Eu sei, mas não devia

em quinta-feira, julho 30, 2009
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colasanti
1972
Postado por Letícia Christmann

Eu estarei lá para tudo! ♫

em

Never Gonna Be Alone (Tradução) - Nickelback

Nunca Vai Estar Sozinha

O tempo está passando
muito mais rápido do que eu
E eu estou começando a me arrepender
de não passá-lo com você
Agora eu estou tentando saber porque
Por que deixei isso preso dentro de mim
Então, estou começando a me arrepender de não ter dito tudo para você
Então, se eu ainda não o fiz, quero que agora você saiba

Você nunca vai estar sozinha
de agora em diante
Mesmo que você pense em desistir
Não vou deixá-la cair
Você nunca vai estar sozinha
Vou te segurar até a dor passar

E agora
Enquanto eu puder
Estarei te segurando com ambas as mãos
Pois sempre acreditei que não à nada que eu precise a não ser você
Então, se eu ainda não o fiz, quero que agora você saiba

Você nunca vai estar sozinha
de agora em diante
Mesmo que você pense em desistir
Não vou deixá-la cair
Quando toda a esperança tiver desaparecida
Eu sei que você pode continuar
Vamos ver o mundo sozinhos
Vou te segurar até a dor passar

Você tem que viver cada dia
como se fosse apenas um
Mas se o amanhã nunca chegar?
Não o deixe escapulir
Poderia ser a nosso único dia
Você sabe que apenas começou
Cada dia
Talvez o nosso único dia
Mas se amanhã nunca chegar?
Amanhã nunca chegar

O tempo está passando
muito mais rápido do que eu
Estou começando a me arrepender de não ter dito tudo para você

Você nunca vai estar sozinha
de agora em diante
Mesmo que você pense em desistir
Não vou deixá-la cair
Quando toda a esperança tiver desaparecida
Eu sei que você pode continuar
Vamos ver o mundo sozinhos
Vou te segurar até a dor passar

Eu estarei lá para tudo
Não vou desperdiçar mais nenhum dia
Eu estarei lá para tudo
Não vou desperdiçar mais nenhum dia

***

E com a Erica Ferro você sempre pode contar porque eu te amo e nunca deixarei de te amar, mesmo que o destino teime em nos separar. O nosso amor é mais forte, isso bastará.

Postado por Erica Ferro

"Hoje me exige hoje mesmo!"

em quarta-feira, julho 29, 2009
"O que eu nunca havia experimentado era o choque com o momento chamado ''já''. Hoje me "exige hoje mesmo. Nunca" antes soubera que a hora de viver também não tem palavra. A hora de viver, meu amor, estava sendo tão já que eu encostava a boca na matéria da vida. A hora de viver é um ininterrupto lento rangido de portas que se abrem continuamente de par em par. Dois portões se abriam e nunca tinham parado de se abrir. Mas abriam-se continuamente para - para o nada?
A hora de viver é tão infernalmente inexpressiva que é o nada. Aquilo que eu chamava de "nada" era no entanto tão colado a mim que me era... eu? e portanto se tornara invisível como eu me era invisível, e tornava-se o nada. As portas como sempre continuavam a se abrir."

{Clarice Lispector, A paixão segundo GH}

***

Não só leia essa frase, mas sinta a essência e o real significado dela.
Ah, só mais uma coisa:
Amo Clarice.
Clarice conversa comigo, me aconselha e me entende através de seus escritos.
É incrível!

Postado por Erica Ferro

A luta de uma campeã!

em domingo, julho 26, 2009
Torneio de natação.
Prova dos 50m livre.
A minha prova, literalmente. A que eu nadava melhor.
Fui firme e confiante fui para o balizamento. Tinha que o ser o meu dia!
Subi no bloco, um nervosismo tomou conta de mim. Era um campeonato importante e eu dependia dele pra ir para a fase nacional.
Caí na água, comecei bem a prova, liderando-a lindamente. Mas senti uma caimbra horrível na perna, uma dor intensa, mas não parei de nadar. Porém fui caindo de posição, e acabei a prova em último lugar. Não consegui a marca necessária para a fase nacional. Tinha treinado o ano todo especificamente para aquilo, e na hora acontece uma coisa dessas. Fiquei arrasa realmente.
Meu técnico viu meu estado de pura tristeza e desolação e disse:
- Erica, não fica assim. Você treinou o ano todo pra isso, sim. Ficou em ótima forma, mas as coisas são imprevisíveis. O futuro é tão incerto. Quem poderia imaginar que um caimbra fosse te tirar a medalha que já era sua e o índice para fase nacional? Ninguém praticamente.
Mas, não chora, você não faz ideia de como eu te admiro! Você lutou bravamente até o final da prova. Poucas fariam isso, sentir uma dor quase insuportável e continuar nadando com garra, com fome de vitória. Isso é para poucas pessoas, querida. Você é uma vencedora, sempre foi. Só pelo fato de ter lutado e treinado com tanta disciplina esse tempo todo! Não fica assim não. Enxuga as lágrimas e segue em frente, nadando sempre. Sua hora vai chegar, hoje não foi o seu dia. Não sei porque, mas são coisas da vida que acontecem mesmo. Ano que vem você arrasa, pode crer!

