Era de amor

em quinta-feira, dezembro 27, 2012

A saudade fez-se lágrima
A lágrima era de amor
Há tempos que a menina do vestido florido não sabe o que é verão

A saudade fez-se lágrima
A lágrima era de amor
Há tempos que a menina do vestido florido sonhava com uma palavra doce
pronunciadas por aqueles lábios em formato de coração

A saudade fez-se lágrima.
A lágrima era de amor
Há tempos que a menina do vestido florido desacreditava em um amor recíproco
Ainda assim, amava

A saudade fez-se lágrima
A lágrima era de amor
Há tempos que a menina do vestido florido cultivava um amor calminho,
bonito, colorido, bem dentro do peito

A saudade fez-se lágrima
A lágrima era de amor
Há tempos que a menina do vestido florido havia decidido que continuaria a amar,
sem cessar, no verão, na primavera, no outono ou sob um belo luar

A lágrima era de amor

(Erica Ferro)

O fim da história

em quarta-feira, dezembro 05, 2012
Era uma vez uma moça que vivia feliz em sua casa amarela, mesmo que a porta da sala estivesse com o vidro quebrado e o banheiro fosse apertadinho, mesmo ainda que o fogão deixasse um pouco a desejar. Vivia tranquila, organizando sua escrivaninha, varrendo ali, limpando aqui, fazendo comida acolá, em uma rotina gostosa e sem maiores problemas. As festas que aconteciam, de vez em quando, eram restritas a amigos muito próximos, e mesmo fazendo uma bagunça sem igual, o velhinho implicante que morava em frente não reclamava mais como fizera outrora. Tudo nos eixos, tudo com cor demais.
Adorava seu grupo de amigos, fazia realmente a diferença ter aqueles rostos para olhar com frequência, saber com quem contar, uma companhia tanto para ir ao hospital quanto para tomar uma (ou quatro!) garrafa de tequila. Era bom como estava, mesmo.
Porém, certo dia, um furacão passara por lá e não deixara nada no lugar. Ela estava numa boa, lendo seu livro quando ficou sabendo que seu amigo, um amigo muito querido, havia causado aquilo. E o furacão não perdoou a casa amarela. Viu-se amizades indo para um lado, amores para outro, confiança tentando escapar pelo teto, raiva quebrando janelas, lamentos batendo portas, o amargo da chuva ácida acabando com os sorrisos e a felicidade descendo pelo ralo, que estava entupido, então ela se debatia para conseguir passar por debaixo do portão, alcançando a canaleta.
Estranho como aquilo acontecera tão rápido! Não houve tempo para agarrar as fotos no mural do quarto, as frases que correspondiam a tantas histórias (por vezes engraçadas, outras trágicas) pulavam da janela, certamente visando o suicídio. Fora assim, tudo de pernas pro ar.

A moça conseguira encontrar abrigo debaixo da sua cama, mesmo com a janela tremulando e a porta batendo com o vento insuportável, viu-se segura ali. Quando a poeira baixou e as coisas se acalmaram, resolvera andar pela casa: nada mais estava no lugar.
Perto da porta dos banheiros, encontrou cacos de amizades acreditadas, até alguns dias, indestrutíveis. Na cozinha, em meio aos cacos de vidro de garrafas de cerveja, confiança, carinho, afeto - todos sangrando e dando seus últimos suspiros. As paredes da sala, nuas: não haviam mais histórias para serem contadas. A garagem, antes sala de reunião das mais divertidas bebedeiras, não existia mais. 
Seu quarto permanecera, na medida do possível, intacto. Protegera-se nele, e conforme conseguia, segurava seus pertences perto de si. O furacão tivera medo de passar por debaixo da cama, mas causara ódio, dor, raiva e mais um pouco de dor. Não poderia ter sido diferente: como destruir tudo a sua volta e tentar deixá-la intacta? O mundo não girava naquele sentido, não funcionava daquela forma.
Por fim, sentou-se em um canto e pôs-se a juntar alguns cacos que ficaram um pouco menos esmigalhados do que os outros, comendo um pedaço de chocolate para se concentrar em sua tarefa, sem deixar a raiva e a dor tomarem conta de todo o seu ser. Ainda podia sorrir quando conseguia unir perfeitamente alguns cacos.
Chuviscava e batia um vento entrecortante com todos os vidros da casa estilhaçados. Não permitiria mais que o furacão passasse por ali.


Letícia Christmann
Ps. Esse "era uma vez" chama-se últimos dias.

