
que tenha olhos para ver pelo Brasil,
ouvidos para ouvir pelo Brasil
coragem de morrar pelo Brasil
ânimo de viver pelo Brasil
mãos para agir pelo Brasil
mãos de escultor que saibam lidar com o barro forte e novo dos Brasis
mãos de engenheiro que lidem com ingresias e tratores
[europeus e norte americanos a serviço do Brasil
mãos sem anéis (que os anéis não deixam o homem criar nem trabalhar)
mãos livres
mãos criadoras
mãos fraternais de todas as cores
mãos desiguais que trabalhem por um Brasil sem Azeredos,
sem Irineus
sem Maurícios de Lacerda.
Sem mãos de jogadores
nem de especuladores nem de mistificadores.
Mãos todas de trabalhadores,
pretas, brancas, pardas, roxas, morenas,
de artistas
de escritores
de operários
de lavradores
de pastores
de mães criando filhos
de pais ensinando meninos
de padres benzendo afilhados
de mestres guiando aprendizes
de irmãos ajudando irmãos mais moços
de lavadeiras lavando
de pedreiros edificando
de cozinheiras cozinhando
de vaqueiros tirando leite de vacas chamadas comadres dos homens.
Mãos brasileiras
brancas, morenas, pretas, pardas, roxas
tropicais
sindicais
fraternais.
Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
desse Brasil que vem aí.
Gilberto Freyre
Ps.Esse poema foi escrito em 1926.
Eu não ouço mais as vozes,
eu não vejo mais as cores,
eu não sinto mais os passos.
Gostaria de saber...
Cadê o país que éramos pra ser?
A angústia do mundo as vezes me afoga.
E eu me sinto perdida no meio de tantos clamores por mais humanidade.
Cadê a humanidade da humanidade?
E o velho clichê (que serve muito bem pra situação):
Que país é esse?
Postado por Letícia Christmann

No samba

em quinta-feira, dezembro 02, 2010
É no samba que eu quero te mostrar
O compasso do meu coração ao te olhar
É no samba que você não quer dançar
Que eu sorrio o sorriso de te encontrar

Karol Coelho
Dia do SAMBA. Vamos sambar?
 
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