Enxuguei as lágrimas, voltei a treinar com garra e esperei o ano seguinte. Consegui a marca pra fase nacional, ganhei medalha de ouro e bati o recorde brasileiro da prova dos 50m livre.
Meu técnico tinha razão, minha hora não tinha chegado naquele dia tão nebuloso. Mas chegou num dia de muito sol e calor.

(Erica Ferro)

Coisas necessárias...

em
- Oh, my God! A segunda queda de energia hoje. Ah, assim é demais. Eu quero a minha mãe. Cadê a minha mãe? Cadê meu pai? Cadê meu irmão? Cadê meu cachorro? Ah, esqueci, não tenho cachorro e nunca tive. Mas bem que agora eu queria alguém pra conversar. Um cachorro, um cavalo, se bem que não caberia um cavalo nesse apartamento. Mas um gato, um coelho, até um peixe num aquário seria legal, me sentiria menos só. - Falei para as paredes.

Era noite, aproximadamente 22:00. Estava sozinha, sentada num sofá lilás, muito lindo por sinal. Mas estava só, no escuro, com uma lanterna tentando iluminar a escuridão. Comecei a chorar, parecia uma criança. Enquanto chorava, pensava: "Nem parece que tem 18 anos. Credo, uma criancinha chorona!".
Aí eu mesma retrucava: "Sim, sou chorona mesmo, e daí? Eu estou sozinha, no escuro, sem ninguém e é pra rir, é?!". Pois é, eu converso sozinha, acho que isso de não ter com quem conversar afetou meu cérebro. Fazer o que, não é? Morando sozinha, sem ninguém pra conversar, o jeito é dialogar com si próprio. Não tenho amizade com quase ninguém aqui do prédio. Cada um no seu muquifo, digo, no seu apartamento. Só costumo falar com alguns deles no elevador ou pelos corredores mesmo. Nem faço questão, sabe?
É, eu sou meio antissocial, sim. Não me orgulho disso, mas também não me condeno. Ah, e também nem é tão ruim conversar consigo mesma.


Poxa! Eu pensei que ia ser tudo diferente, tudo tão legal quando viesse morar sozinha, sem ninguém pra encher o saco, brigar comigo, me obrigar a fazer tarefas domésticas. Faria tudo na hora que eu bem quisesse. E assim foi durante umas duas semanas. Mas não deu muito certo. Eu tive que ter regras, horários. Até porque comecei a cursar a faculdade de jornalismo, arrumei um estágio e tinha que ter disciplina. E outra, antes eu tinha mamãe pra arrumar a casa, não é? Chegava em casa da escola, estava tudo arrumado, bem cheiroso. E agora não, estava só, e tinha que fazer as coisas. Até porque eu não sou uma porquinha, não é? Morar num chiqueiro não é legal. Então passei a criar vergonha na cara e arrumar o meu apartamento. E, meu Deus, como cansa, como é chato fazer todas aquelas tarefas todos os dias. Agora entendo porque a minha mãe reclamava tanto e pedia a minha ajuda. Agora eu que gostaria que ela me ajudasse.

Enfim... Na parte da cozinha, Jesus... foi uma tragédia no começo. Não conto os dias que eu queimei o arroz, a carne e que feijão ficou sem sal. E o mais engraçado, eu sempre comia com gosto as comidas. Eu tinha um tipo de orgulho: "Poxa, foi eu que fiz! É... está um pouquinho sem sal, mas é besteira. Está gostosinho. Beleza de arroz, hein, Erica? E esse gostinho de queimado? Nossa, muito bom. Deu um toque especial no arroz. Sou genial na cozinha!" - Falava toda orgulhosa.
Um dia bem engraçado foi quando eu chamei uma amiga da faculdade pra almoçar aqui em casa. Cara, quando ela provou, ela disse:
"Ai, Erica... que arroz insosso. Você deixou queimar a carne, foi? E esse feijão que tem mais água do que outra coisa? - Disse ela com aquela cara de quem comeu, e não gostou.