Quando?

em segunda-feira, dezembro 03, 2012
A minha tristeza é grande e complexa. A tristeza que tenho sentido é do tipo que pega o coração, aperta sem dó nem piedade, que angustia a alma, que pisoteia os sonhos e toda a positividade que existe em mim. Mas, ainda assim, eu sei que não é o fim, que não é a pior coisa do mundo. Eu sei que a tristeza que sinto agora vai passar, que as dores físicas que sinto vão cessar e que esse peso no coração vai sumir. Eu sei, mas agora eu só quero ficar no meu canto, quietinha, chorando calada, soluçando baixinho. Não é preciso que os outros entendam essa minha tristeza, esse meu desgosto pela vida, pelo mundo, pelas pessoas. Não quero compreensão. Não quero abraços. Não quero palavras. Eu só quero ficar assim, como já disse, na minha.
Eu acredito em dias melhores, do fundo do coração, acredito. Mas agora... agora a minha visão está turva pelas lágrimas e eu não consigo pensar direito. Tudo o que eu quero é que as coisas se encaixem nos seus devidos lugares, tal como era antes. Eu só quero ter o direito de fazer o que eu gosto de fazer, de realizar as coisas que me dão prazer, que me fazem feliz. Eu só quero poder me sentir bem de novo, contente, confiante. Só isso. Não peço muito, Universo. Pare de me castigar pelo que quer que seja, não mereço tantas chicotadas, tantos puxões de tapete. Eu já sofri demais, já chorei demais, já perdi a fé, já... Eu já nem sei mais o que digo. Isso vai passar? Alguém pode me garantir que tudo ficará bem novamente? Já não vejo mais nada. A única coisa que sinto é essa mão esmagando meu peito, me deixando sem ar, me fazendo chorar. Quando isso vai acabar?

Erica Ferro

♫ Pensando em você... ♫

em domingo, dezembro 02, 2012


Pensando em você - Paulinho Moska

Eu estou pensando em você
Pensando em nunca mais
Pensar em te esquecer
Pois quando penso em você
É quando não me sinto só
Com minhas letras e canções
Com o perfume das manhãs
Com a chuva dos verões
Com o desenho das maçãs
E com você me sinto bem

Eu estou pensando em você
Pensando em nunca mais
Te esquecer
Eu estou pensando em você
Pensando em nunca mais
Te esquecer

Eu, pensando em você
Pensando em nunca mais
Pensar em te esquecer
Pois quando penso em você
É quando não me sinto só
Com minhas letras e canções
Com o perfume das manhãs
Com a chuva dos verões
Com o desenho das maçãs
E com você me sinto bem

Eu estou pensando em você
Pensando em nunca mais
Te esquecer
Eu estou pensando em você
Pensando em nunca mais
Te esquecer

Eu estou pensando em você
Pensando em nunca mais
Te esquecer
Eu estou pensando em você
Pensando em nunca mais
Te esquecer

Eu estou pensando em você
Pensando em nunca mais
Te esquecer
Eu estou pensando em você
Pensando em nunca mais
Te esquecer

Pensando em você
Pensando em você
Pensando em você
Pensando em você

* * *

Postado por Erica Ferro


Amor Adolescente

em terça-feira, novembro 06, 2012

Ser adolescente é descobrir, conhecer e colocar-se como um ser pensante, ativo, sonhador. A coisa que mais nos faz decidir-se por como ser e o que fazer é o amor, o amor adolescente.

Já fiquei “pendurada” na janela do meu quarto esperando aquele menino passar. Já tive inveja da menina que tinha atenção do meu garoto, meu pelo menos em meus sonhos. Já desprezei corações apaixonados e desejei apaixonar alguém.

Há meninos que resolvem se tornarem “galinhas” porque foram desprezados pela garota dos sonhos, mesmo sendo tão doces. Há meninas que desprezaram o garoto que mais queriam por terem sido descobertas como possíveis namoradas tarde demais.

O primeiro beijo. A primeira lágrima derramada por causa da indiferença com que se foi tratada. O arrumar dos cabelos logo pela manhã para fazer um charme. E o andar mais seguro para chamar a atenção dele. Uma piada sem graça, uma briga a toa, sem motivo. O que é o amor quando se é adolescente?

Ter quinze anos parece significar estar apaixonado. Você se interessa por aquela pessoa pelo seu jeito de andar, de sorrir, de te fazer rir. E é incrível como ninguém entende o seu sentimento. Até você não entende e um dia, quando mais velho, começa a pensar que não passava de um bobo, pois era inseguro, se preocupava muito com que as pessoas pensavam e ficava mudo diante da pessoa que achava que era o grande amor da sua vida “for ever and ever”.

