Prometera não chorar mais. Depois de muito tempo, entendeu o pecado do olhar pra trás. Naquele dia, foi firme. Pelo menos, o quanto podia. Chorara durante a conversa, sim. Sentia o rosto arder enquanto subia a rua dos mortos. Não podia se entregar assim, o mundo continuaria o mesmo. A toca da blusa de frio protegia os olhos inchados. Mas não faria muita diferença. Ele não puxara o braço dela, ele a deixara ir. E seria pra sempre dessa vez.
Sabia... O sorriso deveria continuar o mesmo, o olhar o mesmo. O tempo sempre curara o coração machucado. E aprenderia, assim como já aprendera antes, a lidar com a fase da cicatrização, e por fim, das cicatrizes.
O que não entendia, por enquanto, é porque ele a deixara ir. Sabia que não ia fazer muita diferença, talvez doesse mais saber da verdade por completo, nua e crua.
Não importa. Levantou, ergueu a cabeça, derrubou as últimas lágrimas e foi-se embora. Não olhou para trás. Não devia olhar pra trás. Não podia. Nenhum pedaço mais poderia ficar ali, nenhum olhar, nenhuum resquício de arrependimento. Precisava ir embora por completo. E assim o fez.
"Se sou amado, quanto mais amado, mais correspondo ao amor. Se sou esquecido, ... devo esquecer também. Pois amor é feito espelho: -tem que ter reflexo." (Pablo Neruda)
Letícia Christmann
2 comentários:
Muito bom, lindo ;)
É tão trsite quando um amor chega ao fim.
Ainda há quem lhe retribua, e ainda há quem lhe seque essas lágrimas e lhe ofereça um ombro.
e tenho dito.
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