Respondi: "Ah, está achando ruim, é? É que eu estou na fase de aprendizagem. Um dia eu chego lá. Mas come pensando naquela comida do restaurante ali do centro, sabe? Aquele chique. Vai imaginando. Quando você olhar para o prato, não tem mais nada. Quer saber? Come logo, e deixa de conversa. Hunf! Fica reclamando da minha comida, mocinha. Logo a minha que foi escolhida no concurso de culinária.
"Só se foi da categoria dos piores pratos." - Disse ela toda risonha.
"Ai, amiga, assim você me magoa! Fiz com tanto carinho, com todo amor pra ti, e você diz isso. Deprimi!"
"Estou brincando, querida. Mas que está estranha, ah, isso está! Mas eu vou comer, viu? Só pra você não chorar. Mesmo que eu coma chorando, mas eu como!
Rimos muito naquele dia!
Ah, mas agora estou sozinha. E quando será que essa energia volta, hein?
Credo! Logo agora que eu estava conversando alegremente no MSN. O computador: a única companhia que eu tenho esses dias, digo em casa. Porque durante o dia tem os amigos da faculdade, do jornal, aí não me sinto tão sozinha. Me divirto com eles. Mas quando volto pra casa, sinto aquela necessidade de um abraço, de um 'boa noite', mas eu que digo 'boa noite' para as paredes. É tão legal isso. Pense numa coisa legal de se fazer. Se elas me respondem? Sim, só se eu falar bem alto. Aí ecooa o meu próprio 'boa noite. É lindo. Não, não é lindo.
Queria um marido. Ah, mas gorda do jeito que estou, feia desse jeito, é ruim que arrume alguém.
Oh céus! Será que o meu destino é esse tão cruel: de viver sozinha, sem ninguém, o resto da vida?
Tenho vontade de voltar para casa da mamãe e do papai, mas sei que não é bom. Aliás, não que seja ruim, mas não é bom pra minha evolução como pessoa. Eu preciso ter auto-confiança em mim, preciso me disciplinar e passar a viver com mais responsabilidade. Isso de morar sozinha me ajudou bastante nesse aspecto: o da responsabilidade. Antes eu não tinha compromisso com nada. Só a escola mesmo, mais nada.
Agora não, tudo mudou. Não digo que mudou pra pior, e sim foi mais difícil pra acostumar, pra saber lidar com isso. Mas, aos poucos (bem pouco mesmo), eu vou aprendendo a não queimar tanto a comida, a limpar direitinho a casa, a não chegar tão atrasada na faculdade e no estágio. No estágio, eu busco ser o mais pontual possível, senão eu estou perdida, não duro um dia no emprego. Mas na faculdade é uma desgraça só, chego sempre atrasada. Sou conhecida como "Erica, a atrasilda". Ê vida cruel! Mas tudo bem, é até legal.

*Pliiiiiiim*. Oba! Chegou energia!

Vou ligar o computador.

Dez minutos depois


Desgraça de computador, desgraça de internet! Não está funcionando essa internet. É sempre assim, quando falta energia, e eu ligo o computador a internet não funciona. O jeito é dormir. Amanhã o dia vai ser longo. E ainda tenho que acordar cedo, mais cedo ainda, pra fazer o almoço. Vida corrida! Mas é a vida que eu escolhi e que lentamente (ou nem tanto) vou aprendendo a trilhar, a viver.


(Erica Ferro)

M.E.D.O.

em
É engraçado quando certos sentimentos atacam a gente.
O mundo parece quadrado quando esse sentimento é o medo.
O medo de escolher, o medo de ser, o medo de tentar, o medo de machucar, o medo de existir.
O medo de perder o tempo precioso, que se esvai aos poucos, como a água passa rapidamente pelas mãos.
Quando eu era pequena, acreditava que viveria pra sempre. Mas já disseram uma vez: "O pra sempre, sempre acaba." E eu sinto o meu pra sempre acabar já.
Medo também do caminho que vem pela frente, que eu prefiro nem saber se será longo ou curto. Talvez o fim esteja a dois passos. E tudo seja igual novamente ao que já foi um dia.
Eu queria poder voltar no tempo.
Eu já disse isso.
Eu tenho medo de todo o meu tempo passar, e eu não ter feito nada na vida. Viver intensamente, pra mim é uma loucura total, não consigo ser desvairada ao ponto de sair por aí mochileira, como eu quero.
O medo me persegue.
Medo da morte, medo da vida.
São apenas pensamentos devaneantes.