Adolescer significa crescer em forças e o que cresce com tudo nesse período da vida é qualquer sentimento provocado pela pessoa que mais desejava. Raiva e ódio fazem parte desse amor que foi e quase sempre é dilacerador quando chega ao fim. Mas no fim, você leva para o resto da vida cada paixonite que teve quando tinha seus 14, 15 ou 16 anos.

De vez em quando bate aquela nostalgia. Um homem é capaz de lembrar “aquela menina despedaçou meu coração”. E uma mulher lembra-se das piadas que escutava e diz “ele era tão fofo, mas pegava todas”. Os adultos se recordam das cartinhas que trocavam durante a aula.

E toda essa coisa, que parece bobagem depois que se fica velho, se reflete um pouco nos amores de verdade que se encontra quando adultos. Bom mesmo é se todo amor adulto se sentir como o amor adolescente no que se diz respeito ao desejo, carinho e cuidado com a pessoa amada. Por isso que quando a gente se apaixona a gente pensa “to parecendo um adolescente” e completamos “mas isso é maravilhoso”.

Karol Coelho
após assistir o filme nacional bobo de adolescente  "Desenrola"

Poxa!

em quinta-feira, outubro 25, 2012
Poxa!
Sim, resolvi começar a escrever esse texto com um lamento.
Um lamento guardado há dias, mas que agora está pronto para sair, me libertar.
Estou, simplesmente, notadamente, infinitamente... Cansada.
Eu cansei de fingir o sorriso, cansei de não me incomodar com as conversas, cansei de fingir que nada está acontecendo.
É, pode ser que o problema todo seja esse: o nada acontecendo.
Mas eu cansei! Cansei de olhar nos olhos e passar a impressão do "está tudo bem", de confiança, quando na verdade me sinto desmontada, quiçá destruída por dentro.
O olhar está escurecido, perdido. As mãos não encontram mais posição. As pernas não param de balançar. E o cansaço de fingir que está tudo bem está me consumindo, aos poucos, lentamente, gradativamente.
Não, não está tudo bem. O vermelho lembra sangue, o copo de café parece sempre escorrer entre os dedos, o rosto de bom dia se mostra cada vez mais entediado, mais acabado.
Mas eu sempre digo para você que se as coisas não estão bem, elas tem que ficar. Então visto a minha máscara, respiro fundo e tiro um sorriso de onde der. Vai dizer que não fica tudo bem assim?
Sim, está tudo bem assim, é como deveria estar, não?
E por que diabos por dentro eu não me sinto assim?
Sabe, eu cansei.
E também resolvi terminar esse texto com um lamento...
Poxa!

Letícia Christmann

Uma dose de sinceridade para raça humana, por favor

em quinta-feira, outubro 11, 2012
Nada como uma boa noite de sono para clarear as ideias, para colocar as coisas no seu devido lugar e para entender o que não se conseguiu entender no calor da hora.
Eu sou uma inconformada, isso é verdade. Reclamo mesmo, reclamo muito, mas reclamo de coisas que julgo estarem erradas, reclamo de atitudes alheias que interferem diretamente na minha vida. Reclamo da falsidade do ser humano, da hipocrisia, dessa mania contraditória como alguns vivem. Eu aprecio tanto a verdade, mas tanto. Acho tão bonito quando a pessoa assume o que pensa e não tem nem um pingo de medo de expôr os seus pensamentos sobre si, sobre os outros e sobre o mundo. Acho lindo quem tem coragem de assumir o que é. Eu não suporto é essa falta de sinceridade em algumas pessoas. Pessoas que agem de maneira contrária às ideologias que prega. Pessoas que dizem querer o bem de uma outra pessoa, mas os seus atos não condizem com suas palavras. Pessoas que vivem declarando amizade eterna, mas agem vilmente com os seus ditos amigos. Pessoas que proferem aos quatro cantos o amor que sentem por outra, mas traem e ferem deliberadamente.
Sabe, o que é verdadeiro permanece na minha vida. O que é de plástico, artificial e falso eu prefiro deixar pelo caminho. Quero estar cercada de quem me quer bem de verdade, não de quem só espera uma oportunidade de me apunhalar pelas costas. Do meu lado, eu só quero quem goste de mim genuinamente. Quero amigos que sejam excessivamente sinceros comigo. Se eu precisar ouvir verdades, que me digam diretamente, sem rodeios. Eu sou assim, impulsiva, prolixa, mas pelo menos tenho em mim essa quase patologia de ser sincera, de botar a boca no trombone e proferir verdades, seja pra quem for. Eu não uso máscaras, não ajo no anonimato. Eu tenho coragem de admitir o que eu penso, de peitar quem quer que seja. Pena que nem todos são assim...

