Longa espera

em domingo, agosto 02, 2009
Seis horas da tarde. A moça, arrumada e bonita, esperava o rapaz perto do local de encontro. Tinha certeza que ele viria, já estava a duas horas no shopping, chegara uma hora antes para evitar atrasos e havia uma que esperava o rapaz. Começava a ficar impaciente, sabia o conteúdo das vitrines em volta de cór. Podia sentir o cheiro dele em quase todos que passavam, homens, mulheres e até em casais que passavam rindo e abraçados ela o via.
Já estava irritada demais. Acontecera alguma coisa e ele não a avisara, só podia ser. Ligava no celular dele e só dava desligado, fora que olhava para o seu e os minutos pareciam nunca passar. Sete e meia, já era noite, e ele não havia chegado. Como fora capaz de fazer isso com ela? E por que fizera?
Ele lhe contara que na noite anterior iria sair com os amigos, dormir na casa de um, fazer um som, algo assim. Mas lhe dissera também, com palavras calmas e até tentadoras, que voltaria cedo só para não se atrasar para o encontro com a garota.
A sessão de cinema que eles iam assistir já começara. Andava de um lado para o outro, num misto de preocupação, impaciência e raiva.
Na noite anterior ele ligara para ela, e contara que estava correndo atrás daquele encontro durante meses, e que ela era a moça que fazia o coração dele feliz, mesmo por todo tempo que ela o fizera esperar.
Oito horas. Ele não chegou. Pegou a bolsa no banco que sentou em frente ao local de encontro, arrumou mais uma vez o cabelo, os olhos cheios de lágrimas, ligou para a amiga e disse que iria para a casa dela. Tivera a permissão dos pais de voltar antes da meia noite, talvez no último ônibus do domingo, mas ele não chegou. Não tinha o que ficar fazendo no shopping.
No caminho para a casa da amiga a sensação de reijeição a invadiu. Como ele poderia ter feito isso? Não fazia sentido. O coração seguia aos trancos, acelerando a todo momento que passava um rapaz correndo, parecendo desesperado. Nenhum dos cinco rapazes que viu era ele.
Ao chegar na casa da amiga, abraçou-a, já aos prantos. Durante todo o caminho as lágrimas escorriam pelo rosto, a raiva a fazia bufar, e a sensação de rejeição a arrepiava.
Depois de um tempo, acalmou-se e riu, brincou e conversou sobre a tal espera interminável com a amiga. Foi para a casa, como se tivesse tido o melhor encontro de sua vida.
Na verdade não fora, mas de que importa?
O rapaz, com certeza, teria de correr por um bom tempo atrás da moça para conseguir marcar outro encontro. A paixão era um sentimento ardente, mas o sono não o deixara acordar a tempo de ir vê-la no shopping.
A moça, não vira o rapaz, não beijara e tivera a noite como planejou.
Mas descobriu, na dor da espera, sentimentos novos e tão nobres, que mesmo o rapaz, do jeito que era, poderia proporcionar.

Não importa o que você descobre, mas o que tal descoberta significa e proporciona para ti.

Letícia Christmann

Um comentário:

Erica Ferro disse...

Você arrasa, minha querida! ;D
Amei!
Isso é um conto ou é uma história real?
De qualquer forma, ficou lindo esse texto. Emocionante. ;)

Love u, chuchu. ♥

 
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