VERBO SER
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Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor.
Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três.
E sou?
Tenho de mudar quando crescer?
Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser?
Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a?
Posso escolher?
Não dá para entender.
Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer.
QUADRILHA
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João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim
que amava Lili que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos,
Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se
e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
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As sem-razões do amor
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Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
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(Carlos Drummond de Andrade)
Obs: É bom ser simples.
Pra quê palavras difíceis ?
Tudo as vezes já é tão compicado!
Karol Coelho
5 comentários:
Amei!!!
Tudo que é simples é tão bonito!!!
Bjs
Drummond é DEMAIS! ♥
Sim! Deveríamos simplificar as coisas.
Beijo.
Maassa, eu tb amo Drummond!
nossa dorei a escolha desses três poemas, pricipalmente Quadrilha, ver tantas histórias se emarenhando cruzando todas aos mesmo tempo, e escolha por final, só nos mostra que estamos todos a mercê da sorte ^^
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