Erica Ferro



Esse devaneio angustiante...

em sábado, setembro 29, 2012

Faz muito tempo que eu me pego pensando o que me trouxe até aqui. Talvez porque veja o fim de uma fase importante, próximo... E cada coisa que faço me faz pensar: "É, pode ser que seja a última vez que isso aconteça".
Eu tenho medo das mudanças. Me lembro do primeiro ano nessa cidade, e como tudo era mais difícil. Cada sorriso, cada amizade construída... Ai, hoje as coisas mudaram tanto! Novos sorrisos, novas amizades. Tenho a necessidade de acreditar que algumas, ainda que poucas, delas durarão mais anos. Ainda assim, tenho medo.
Medo que tudo isso não passe de uma fase, e que quando esta acabar, construir tudo de novo. Amores são eternos (são sim!) e agora alguns de meus amigos são meus amores. Penso em tudo que já vivi por aqui... A queda de bicicleta, os choros sem fim de saudade de casa, o amadurecimento que vem ao morar longe longe longe, desentupir caixa de gordura (ai, esse episódio foi nojentamente memorável), tomar banho de mangueira com 3 chuveiros queimados, o fim de semana sem geladeira, as roupas manchadas de sabão em pó, linda máquina de lavar, depois de um tempo com tanquinho, os novos amores, os amores antigos, as festas e bebedeiras, os bares de sexta feira de noite (com batata frita e queijo, por favor), as noites varadas antes das provas... Mas o mais impressionante é que, depois de todo esse tempo, em me sinto em casa.


Me sinto, realmente, onde deveria estar. Com amigos que consegui estar, aqueles que me apoiam, me fazem sentir bem.
Mas, há outro mundo que eu deixei para trás quando fiz a opção de estar aqui por inteiro. E esse mundo, eu também sinto falta. Minhas referências, meus amigos mais íntimos, aqueles que não me conhecem apenas por essa fase, mas por inteiro.


Me pego pensando que esta fase vai acabar, e não sei se infelizmente ou felizmente. Mas mesmo antes do seu fim, eu já sinto falta, saudade, vontade de voltar. Ai que confusão!
Essa divisão entre o que eu fui, o que eu sou... e o agora, o que vou ser?
Pois é, último ano de faculdade... Você está se aproximando, o desemprego batendo na porta, e a instabilidade reinante... O batuque nos pensamentos do: o que fazer agora? Voltar, ficar, tentar projetos... O que será, que será?


E, mais uma vez, são apenas pensamentos devaneantes... Mas, esse devaneio, ultimamente, está angustiante.

Letícia Christmann


More of love

em quarta-feira, setembro 26, 2012
Moço, hoje me bateu uma vontade enorme de ir à praia, sabe? Ver o pôr-do-sol, as ondas, ver os seus olhos cor-de-mel sob um sol da cor de seus cabelos. Eu gosto de você. Você sabe, não sabe? E faz tempo que você sabe. Pode dizer, eu já me acostumei à ideia de o meu amor não ser mais secreto. Mas a quem eu queria enganar? Eu nunca fui boa em esconder coisa alguma. Principalmente amor. Eu não sei, mas há em mim um descontrole, algo que me denuncia a cada coisa que eu digo e faço. Antes, quando você se aproximava de mim, eu perdia as palavras. Eu sei, eu sei, isso parece mais do mesmo, mais um textinho bobo, mais um textinho meloso-romântico. Mas era o que acontecia. Eu ficava nervosa, eu tremia, eu pensava: "O que eu digo pra ele? Eu queria dizer tantas coisas, mas por que diacho eu não consigo dizer nada?". E então a oportunidade passava, eu nunca conseguia me aproximar de você, coisa que eu queria tanto. Mas acho que isso mudou um pouco. Você ainda causa um efeito desconcertante sobre mim, eu não vou negar, mas agora já consigo elaborar frases com sentido quando estou falando com você. E isso é bom. Eu gosto de conversar com você, de estar perto de você. Você me faz bem, sabe? Nunca se afaste de mim. Fica perto de mim, sei lá, pra sempre. Ou pelo máximo de tempo que for possível. Ah, não sei como tudo isso começou. Sei que hoje, agora, eu estou encrencadamente apaixonada por você. Que loucura, não? E o que é que eu faço com isso, meu amor? Ai... mas será que você lê as coisas que escrevo pra você? Dê um sinal. Você lê? Porque, meu amor, todos os meus poemas são pra você. Cada linha de amor que escrevo é sobre você. É que você vive constantemente em minha mente. Sei, isso soa clichê. Mas que se dane, é assim com todos apaixonados. Por que você tinha que ser assim, tão desgraçadamente apaixonante? Você não poderia ter um olhar menos arrebatador, um sorriso menos encantador e uma voz menos doce? Sério, a culpa é sua. Se eu sou apaixonada por você, a culpa é exclusivamente sua. E eu odeio você por isso. Então, depois de te odiar um pouco, eu te amo mais. E pronto, todo o meu coração é amor. Amor por você. E todas essas linhas formam um texto de amor miseravelmente ridículo. Mas, quer saber? Não me importo. Tudo que importa é que eu amo você. É, não há mais como fingir pra mim mesma. Eu amo você. Muito. Mesmo.
 
