Divã

em segunda-feira, abril 19, 2010

"Sempre desprezei as coisas mornas, que não provocam nem paixão nem ódio, as coisas definidas como mais ou menos. Um filme mais ou menos, um livro mais ou menos, uma paixão mais ou menos, um romance mais ou menos. Tudo perda de tempo. Viver tem que ser perturbador e intensamente. É preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados e com eles seu orgulho, sua felicidade, sua raiva, seu asco, sua adoração ou simplesmente seu desprezo. O que não faz você mover um músculo, estremecer, suar, desatinar, abrir um sorriso, descabelar, não merece fazer parte de sua biografia."

"Aprender a conviver com o efêmero é uma das tarefas mais duras que a vida impõe. Se não iremos permanecer aqui na terra por muito tempo, é de se supor que nossos sentimentos, o brilho dos nossos olhos e nossas dúvidas atrozes também não irão existir pra sempre. Então, por que se preocupar com tudo isso, não é mesmo?
Mas eu não me acostumo com essa transitoriedade, mudanças me parecem atraentes e ao mesmo tempo assustadoras. Meu rosto se transforma, meus pensamentos me deixam perplexa e eu me pego asfaltando uma nova estrada pra mim, totalmente desfalcada de sinalização."

"A pergunta que mais faço é: por que não? Desde pequena, desde que tomei gosto pelo ato de respirar e me senti atraída pelos dias que estavam por vir, horas repletas de novidade, desde que eu despertei para a leitura e que passei a sentir o sabor das coisas de uma forma muito entusiasmada, desde que eu soube que podia pensar e que o pensamento era livre, que dentro do meu pensamento ninguém poderia me achar, desde que meus seios cresceram e eu descobri que pessoas tinham cheiro, desde lá até aqui eu me pergunto: porque não me oferecer para aquilo que não fui preparada? Eu tenho as armas de que necessito para me defender, e mesmo que eu perca, eu ganho, já perdi algumas vezes e sei como funciona a lei das compensações."

"Tudo se dramatiza diante dos meus olhos. Posso estar nua mas me sinto num vestido floreado de cores berrantes, porque eu mesma berro por dentro e deixo escorrer o rímel que não estou usando. Mexicana. Pulseiras baratas, gesticulações excessivas, novela de última. De repente, minha vida deixou de ser um poema."

*Frases retiradas do livro Divã, de Martha Medeiros.

* * *

Postado por Erica Ferro

3 comentários:

Rebeca Postigo disse...

Que frases...
Wow!!!
Amei...
Fiquei intrigada...
Quero ler esse livro...

Bjs

Letícia disse...

Acho que eu quero ler esse livro tb, os trechos são muito bons!

Sofia disse...

ainda não li esse livro, mas tenho vontade...

 
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