(Foto retirada do Flickr)
Vanessa, uma mulher de 28, executiva de uma multinacional, mãe ausente de Joaquim, de 8 anos, digo ausente porque ela trabalhava quase que em tempo integral. Ela, numa tentativa de matar os gritos de sua saudade, se jogava de cabeça nos seus trabalhos, mal sobrava tempo para o pequeno Joaquim, que ficava sempre aos cuidados de babás e empregadas. O marido de Vanessa morreu misteriosamente, só se sabe que foi um assassinato, porém nunca descobriram o porquê. Uns desconfiam que pode ter sido em decorrência de seus secretos negócios, dos quais Vanessa nunca teve conhecimento.
Depois da morte de Joaquim, Vanessa não teve mais motivos para sorrir de modo sincero. Joaquim vivia amuado pelos cantos, com saudade do pai que nunca mais veria e da mãe que parecia não o ver. Ansiava por alguém que o amasse, que o escutasse e o acolhesse nas noites frias, em que a solidão lhe apertava o coração de modo tão forte e destruidor. Então pediu à mãe que lhe comprasse um animalzinho de estimação; quem sabe um cachorro ou um gato. Vanessa não permitiu, detestava animais de estimação; trauma de infância, quando um cachorro decidiu que iria morder sua canela num belo dia de sol; e, claro, pensava que só davam trabalho e tantas dificuldades. Pediu o menino que desistisse da ideia, que se ocupasse com videogames, computadores e qualquer coisa que pudesse sublimar a dor e a solidão que ele sentia. Pobre Joaquim! Ficou desolado, sua solidão e dor só aumentaram. Como a mãe podia negar-lhe amor e afeto, carinho e atenção e até um animalzinho, que poderia ser o brilho de seus olhos naqueles dias tristonhos?
Vanessa foi implacável e seu coração, mesmo com todas as investidas do filho, não amoleceu. Não lhe daria bichinho de estimação algum!
Assim, vendo a tristeza de Joaquim e a sobrecarga de trabalho de sua filha Vanessa, a avó, que gerenciava parte da empresa em que Vanessa trabalhava, resolveu lhe "forçar" a ter uns dias livres, em que pudessem ela e o filho viajar e curtirem uns momentos juntos; quem sabe poderiam se entender e estreitar laços que jamais deveriam estar afrouxados?
Então foram, mãe e filho passar uma semana de férias na cidade em que a avó do menino nascera.
Em meio a passeios, a conversas, a confissões da infância de Vanessa e da identificação com a própria infância de Joaquim, viram o quanto eram parecidos, viram o quanto poderiam ter parado um momento para dialogar e poder sentir que estavam de fato juntos e unidos nessa aventura chamada vida.
Vanessa se arrependeu tanto de ter vivido para o trabalho de forma quase que integral. Viu como o filho era doce, prestativo e que se comunicava muito bem. Por que não tinha momentos de diálogo com ele? Por que não perguntava como tinha sido seu dia? Ah! Que amargo arrependimento.
Joaquim, porém, pediu a mãe que não ficasse tão amargurada, e na sua doce inocência e pequena experiência, disse a mãe que o que tinha passado, tinha passado e não voltaria mais; mas que tinham muitos anos para aproveitarem a vida juntos, compartilhando de todos os momentos, dividindo as tristezas e multiplicando as alegrias que tivessem.
No último dia de férias, estavam passeando perto de um rio muito bonito e querido por toda a cidade. Avistaram uma menininha, vestida de forma humilde, parecia triste e à sua frente estava um cachorro, que olhava-a fixamente, com uns olhos mais leais que puderam ver na vida.
Mãe e filho se entreolharam, Vanessa disse:
- Sabe, filho, um cachorrinho é mesmo o melhor amigo do homem.
- Sério, mãe? Mas você nunca gostou de animais...
- Filho, eu sempre tive medo de cachorros e essas coisas. Tinha medo de levar uma mordida. - e deu uma risada gostosa. - Mas... Você não, sempre gostou, né?
- Aham, sempre.
- Filho, vendo essa cena tão linda, meu coração pede para que, assim que voltarmos, comprar um animalzinho pra você. Um cachorro!
- Ai, mãe, sério?! Que alegria!!
- Sim, filho, eu falo sério. Um cachorro nos ouve, nos entende, mesmo que não diga nada. Ele passa sua calda por nossa perna, nos dando alento no momento que é preciso. Ah, medo bobo o meu de ser mordida, né? As pessoas é que são perigosas, que nos mordem e nos ferem sem precisar usar os dentes.
- Mãe, sabia que eu te amo muito?
- Oh! Meu filho, eu também te amo muito, muito!
Quando voltaram para casa, Vanessa fez o combinado, comprou o cachorrinho, que se chamou Ted. Ted estreitou ainda mais o laço de amor e cumplicidade entre eles. Agora eram três, inseparáveis companheiros. Na dor, estavam juntos, choravam juntos, calados, numa compaixão mútua. Na alegria, vibravam, pulavam, Ted latia, os outros dois sorriam.
Um cão, um ser peludo, com um coração de ouro, alma nobre, que falava através de latidos, que expressava seu amor em abraços de "calda".