Erica Ferro

Triste fim

em quarta-feira, setembro 19, 2012
Pedro e João, dois melhores amigos de todo o mundo desde os tempos pueris. Tiveram uma infância feliz e plena, jogaram muita bola e fizeram muita traquinagem pela vizinhaça. Pedro e João cresceram, tornaram-se homens bonitos e com personalidades notáveis. A amizade dos dois permaneceu inabalável, até que apareceu uma tal de Maria em suas vidas, para implantar o caos. Pedro e João se apaixonaram por Maria e de amigos viraram os maiores inimigos do mundo. Pedro desejava Maria com uma força quase selvagem, João era perdidamente encantado por Maria. Maria era uma filha da mãe, sabia do poder que exercia sobre os dois e adorava brincar com o sentimento de ambos, atiçando, sem decidir com qual ficar. Se bem que, justiça seja feita, ela gostava de arrastar uma asinha maior para o lado de João, o que deixava Pedro louco da vida. Não teve jeito: Pedro e João passarão a se odiar e a brigar pelo amor e atenção de Maria. E chegou um determinado dia que Maria teve que se decidir. Ela escolheu João. Pedro penou, chorou, se descabelou e praguejou. Fez até promessa: de nunca mais acreditar em amizade e de nunca mais amar. Viveu o resto de sua amargurado e assombrado pela amizade perdida e pelo amor nunca conquistado. Triste fim, o de Pedro.

Erica Ferro

Sem interrogações.

em quarta-feira, setembro 05, 2012
Foi um soco na boca do estômago, e a deixou sem ar.
A mente se revirava procurando explicações (plausíveis e inimagináveis) para o que acabara de ver, mas a vida é mesmo uma reviravolta de perguntas, quase sempre sem resposta, ou então com a resposta que não se está preparado para encontrar.
Instantaneamente os olhos encheram-se de lágrimas, as mãos começaram a suar. Passou a pensar em um banho frio para relaxar, um edredon para se enrolar e um bom livro para ler (sempre a melhor companhia!).
Colocou os fones de ouvido, depois da cena indesejável, e viu o mundo continuar rodando enquanto tentava juntar os pedaços de um coração partido. O bom, de quando o coração se parte, é que alguns caquinhos nunca mais voltam a se encaixar. Tudo bem, ficam algumas imperfeições e cicatrizes no que antes era liso e infinitamente saltitante, mas as vezes faz bem lembrar da dor.
Ao chegar em casa notou que a solidão novamente a abraçava, e desapegar é sempre complicado. Guardou fotos, aliança, cartas românticas, presentes de casal bobo. Escondidos no fundo do armário, naquele setor do "eu nunca mais vou usar, mas tenho aqui guardado".
Já dizia Neruda:
"É tão curto o amor, e tão longo o esquecimento."
Mas passa, sempre passa. E essa dor um dia não vai mais significar nada além de saudade do que poderia ter sido, e não do que foi. Mas, peraí, qual é a que dói mais?
Sabe, já cansei de me fazer perguntas para tentar viver melhor.

Letícia Christmann

em terça-feira, setembro 04, 2012

Já escrevi canções que nunca foram cantadas
E sonhei poesias que não foram escritas
Reparei em belezas descartadas
Com meu sorriso amarelo
E meu caminho discreto
Chorei amigos perdidos
E dancei para os meus inimigos

Sei que a vida é breve

E até que eu me desperte
Decidi que a mágoa não pode ter lugar
E o tempo? Parei de esperar
Pois, maior (infinitamente maior) é o meu desejo de amar

(Karol Coelho)


S de saudade

em sábado, agosto 18, 2012
Tenho saudade dos seus olhos cor de mel
Do seu cabelo cor de sol
Do seu sorriso assim, tão largo, tão sincero
Da sua voz que acalma os mares agitados da minha alma

Tenho saudade de você, assim, por inteiro
Das suas mãos na minha cintura
Do seu toque suave nos meus cabelos
Dos seus abraços intermináveis

Tenho saudade de você
Porque acho que eu te amo
Amo muito

Tenho saudade de você
Porque a minha vida quer se 
fundir na sua
E ser só uma

Tenho saudade de você
Porque eu te quero comigo
Do meu lado
Sempre

Vem!
Diz que quer também!