Letícia Christmann

Nada mais importa

em sábado, julho 25, 2009

No nosso momento mais sombrio

No meu pior desespero

Você ainda vai se importar?

Você estará lá?

Nas minhas provações

E minhas tribulações

Pelas minhas dúvidas

E frustrações

Na minha violência

Na minha turbulência

Pelo meu medo

E minhas confissões

Na minha angústia e minha dor

Pela minha alegria e minha culpa

Na promessa de um

Outro amanhã

Nunca deixarei você partir

Pois você está no meu coração para sempre.

Autor desconhecido
Postado por Letícia Christmann

PLA - TÔ - NI - CO!

em sexta-feira, julho 24, 2009
Amor platônico - Legião Urbana

Eu sou apenas alguém
Ou até mesmo ninguém
Talvez alguém invisível
Que a admira a distância
Sem a menor esperança
De um dia tornar-me visível

E você?
Você é o motivo
Do meu amanhecer
E a minha angústia
Ao anoitecer

Você é o brinquedo caro
E eu a criança pobre
O menino solitário que quer ter o que não pode
Dono de um amor sublime
Mas culpado por querê-la
Como quem a olha na vitrine
Mas jamais poderá tê-la

Eu sei de todas as suas tristezas
E alegrias
Mas você nada sabes
Nem da minha fraqueza
Nem da minha covardia
Nem sequer que eu existo
E como um filme banal
Entre o figurante e a atriz principal
Meu papel era irrelevante
Para contracenar
No final
No final
No final

***

Postado por Erica Ferro

Música - A Música

em
Adeus
Móveis Coloniais de Acaju
Quando eu vivo esse encontro,
Eu digo adeus
Refaço os meus planos
Pra rimar com os seus
Abandono o que é pronto
E digo adeus
Eu trago os meus sonhos
Pra somar aos seus
E toda vez que vier
Felicidade vai trazer
A cada vez que quiser
Basta a gente querer
Ser desta vez a melhor
E toda vez que vier
Felicidade a mais
A cada vez que quiser
Basta a gente dizer
Só uma vez
Uma só voz
Postado por Letícia Christmann

O sangue da ferida que não existe.

em
A ferida não existe, mas a dor existe
O sangue escorre
A lágrima rola
Os soluços imploram
Imploram um pouco de alegria
Um pouco de fantasia
Um pouco de ânimo

A tristeza me abraçou
Agora me aperta
Me sufoca
Me faz chorar
Mas não quero chorar
Também não quero conversar
Só quero assim ficar
Sozinha
Calada
Triste

Não, eu não quero ficar triste
Não sei porquê me sinto assim
Aparentemente não há razão
Mas há!
Todas as razões de lágrima, choro e dor que na minha alma se escondem, se manifestaram agora
E eu quero fugir
Eu quero ir embora

Não aguento esse meu lamento
Não me aguento
Me sinto nada
Totalmente desimportante
Irritante

Escolho parar
Escolho me calar
Me render?
Não
Só me recolher
Espero um dia me levantar
E continuar a andar

(Erica Ferro)

No escuro há uma luz alegre.

em quinta-feira, julho 23, 2009
Queda de energia

Eletrônicos desligados
Desliga a modernidade
Desliga a superficialidade
Liga a emoção
Liga os sentimentos
Entrelaça as mãos

No escuro uma luz surge
Uma luz tão clara e alegre
Luz que ilumina
Que o coração enche de contentamento
Um lindo sentimento

(...)

Poema metafórico. Poema que fiz na tentativa de traduzir a alegria de uma noite sem energia elétrica. A família toda reunida, finalmente conversando, rindo, brincando.
Minutos antes estava cada um no seu mundo. Um assistindo um canal esportivo. Outro na cozinha preparando um lanche. Outro deitado vendo uma novela qualquer, e deixando a novela da própria vida passar. Outro na internet começa a navegar. Mas eis que tudo muda. Não há mais energia elétrica. Todos se juntam. Todos se unem e esperam a luz. E a luz vem, e não é luz elétrica. É uma luz da alma, a luz da alegria, a luz... A luz mais pura, mais clara.