Depois da morte de Joaquim, Vanessa não teve mais motivos para sorrir de modo sincero. Joaquim vivia amuado pelos cantos, com saudade do pai que nunca mais veria e da mãe que parecia não o ver. Ansiava por alguém que o amasse, que o escutasse e o acolhesse nas noites frias, em que a solidão lhe apertava o coração de modo tão forte e destruidor. Então pediu à mãe que lhe comprasse um animalzinho de estimação; quem sabe um cachorro ou um gato. Vanessa não permitiu, detestava animais de estimação; trauma de infância, quando um cachorro decidiu que iria morder sua canela num belo dia de sol; e, claro, pensava que só davam trabalho e tantas dificuldades. Pediu o menino que desistisse da ideia, que se ocupasse com videogames, computadores e qualquer coisa que pudesse sublimar a dor e a solidão que ele sentia. Pobre Joaquim! Ficou desolado, sua solidão e dor só aumentaram. Como a mãe podia negar-lhe amor e afeto, carinho e atenção e até um animalzinho, que poderia ser o brilho de seus olhos naqueles dias tristonhos?
Vanessa foi implacável e seu coração, mesmo com todas as investidas do filho, não amoleceu. Não lhe daria bichinho de estimação algum!
Assim, vendo a tristeza de Joaquim e a sobrecarga de trabalho de sua filha Vanessa, a avó, que gerenciava parte da empresa em que Vanessa trabalhava, resolveu lhe "forçar" a ter uns dias livres, em que pudessem ela e o filho viajar e curtirem uns momentos juntos; quem sabe poderiam se entender e estreitar laços que jamais deveriam estar afrouxados?
Então foram, mãe e filho passar uma semana de férias na cidade em que a avó do menino nascera.
Em meio a passeios, a conversas, a confissões da infância de Vanessa e da identificação com a própria infância de Joaquim, viram o quanto eram parecidos, viram o quanto poderiam ter parado um momento para dialogar e poder sentir que estavam de fato juntos e unidos nessa aventura chamada vida.
Vanessa se arrependeu tanto de ter vivido para o trabalho de forma quase que integral. Viu como o filho era doce, prestativo e que se comunicava muito bem. Por que não tinha momentos de diálogo com ele? Por que não perguntava como tinha sido seu dia? Ah! Que amargo arrependimento.
Joaquim, porém, pediu a mãe que não ficasse tão amargurada, e na sua doce inocência e pequena experiência, disse a mãe que o que tinha passado, tinha passado e não voltaria mais; mas que tinham muitos anos para aproveitarem a vida juntos, compartilhando de todos os momentos, dividindo as tristezas e multiplicando as alegrias que tivessem.
No último dia de férias, estavam passeando perto de um rio muito bonito e querido por toda a cidade. Avistaram uma menininha, vestida de forma humilde, parecia triste e à sua frente estava um cachorro, que olhava-a fixamente, com uns olhos mais leais que puderam ver na vida.
Mãe e filho se entreolharam, Vanessa disse:
- Sabe, filho, um cachorrinho é mesmo o melhor amigo do homem.
- Sério, mãe? Mas você nunca gostou de animais...
- Filho, eu sempre tive medo de cachorros e essas coisas. Tinha medo de levar uma mordida. - e deu uma risada gostosa. - Mas... Você não, sempre gostou, né?
- Aham, sempre.
- Filho, vendo essa cena tão linda, meu coração pede para que, assim que voltarmos, comprar um animalzinho pra você. Um cachorro!
- Ai, mãe, sério?! Que alegria!!
- Sim, filho, eu falo sério. Um cachorro nos ouve, nos entende, mesmo que não diga nada. Ele passa sua calda por nossa perna, nos dando alento no momento que é preciso. Ah, medo bobo o meu de ser mordida, né? As pessoas é que são perigosas, que nos mordem e nos ferem sem precisar usar os dentes.
- Mãe, sabia que eu te amo muito?
- Oh! Meu filho, eu também te amo muito, muito!
Quando voltaram para casa, Vanessa fez o combinado, comprou o cachorrinho, que se chamou Ted. Ted estreitou ainda mais o laço de amor e cumplicidade entre eles. Agora eram três, inseparáveis companheiros. Na dor, estavam juntos, choravam juntos, calados, numa compaixão mútua. Na alegria, vibravam, pulavam, Ted latia, os outros dois sorriam.
Um cão, um ser peludo, com um coração de ouro, alma nobre, que falava através de latidos, que expressava seu amor em abraços de "calda".
(Erica Ferro)
3 comentários:
Muita linda a história Erica. Amei , me emocionei.... Beijos e Feliz Páscoa
PS.: Estou participando no meu blog A Vitrine de Sonhos
http://avitrinedesonhos.blogspot.com
Ah...
Dona Erica...
Me fez chorar... =/
Lembrei do meu grande amiginho que se foi há pouco tempo...
Os cães são os melhores amigos...
Lindo texto!!!
Bjs
Linda e bela história.
Parabéns érica.
Estou também participando.
Carinhosamente,
Sandra.
http://sandrarandrade7.blogspot.com
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