Eu sabia que esse dia chegaria. Os olhos brilharam, com lágrimas nos cantos dos olhos, mas não permiti que nenhuma rolasse. Prometera a mim: não choraria mais. Aos poucos, soubera se recompor e a cabeça erguida (sempre!) fazia parte de si. Os olhares se encontravam de vez em quando sim, mas sempre desviava afim de não deixar mais a dor aflorar. Superara. Sentia-se feliz com isso. Mas, ainda sim a voz tremulava de vez em quando, e pensava no beijo de boa noite com saudade quando deitava só para dormir, especialmente no frio. Sentia falta de muitas coisas, mas entendera que, para si, tudo já estava no passado. A saudade sempre fora sua eterna companheira, e continuaria sendo. Sentia-se agora como o curinga: de vez em quando, bobo da corte, outrora indispensável. E os dias continuariam seguindo, como deveria ser. Desmoronara, mas se reconstruíra. E assim seguiria sendo. O curinga de um jogo, ganhando ou perdendo continuaria a jogar. Nunca se sabe em qual esquina encontraria um novo amor. Afinal, pra que esperar? Sigo, apenas sigo, sem ilusões, com cicatrizes e decepções. Mas a cabeça erguida, o sorriso no rosto e a saudade no coração.
"Se eu fosse embora agora, será que você entenderia que há um tempo certo para tudo, cedo ou tarde chega o dia.
Se eu fosse sem dizer palavra, será que você escutaria o silêncio me dizendo que a culpa não foi sua.
É que eu nasci com o pé na estrada, com a cabeça lá na lua.
Não vou ficar, fiz bandeira desses trapos, devorei concreto e asfalto.
Tenho feito meu caminho, volta e meia fico só. Reconheço meus defeitos, e o efeito dominó. Mas se eu ficasse ao seu lado, de nada adiantaria.
Se eu fosse um cara diferente, sabe lá como eu seria.
Fiz o meu caminho, devorei concreto e asfalto.
Não vou ficar."
(Engenheiros do Hawaii - Concreto e Asfalto)
Letícia Christmann
2 comentários:
Me identifiquei um bocado com teu texto Letícia...
Amei!!!
Bjs
Me identifiquei bastante com esse texto. Eu adorei *-*
bjus =*
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