E eu quero que muitas quedas de energia elétrica venham, só pra ter esse prazer, essa alegria junto da minha família, de pessoas que só no escuro eu tenho a capacidade, a sensibilidade, de ver uma luz deles emanar. É a tecnologia, a modernidade, toda essa superficiliadade que afeta a minha visão, que me rouba o tempo (se bem que eu deixo que ele roube, confesso). Mas não deixarei mais. As rugas chegarão não muito futuramente. Mas não é com as rugas que me preocupo. E sim com a vida que deixei em cada ano, em cada dia, em que passei me matando.

(Erica Ferro)

E não ficou nenhum!

em terça-feira, julho 21, 2009

"Dez negrinhos vão jantar enquanto não chove;
Um deles se engasgou e então ficaram nove.
Nove negrinhos sem dormir: não é biscoito!
Um deles cai no sono, e então ficaram oito.
Oito negrinhos vão a Devon de charrete;
Um não quis mais voltar, e então ficaram sete.
Sete negrinhos vão rachar lenha, mas eis
Que um deles se corta, e então ficaram seis.
Seis negrinhos de uma colméia fazem brinco;
A um pica uma abelha, e então ficaram cinco.
Cinco negrinhos no foro, a tomar os ares;
Um ali foi julgado, e então ficaram dois pares.
Quatro negrinhos no mar; a um tragou de vez.
O arenque defumado, e então ficaram três.
Três negrinhos passeando no Zoo. E depois?
O urso abraçou um, e então ficaram dois.
Dois negrinhos brincando ao sol, sem medo algum;
Um deles se queimou, e então ficou só um.
Um negrinho aqui está a sós, apenas um;
Ele então se enforcou, e não ficou nenhum."
•••

Adoro romances policiais.
E, naturalmente, ao ouvir falar de romances policiais é quase impossível não lembrar da Agatha Christie, certo?
Ela é a famosa "Rainha do Crime". O apelido lhe cai muito bem, afinal. Escreveu tramas fantásticas. Uma bem conhecida é O caso dos dez negrinhos. Dizem que é melhor livro dela. Não li muitos livros da Agatha, mas, os poucos que li, recomendo. O meu desejo era ler todos os seus livros ou pelo 80% da obra dela.
Sem dúvida, são livros muito bem escritos, cheios de suspense, mortes, mistério e umas pitadas de insanidade. Personagens marcantes, histórias com desenrolar surpreendentes e fins mais surpreendentes ainda.
O caso dos dez negrinhos é assim. No começo, não me prendeu tanto a atenção. É... Não no primeiro capítulo, mas depois não consegui mais parar de ler. Nem a internet me atrapalhou dessa vez.
Dez pessoas são convidadas para a Ilha do negro pelo tal Sr. Owen.
Dez crimes, uns em maior grau de crueldade, outros nem tanto. Mas ainda sim crimes que a justiça não conseguiu provar.
Os dez chegam à ilha. Um final de semana de descanso e diversão, acreditavam eles.
Diversão haveria, mas não o tipo de diversão que agradaria a alguns, só a um. Opa! Assim eu acabo contando a história...
No jantar da primeira noite, os convidados são surpreendidos por uma voz, que vinha de um gramofone, os acusando, a cada um, de terem cometidos crimes e ainda citando os nomes das vítimas. Uma onda de pânico invadiu a sala. A mulher do mordomo desmaia... todos se apavoram e vão acudi-la. Dão algo para mulher se acalmar e dormir. Outro toma um conhaque, talvez por puro nervosismo em busca de se acalmar. E esse mesmo morre instantaneamente. No conhaque havia uma dose mortal, um remédio em execesso, um veneno...
Os outros pensavam que poderia ter sido suicídio, mas não acreditaram muito nesses pensamentos. Pois era um homem bonito, forte e com um apreço muito grande pela vida. Por mais que tivesse amendrontado, não teria se matado. Não assim, tão rápido.
Mas era a resposta mais plausível.
Então, na manhã seguinte, a mulher do mordomo não se levanta, não se acorda. Dorme eternamente...Morta. Não, não! Assassinada.
Sim, duas mortes seguidas não podem ter sido suicídios!
E a onda de pânico e desconfiança foram implantadas naquela ilha.
Todos amedrontados. Talvez esperando a sua vez. Talvez tentando se defender, tentando sobreviver.

•••

O desenrolar é maravilhoso, viciante. E o fim é inesperado, bem bolado, como todas as histórias da Agatha Christie.


Vale a pena ler, se arrepiar e se surpreender.

Boa leitura!