(Erica Ferro)

Por quê?

em quinta-feira, agosto 09, 2012
- O que há com você, moça? Tá diferente. 
- Diferente como?
- Não sei... meio triste, meio calada, meio... amarga.
- Triste? Calada? Amarga? É, eu ando meio triste, por isso ando calada. E, olha, eu não sou diamante negro, mas ando meio amarga. Mas... você pergutando isso? Pensei que não se importasse comigo, com o que eu sinto. 
- Por que você achou isso? 
- Porque você é o motivo da minha tristeza, do meu súbito silêncio e desse meu amargor. Tudo o que você tem feito é pra me deixar triste, pra me machucar. Você sabe disso. Só não entendo a razão. Você gosta de me ver penar? Você sabe dos meus sentimentos, e por que pisa neles? Por quê? Se não os corresponde, pelo menos não desdenhe deles. Agora eu é que pergunto: o que há com você, moço?

Erica Ferro

A Lista

em sexta-feira, julho 27, 2012
Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás 
Quantos você ainda vê todo dia 
Quantos você já não encontra mais... 

Faça uma lista dos sonhos que tinha 
Quantos você desistiu de sonhar! 
Quantos amores jurados pra sempre 
Quantos você conseguiu preservar... 

Onde você ainda se reconhece 
Na foto passada ou no espelho de agora? 
Hoje é do jeito que achou que seria 
Quantos amigos você jogou fora? 

Quantos mistérios que você sondava 
Quantos você conseguiu entender? 
Quantos segredos que você guardava 
Hoje são bobos ninguém quer saber? 

Quantas mentiras você condenava? 
Quantas você teve que cometer? 
Quantos defeitos sanados com o tempo 
Eram o melhor que havia em você? 

Quantas canções que você não cantava 
Hoje assobia pra sobreviver? 
Quantas pessoas que você amava 
Hoje acredita que amam você? 

(Oswaldo Montenegro)
Precisa dizer mais alguma coisa?


Postado por Letícia Christmann

é assim mesmo

em domingo, julho 15, 2012
eu não deveria
mas eu sinto a tua falta
eu te quero perto
bem perto
sempre

eu não sei
mas acho que eu te amo
acho que eu te amo muito
acho que eu te amo tanto
tanto...

perco a noção do quanto
é que eu te amo de um jeito tão louco
tão imenso

eu te quero aqui comigo
agora e sempre

parece romântico demais, eu sei
bobo demais, também sei
mas é que o amor é assim mesmo

e das bobas apaixonadas eu sou a maior

(Erica Ferro)
 

Eu hoje tive um pesadelo,

em domingo, junho 24, 2012


Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou consolo..
Hoje eu acordei com medo, mas não chorei.
Nem reclamei abrigo.
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro.
Senti um abraço forte, já não era medo.
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás...
Ney Matrogrosso - Poema

Mais uma daquelas músicas que, 
por hoje,
 falam por mim...
Postado por Letícia Christmann



A bicicleta

em sábado, junho 02, 2012

Andava devagar pela avenida. Ouvia o rangido da corrente da bicicleta, precisava passar alguma graxa ali, mas era apenas uma constatação inútil. A brisa batia levemente no rosto, o Sol estava se pondo, algumas folhas caíam das árvores, tornando o espetáculo ainda mais bonito. Resolveu comprar um suco, destes que juntam laranja, maracujá e abacaxi e fica bom, e sentou em algum banco, a fim de observar o espetáculo.Sentia-se sozinha, a escuridão crescente trazia consigo o frio da noite, e então notou que a bicicleta não tinha os adesivos luminosos. Era perigoso voltar pra casa assim, depois do escurecer. O suco, no fim, parecia mais ácido, áspero, inconsumível.
A noite trazia consigo aquele frio na barriga, aquela necessidade de um abraço forte, das mãos dadas, dos olhares presos um no outro. Enfim, aquilo que o coração pede e que só um outro corpo pode oferecer.
Olhou novamente a bicicleta: precisava fazer uma revisão, urgente. Graxa, adesivos luminosos... Quem sabe trocar os pneus, dar uma arrumadinha no pedal, ou até trocar a cor... Os adesivos de borboletas já estavam meio desbotados, a cor, antes um preto brilhante, fosco. Até os freios estavam desgastados, que perigo!
Percebeu a si própria... Cada mudança na bicicleta deveria ser espelhada numa mudança de si mesma. Renovar, reinventar... 
(R)Evolução!

