Colisão

em segunda-feira, março 22, 2010
Cruzes! Ele olhou para o lado e concluiu que havia visto a menina mais estranha da vida dele.
Ela já tinha guardado mentalmente o rosto dele desde a primeira vez que o vira.
Ele a olhava assustado, mas fascinado. Que tanto mistério ela podia trazer com um olhar? Por que um olhar tão triste, perdido, e tão bem disfarçado? Coçava a barba, tentando entender melhor o que se passava dentro do coração da menina.
Ela desviava o olhar toda vez que ele a fitava por muito tempo. Os mistérios de seu coração cabia só a ela, e ninguém além da pessoa que havia causado tamanha dor teria permissão para entrar, vistoriar, tentar curar. Ainda sim, sentia-se avermelhar quando ele a olhava.
Resolveu aproximar-se mais dela, entender a confusão que ela trazia estampada no rosto. Fascínio é uma coisa incontrolável, e em toda aquela estranheza de sentimentos que ele notou nela, resolveu desvendar. Era a paixão por conhecer coisas do passado.
Escondia-se e encolhia-se ao notar a tentativa de qualquer aproximação. Não iria permitir que seu passado fosse colocado assim, preto no branco para um desconhecido, que insistia. Ela não estava pronta, e ele tinha que entender isso. Ela não queria falar, queria que ele percebesse. E sabia que ele também trazia sentimentos nas entranhas da alma que não eram para ser compartilhados.
Depois do primeiro sorriso, toda a estranheza passou. Ele conseguira: ela era uma pessoa normal, na verdade anormal para ele. E era disso que ele gostava. Não importava que confusão que ela trazia, não fazia mais sentido depois do sorriso de verdade, e do olhar compenetrado.
Deixou-se levar. Amigos, que mal tem? Precisava de algum tipo de apoio mais humano, mais próximo. Alguém novo, que não precisasse saber do passado, mas que fizesse parte por completo do presente.
Encontraram-se. Colidiram-se? São coisas do destino, que ninguém pode explicar direito. E nada faz sentido por completo.

Letícia Christmann

6 comentários:

uma criança. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Érica Ferro disse...

E nada faz sentido por completo.
E sempre vale a pena viver novas coisas, se aproximar e se envolver com outras pessoas, conhecendo-as e as deixando conhecer-nos.

Bem bonito o texto, viu?
Adoro-te ler, Lê. =P

Rebeca Postigo disse...

Uau!!!
Belo texto!!!
O destino apronta cada uma conosco...
Amei!!!

Bjs

Gabriela Marques de Omena disse...

Nossa adorei de verdade, flor!
até mesmo a idéia de colorir cada pensamento! adooooooorei.
sabe que isso aconteceu já comigo? mas somos tão diferentes, que preferimos nos odiar, desviar olhares do que tentar uma amizade sequer KK
adorei o desfecho.
beijinhus

Jééh disse...

nossa muito encantador esse texto, pode sentir a ligaçaõ estabelecida entre as duas pessoas, eu gostei ^^

Karol Coelho disse...

Adoro essa sua linha narrativa, menina!
Lindo... o melhor das coisas são as pessoas que conhecemos! E mesmo que seja só por um minuto, ela pode sempre deixar um pedaço dela em nós.

Beeeijo. ♥

 
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