Postado por Erica Ferro

10 coisas que eu odeio em você

em domingo, julho 19, 2009
Odeio o modo como fala comigo
E como corta o cabelo
Odeio como dirigi o meu carro
E odeio seu desmazelo
Odeio suas enormes botas de combate
E como consegue ler minha mente
Eu odeio tanto isso em você
Que até me sinto doente
Odeio como está sempre certo
E odeio quando você mente
Odeio quando me faz rir muito
Ainda mais quando me faz chorar...
Odeio quando não está por perto
E o fato de não me ligar
Mas eu odeio principalmente
Não conseguir te odiar
Nem um pouco
Nem mesmo por um segundo
Nem mesmo só por te odiar

O poema do filme xD
Postado por Letícia Christmann

Duas almas, dois corações e um amor inesgotável!

em sábado, julho 18, 2009
Ai...!
É uma dor intensa, forte, cortante.
E um grito explode da garganta.
Já não aguento.
Não consigo mais suportar.
Assassinato ou suicídio?
Tenho que matar isso que está a me consumir, a me destruir.
Eu te quero, você não percebe?
Eu preciso dos seus olhos em direção a mim.
Eu preciso da sua voz ecoando nos meus ouvidos, me falando coisas de amor, coisas apaixonadas, lunáticas.
Mas são só lembranças que eu tenho de ti.
Perdi as esperanças de te ver mais uma vez, de te abraçar, de ver o brilho do teu olhar ao me olhar.
Por que não vem me ver? Por que não deixa eu te ver? Que mal há? Não me amas mais? O que eu disse? Te fiz mal? O que eu te fiz pra você me desprezar assim? Por que colocaste uma parede no meio de nós dois? Por quê?
Eu estou morrendo. Sabe o que é falta de ar?
É isso que sinto sem ti. Parece que meu tempo de vida está se esgotando...
Você é o meu alimento, o meu sustento.
Me salve, não deixe que eu morra. Eu, sinceramente, não quero morrer. Eu queria viver uma vida com você. Mas você parece não ter esse mesmo querer. Por isso a vida já perdeu a cor, o brilho...
O amor que eu sinto me sufoca.
Não! Não é o amor que me sufoca, é que eu coloquei fermento nesse amor. E ele cresceu, como um bolo no forno, cresceu e cresceu... agora me sufocou, tomou conta de todo o meu ser. Cadê você?
Só você podia me tirar dessa agonia...
Só a você eu poderia dar metade desse amor, para não morrer asfixiada.
Na verdade, eu daria todo o meu amor.
Não, não... Não daria, porque te mataria.
Te daria, aos poucos, então...
Assim viveríamos de pitadas de amor.
Assim seríamos felizes...
Assim seríamos completos.
Duas almas, dois corações e um amor inesgotável.

(Erica Ferro)

Manipule bem a sua arma, para que o tiro não saia pela culatra!

em sexta-feira, julho 17, 2009
Quer tirar um sarro daquele amigo desleixado e lerdo de raciocínio?
Seja irônico com ele. Ou não.
Talvez ele não entenda, e o besta da questão fique sendo você.

Afinal, a ironia é uma arma de pessoas inteligentes.
Através da ironia podemos protestar, fazer uma crítica, sem sermos óbvios, o que é bem interessante, bem intelignte. É interessante também porque nos faz pensar, nos faz refletir. Estimula nosso cérebro.

Mas como é detestável aquela criatura que tudo que fala se baseia na ironia. Isso, sim, é extremamente chato. Seja pra encher o saco de alguém, seja pra protestar, ser irônico todo tempo não dá.

Sem querer ofender, mas já ofendendo, as pessoas andam com uma preguiça de pensar. Gostam de coisas prontas (me incluo nesse grupo de pessoas! como é duro confessar isso!). Raciocinar exige disposição. E, ah... eu ando tão indisposta.
É necessário ser claro, direto, no que se tem dizer, fazer e ser. Não é legal sempre falar em códigos, ironicamente.
A ironia é legal, isso ninguém há de negar. Mas só se for usada de uma forma inocente (fui irônica). Não há ironia inocente, mas há aquela que não prejudica tanto.
Há aquelas que só querem passar uma mensagem, uma mensagem cifrada, enigmática, que faz o outro pensar, raciocinar. Isso é até bom, estimulante, como já disse.
Mas há aquelas que só ridicularizam o outro, não edifica nem a nós nem ao outro. Então isso devemos evitar. Até porque não gostaríamos de ser o ironizado da história. Ninguém gosta.
Mas não fique tão irado quando for ironizado, é tão irado tudo isso, tão legal...
Ria da piada também, assim você não passa tanta vergonha!