Letícia Christmann

Do impossível

em terça-feira, maio 22, 2012
Cansei-me dessa vida fel
Transmutei tudo em mel

Joguei fora as minhas flores de papel
Plantei lírios
Colhi margaridas
Cheirei rosas

Comprei um litro de vinho
Me embriaguei com poesia

Sonhei amando-te sob a luz do luar
No meu delirante sonho, eras meu

Acordei em prantos
Toda desencantos
Com o gosto amargo do impossível
no céu da boca

Erica Ferro

Estação

em sexta-feira, maio 04, 2012
- Tomou um chá de sumiço!!
Desesperada ela olhava em volta e o procurava, mas por onde os olhos passavam naquela estação de metrô, não o via mais. Virava-se para trás, novamente para frente, observava com atenção as catracas, mas apenas rostos desconhecidos, por todos os lados.
Ele estava ali no instante anterior, aquecendo-a, rindo, brincando. Mas algo se perdeu em pouco tempo, e ela sentia que seu mundo ruíra aos poucos. Por fim, o golpe fatal: ele anunciara que não poderia mais ficar, pegara sua mala e se retirara do mundo dela.
Afinal, onde errara? Se apegara tanto... Amara da melhor maneira que pôde. Não poderia acreditar que eles não foram felizes, ainda que outrora... E que isso não fizera bem para ele também. Porém, o viu se afastar, com a mala em uma mão (em que a aliança não mais brilhava entre os dedos) e ela ficara ali, perdida entre desconhecidos e, quando caíra em si estava agoniada, procurando por ele.
Pode ser que os olhos cheios de lágrimas não a ajudaram a enxergar, a procurar direito. Colocara as mãos nos bolsos, incapaz de arredar os pés da estação. Achara uma carta dele, com poucas palavras:
"Minha querida, estava tudo perfeito demais. O mundo não é assim. Preciso ver o que está errado. E não posso levá-la para o abismo junto comigo. Este é o começo do fim. E precisamos ser fortes nessa caminhada. Me odeie, por favor. Quem sabe um dia não nos encontremos novamente, mais maduros, menos felizes, sabendo de todas as imperfeições do mundo. Eu te amo, pra sempre. E levo seu sorriso, mas também toda sua agonia, raiva e suas lágrimas desse último momento."
Não conseguia odiá-lo. Mas também não o entendia. Enquanto as pessoas passam a vida procurando o grande amor, ele se desfazia de um para descobrir a podridão do mundo. Talvez o amasse mais por causa disso. Mas sentia que ele estava sendo injusto consigo e com ela.
Por fim, pegara o primeiro trem que vira, sentara-se e rumara ao desconhecido. Começaria em outro canto, onde o destino a levasse. O coração sufocado, o olhar distante. 
Nunca mais fora a mesma. Mais um pontinho de tristeza e infelicidade no mundo.
Nunca mais o vira.
"Não esconda a tristeza de mim, todos se afastam quando o mundo está errado. Quando o que temos é um catálogo de erros, quando precisamos de carinho, força e cuidado. Este é o livro das flores. Este é o livro do destino. Este é o livro de nossos dias. Este é o dia de nossos amores."
(O Livro dos Dias - Legião Urbana)


Letícia Christmann

Vem!

em domingo, abril 01, 2012
É você, entende? É você que faz esse meu coração besta disparar enlouquecidamente.
E é tão idiota revelar isso, porque, sei lá...
É tão piegas fazer juras de amor, mas, diabos, como vou viver sem fazer-te juras de amor?
Quando eu penso em amor, eu penso em você.
Quando eu penso em poesia, eu penso em você.
Quando eu penso em poesia, eu sorrio. Você faz as poesias mais lindas. Sempre.
Escrevendo ou simplesmente abrindo o seu sorriso que, por mais que clichê que isso soe, ilumina os meus dias sombrios. Seus olhos são poesia. Você, por inteiro, é a mais linda poesia.
Amo-te, e precisava, desesperadamente, revelar-te isso.
Amo-te e quero ser quem que compartilhará de todos os momentos da sua vida.
Vem, vem sem medo, quero-te bem, tão bem.
Vem, abraça-me e vamos poetizar pela vida.
Vem! 