Seja claro e direto na maior parte do tempo. Mas não dispense totalmente a ironia. Saiba usá-la. Use-a inteligentemente, proteste, tire um sarrinho (de leve) de alguém. Manipule bem a sua arma, para que o tiro não saia pela culatra!




(Erica Ferro)

***

Pauta para o PostIt.
Tema: Ironia.

Paixão!

em terça-feira, julho 14, 2009
-Escolhida! Em pouco tempo, muito especial!
A escolhida dele, pro resto da vida?! Talvez!

Mas a vida é composta por momentos, e ele me proporciona momentos felizes!
-Ahnnn fala sério guria!! Apaixonada de novo?
-Mas o que é a vida sem paixão?! Sem uma paixão e um sentido a cada dia!? Pois ele é sim minha paixão agora!
-Ok ok, mas tome cuidado pra num se machucar... e ficar sem sentido nem razão...
-Você me avisa, minha querida... Mas quem decide sempre sou eu...

*Diálogo entre a razão e o coração*

Letícia Christmann

Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.

em

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

(Fernando Pessoa)


***

Farei isso!

Postado por Erica Ferro

Se alguma vez você pensar em mim, não se esqueça de lembrar que eu nunca te esqueci!

em segunda-feira, julho 13, 2009
A distância - Roberto Carlos

Composição: Roberto Carlos / Erasmo Carlos

Nunca mais você ouviu falar de mim
Mas eu continuei a ter você
Em toda esta saudade que ficou...
Tanto tempo já passou e eu não te esqueci.

Quantas vezes eu pensei voltar
E dizer que o meu amor nada mudou
Mas o meu silêncio foi maior
E na distância morro
Todo dia sem você saber.

O que restou do nosso amor ficou
No tempo, esquecido por você...
Vivendo do que fomos ainda estou
Tanta coisa já mudou, só eu não te esqueci.

Eu só queria lhe dizer que eu
Tentei deixar de amar, não consegui
Se alguma vez você pensar em mim
Não se esqueça de lembrar
Que eu nunca te esqueci

***

E a paixão que corre em minhas veias, bombeia meu coração e meu corpo, é imensurável.

Postado por Erica Ferro

E tudo mudou...

em domingo, julho 12, 2009
E tudo mudou...

O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss

O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone

A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM

A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse

Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê...

Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service

A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão

O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD

A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email

O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street

O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também

O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike

Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato

Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...

A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!

A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...

... De tudo.

Inclusive de notar essas diferenças

(Luís Fernando Veríssimo
)

***

Precisa dizer mais alguma coisa? Não, né?! Reflitam!

Postado por Erica Ferro

Sociedade dissimulada e sugadora!

em sábado, julho 11, 2009

Sociedade

O homem disse para o amigo:
– Breve irei a tua casa

e levarei minha mulher.

O amigo enfeitou a casa
e quando o homem chegou com a mulher,
soltou uma dúzia de foguetes.

O homem comeu e bebeu.
A mulher bebeu e cantou.
Os dois dançaram.
O amigo estava muito satisfeito.

Quando foi hora de sair,
o amigo disse para o homem:
– Breve irei a tua casa.
E apertou a mão dos dois.

No caminho o homem resmunga:
– Ora essa, era o que faltava.
E a mulher ajunta: – Que idiota.

– A casa é um ninho de pulgas.
– Reparaste o bife queimado?
O piano ruim e a comida pouca.

E todas as quintas-feiras
eles voltam à casa do amigo
que ainda não pôde retribuir a visita.

(Carlos Drummond de Andrade)

***

Postado por Erica Ferro

Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.

em sexta-feira, julho 10, 2009
"Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil."

(Clarice Lispector)

Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.

Compreenda as incompreensões e ame.