Erica Ferro

Num domingo a tarde...

em
"Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiante te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.
Talvez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo."
Pablo Neruda

PS- Não importa quando, 
ele sempre consegue falar por mim.
Postado por Letícia Christmann

Poeta

em quinta-feira, março 15, 2012
Ele não é bom com as palavras, mas faz poemas em seu corpo.

(Karol Coelho)

E então serás eterno.

em quarta-feira, março 07, 2012
Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acaba todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno .

Cecília Meireles

Postado por Letícia Christmann

Chá de sumiço

em quarta-feira, fevereiro 08, 2012
To afim de sumir no mundo
De ver o pôr-do-sol
De ver o sol nascer
De caminhar sozinha
Ou com você
E mais ninguém


To querendo chorar de saudade
Desejando fazer bondade
Andar com os pés descalços
E com os nós desatados


To querendo novas lembranças
E ganhar outros amigos
Presente bom é o teu sorriso
E eu quero mudar
Ir, quem sabe, para um paraíso

To afim de sumir no mundo
De chorar de saudade
Criar novas lembranças
E ganhar todo dia o teu sorriso
Isto nos transformará em paraíso


E por enquanto, preciso tomar, apenas, um chá de sumiço.

Karol Coelho

Não me venha com meias palavras,

em segunda-feira, janeiro 30, 2012
Mesmo se vier com elas, seu olhar complementará, o jeito de me abraçar esclarecerá. Esse seu jeito de querer dizer muito, falando pouco, me encantou. Mas agora preciso saber mais, ouvir mais, entender mais. Você sabe que minha cabeça funciona a mil, e suas palavras não ditas, quase sempre, me deixam mergulhada numa confusão não necessária.
É estranho, seu jeito de olhar me prende, me olhando de cima abaixo sempre que tem oportunidade. O modo como pára a mão na minha perna quando dirige, e quando toma cuidado pra nada de errado acontecer. Seu jeito de sorrir quando faço algo bobo, de me abraçar, de fazer carinho. As mensagens de bom dia e de boa noite. A saudade, que aparece a cada tchau.
Não me venha com meias palavras.
Eu te amo.
E isso não se diz com meias palavras.


Letícia Christmann

Pingos d'água

em sexta-feira, janeiro 27, 2012
Chuvisco com cheiro de chá
Chaveiro da minha paixão
Cachaça não evita chôro
Achei minha chave no chão

O cheiro da chuva chamou
Aconcheguei-me no meu colchão
A chuva encharcou meu sono
Cheguei a sonhar de coração

Karol Coelho

Porque cantamos

em terça-feira, janeiro 10, 2012
(Mario Benedetti)


Se cada hora vem com sua morte
se o tempo é um covil de ladrões
os ares já não são tão bons ares
e a vida é nada mais que um alvo móvel


você perguntará por que cantamos


se nossos bravos ficam sem abraço
a pátria está morrendo de tristeza
e o coração do homem se fez cacos
antes mesmo de explodir a vergonha


você perguntará por que cantamos


se estamos longe como um horizonte
se lá ficaram as árvores e céu
se cada noite é sempre alguma ausência
e cada despertar um desencontro


você perguntará por que cantamos


cantamos porque o rio esta soando
e quando soa o rio / soa o rio
cantamos porque o cruel não tem nome
embora tenha nome seu destino


cantamos pela infância e porque tudo
e porque algum futuro e porque o povo
cantamos porque os sobreviventes
e nossos mortos querem que cantemos


cantamos porque o grito só não basta
e já não basta o pranto nem a raiva
cantamos porque cremos nessa gente
e porque venceremos a derrota


cantamos porque o sol nos reconhece
e porque o campo cheira a primavera
e porque nesse talo e lá no fruto
cada pergunta tem a sua resposta


cantamos porque chove sobre o sulco
e somos militantes desta vida
e porque não podemos nem queremos
deixar que a canção se torne cinzas.


                 2011                                           1970

Ps. Este é em homenagem aos últimos acontecimentos na Usp.
Postado por Letícia Christmann

Tempo vem, tempo vai

em sexta-feira, janeiro 06, 2012
Revesam, sem parar, as estações
Cai chuva, levanta gente
Queima sol, água'rdente
Noite escura, lua fria
Nua como sempre,
branca como nunca,
Cheia como às vezes
Rege o mar, quebra onda
Alaga vidas
Esvazia nuvens
Limpa o céu
Sopra o vento
Nova semente
Cresce e desabrocha
Minguante, apaga

Karol Coelho
 
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