Postado por Erica Ferro

Algo sobre alguma coisa

em terça-feira, julho 07, 2009
Você não vai receber outra vida como esta.
Você nunca mais vivenciará o mundo extamente desta maneira,
com esses pais, filhos, familiares e amigos.
Nem experimentará a Terra com todas as suas maravilhas
novamente neste período da História.
Não espere o momento em que desejará dar uma última olhada
no oceano, no céu, nas estrelas ou nas pessoas queridas.
Vá olhar agora.
(Elisabeth Kübler-Ross e David Kessler)

Somos transição, somos processo. E isso nos perturba.
(Lya Luft)

Mas por mais rosas e lírios que me dês,
Eu nunca achareique a vida é bastante.
Faltar-me-á sempre qualquer coisa,
Sobrar-me-á sempre de que desejar,
Como um palco deserto.
(Fernando Pessoa)

Desejar para si uma vida sem dor
significa desejar morrer.
(Dorothe Sölle)

Diante de tudo o que aconteceu na sua vida,
você pode chorar sobre a sua sorte
ou perceber o quese passou como uma ocasião favorável.
Tudo o que advém pode ser visto ou como uma possibilidade
de crescimento ou como um obstáculo ao seu desenvolvimento.
Definitivamente, é você, e mais ninguém, que tem o poder de escolher.
(Wayne Dyer)

Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas
que já tem a forma do nosso corpo
e esquecer nossos caminhos que
nos levam sempre aos mesmo lugares.
É o tempo da travessia.
E se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado para sempre
à margem de nós mesmos.
(Fernando Teixeira de Andrade)

Postado por Letícia Christmann

Amor é dado de graça! ♥

em
As sem-razões do amor


Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.


Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.


Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.


Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

(Carlos Drummond de Andrade)


P.s: Hoje queria ter escrito algo útil. Mas a inspiração e a vontade se renderam á preguiça. Preguiça, um mal que me domina. Mas tenho lutado para vencer esse mal, amém.
Esse poema do Drummond é lindo. Acho que a maioria das pessoas que gosta de ler conhece (ou não). Sempre tem a possibilidade do não, mas, enfim. Se não conhece, conhecerá. Arrisco a dizer que gostará.
"Amor é primo da morte, e da morte vencedor". Lindo!
Amanhã espero vencer a preguiça, e venho aqui, devanear um pouco. É sempre bom, me faz bem.

Postado por Erica Ferro

Ela tem que ser a conclusão de um desenvolvimento proveitoso...

em domingo, julho 05, 2009
E quando o nome dela é mencionado, gritos saem de gargantas, cabelos se arrepiam, corações disparam, mãos tremem, pernas perdem o equilíbrio.
Ela é temida. Mas até agora não entendi bem o porquê, se nada se sabe mesmo dela. Então como podemos temer tanto uma coisa que nem sequer conhecemos?
O que dizem é que ela é a última coisa que nos acontece.
Ela tem várias faces: a surpreendente, rápida e fatal; a torturante, demorada e fatal. De todo modo ela é fatal. Não tem como escapar, se esconder, enganá-la.
Não sei quando a conhecerei. Não sei qual face ela irá me mostrar.
Tenho medo, confesso. Mas também tenho curiosidade. Mas é uma curiosidade calma, paciente. Não faço questão de conhece-la hoje, agora. Até porque eu gosto bastante da sua maior rival - Vida. Diria até que eu a amo. A Vida acha que não, que é pura conversa fiada. Diz que eu não dou o devido valor à ela. Sei que tenho feito pouco para honrá-la, aproveitá-la. Ela pede que eu a conheça mais, sempre mais. Disse que tem uma infinidade de coisas pra me mostrar, pra me ensinar, pra eu desfrutar. Já disse que quero, mas é um querer sem ação, um querer preguiçoso. E a rival da Vida ri muito de mim por isso. Me chama de covarde. Diz que não terá muito trabalho comigo, pois que eu, aos poucos, a cada dia, já estou fazendo o trabalho dela. E o medo de não ser, de não ter, de não conquistar, de me machucar, de me estraçalhar, é o que me mata um pouco a cada dia.
E, um dia, finalmente, ela vem risonha e diz: Cheguei.
Mas não, definitivamente não. Não vou deixar que ela venha e me encontre caída e derrotada. Vou me jogar nos braços da Vida. Sim, vou colocar esse meu medo numa água fervente e deixarei ele evaporar no ar. E um ar puro, o ar do campo, vou respirar. Vou sentir o cheiro das flores, sentir suas pétalas macias. Mas, claro, terei cuidado com os espinhos. Se me ferir, não vou deixar de ter encanto pelas flores. Não mesmo. Vou curar as feridas e continuar andando pelos caminhos da Vida.
A Morte será a conclusão de uma vida realmente vivida. Uma vida que teve gosto, mesmo em meio a desgostos. Pois quando se conhece o desgosto, se aprecia bem mais o gosto gostoso.
Vida, me espera. Estou indo com fome de ti, com uma voracidade que você nunca viu em mim.

(Erica Ferro)
 
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