Ela tem pressa

em terça-feira, dezembro 27, 2011
Esses dias confusos
de melancolia
de agonia
Esse sol brilhante e quente
que me convida
À vida
Um brinde à vida
Hora de abrir os braços e me jogar
desse penhasco chamado medo
e cair sem receio ao
que me espera
Ignorarei a cisma do desconhecido
porque eu própria não
me conheço
Eliminarei o desassossego
de dentro da minha mente
Empunharei a espada
e escutarei o chamado apressado
da vida
Até à vista

Erica Ferro

*2011 não poderia acabar antes de eu postar algo
 aqui no Pensamentos Devaneantes.
Saudade daqui e das minhas amigas de blog.
Feliz ano novo a todos!

Pois é,

em quinta-feira, dezembro 15, 2011
Seu abraço me deu a sensação que seria pra sempre.
Nossa telepatia, unindo o que sentimos ao que queríamos compartilhar me dava segurança, o sorriso da chegada, as conversas de saudade. Pois você foi me mostrando, aos poucos, o que é ser de outro sem, na verdade, pertencer ao mesmo, e o quanto essa liberdade nos faria bem. Fez. Mas eu sinto que quero mais. Mais cuidado, mais ligações, mais comprometimento.
Tenho a impressão que cheguei no nosso ponto de discordância fundamental nisso tudo: comprometimento. Sei que as centenas de km's que nos separam são um empecilho. Sei que os modos de vida completamente distintos são uma grande barreira. Sei que nossas noites infinitas, na realidade tem um fim, mas são tão surreais que ainda me dá um friozinho na barriga pensar nelas.
Só queria poder pular o muro desse beco sem saída. Te encontrar do outro lado, te dar minha mão e seguirmos caminhando, sem saber pra onde, com os dedos entrelaçados.
Seu abraço ainda me dá a sensação de que será pra sempre.

Letícia Christmann

Mágoa

em sexta-feira, dezembro 02, 2011
Sei que seria injusto reclamar de tudo, porque tenho um amor que me faz companhia, que me sorri sincero e me dedica sua alegria. Não sou sozinha. Mas sinto falta dos tempos que me parecem nunca terem existidos: eu tinha amigos.

Karol Coelho

Dos devaneios de quem ama

em sábado, novembro 12, 2011
Cansei de correr atrás das borboletas. Cansei de cuidar do jardim. Cansei de amar assim, sem reciprocidade. Cansei. Cansei desse jogo complexo chamado amor. Cansei de amar e só receber indiferença em troca. Meu caro ser amado, custa se importar um pouco sequer com a minha pessoa? Custa me ligar, uma vez que seja, para perguntar como foi o meu dia; se eu ainda tenho os mesmos sonhos, os mesmos planos, os mesmos medos? Penso se deve ser tão árduo assim oferecer a sua mão nos momentos em que mais preciso de um apoio, de um ombro amigo, dessas coisas que a gente precisa sempre porque a vida, meu amor, não é um mar de rosas não. Sinto-me o pior dos seres humanos por essa necessidade de querer amor em troca. Dizem que, quem verdadeiramente ama, não pede nada em troca. Nada. Absolutamente nada. Contenta-se em amar pelo prazer de amar. Cuida pelo simples prazer que sente em cuidar do outro. Então, infelizmente, eu nunca amei. Não, não que amar você não seja a melhor coisa do mundo, meu raio de sol. Não que eu não sinta uma satisfação incrível em cuidar de você, meu querido. De segurar a sua mão quando você se sente inseguro, temeroso ou qualquer coisa assim que precise de meu apoio sincero e incondicional. Eu adoro estar perto de você. Eu adoro fazer-lhe bem. Mas será que peço demais quando imploro um pouco de aconchego, de colo, de ombro, de abraço, de beijo, de caminhar juntos, de conte comigo, meu amor? Ah, meu bem, eu estou tristemente cansada... Ansio por uma ligação sua, um cartão-postal, uma rosa. Sei lá, queria que você tocasse a campainha da minha casa, colocasse um bilhetinho por debaixo da porta com os dizeres "Hoje eu senti uma falta sufocante de você, por isso resolvi vir aqui, lhe ver...", então abriria a porta e você me abraçaria forte e carinhosamente, ao mesmo tempo, assim como parece ser, confuso, intenso, só nosso. O amor que só a gente entenderia. Amor esse que dispensa explicações. Amor que se sente dentro, assim, do lado esquerdo do peito.




Erica Ferro



Por / Acreditar

em segunda-feira, outubro 31, 2011
Olha, não dá.
 -
   Eu canso com pouco;
   Pouco a pouco;
   dia-a-dia,
   da mesmice,
   em que a gente se perde.
                                                -

Quem vive POR outro vira escravo:
De outro patrão;
outro namorado/a;
outro amigo;
outro Estado;
outra historinha infeliz.
                                                    -
Os que ACREDITAM no outro, viram parceiros:
Formam a equipe;
Se amam, verdadeiramente;
Constroem a história;
Fazem acontecer.

(Alexandre Alkmim Duro)

ps. São poucos, raros, os que conseguem falar por mim.
Transmimento de pensação saca?!

Postado por Letícia Christmann

PROMISSÃO

em sexta-feira, outubro 28, 2011
Talvez não passarei disso
E serei assim, simplesmente,
Meramente
Mente pouca
Braços curtos
Pernas trêmulas
E um medo absoluto
De ser o que quero
De estar onde espero
De fazer o sucesso
Para meu próprio umbigo
E meu sonho se desvai
E a menina foi apenas promitente
"Ela seria assim ou assado
Se fizesse isso ou aquilo", dirão
E mais um mundo acaba 
Sendo nada mais que um espaço
Cheio dos outros, vazio de si mesmo

(Karol Coelho)


Love Is Strong

em quarta-feira, outubro 26, 2011
A glimpse of you
Was all it took
A stranger's glance
It got me hooked
And I followed you



Postado por Erica Ferro

Enquanto sós - Maglore

em segunda-feira, outubro 24, 2011

Se esse sol não vier
O amanhã é pouco pra dizer que é só ilusão
A escuridão
Se essa cor não vier
Preto e branco é todo universo de habitação
Pra se perder, se achar e se entender
Pra reviver
Eu só queria ter você no coração
Sem ter toda essa tristeza
Em que pese ser amor
Nunca temos a certeza
De que estamos sós, até o fim
Toda dor pesa a fé
De que um dia o tempo feche essa cicatrização
Sem dar vazão...
Mas toda paz é tão certa
Quanto a alegria de saber lidar com a solidão
E perceber, na realidade crer
Pra renascer
Eu não queria emudecer com a razão
E emitir tanta frieza
Se pudesse ser mais são
Ia ver toda beleza
De que enquanto sós...
Somos união

Um ótimo achado, essa banda!
Postado por Letícia Christmann

Assim, por inteiro

em sábado, outubro 15, 2011
Eu gostei de você desde a primeira vez

que eu te vi com aquela camisa

dos Beatles, com o seu jeans

meio rasgado, meio desbotado,

meio folgado

Eu me apaixonei por esse seu cabelo

meio desgrenhado, essa cara meio

amarrotada, de quem passou a noite

acordado, insone, escutando rock'n'roll

e praguejando contra o amor

Eu quis você desde a primeira vez

que eu vi esse seu sorriso lindo,

assim, com esses dentes brancos,

nem pequenos nem grandes demais,

e sim na medida exata pra tirar a minha paz,

Sorriso esse que me leva da Terra ao

Paraíso, só pra depois me jogar

impiedosamente ao Inferno.

Cá estou, ardendo numa caldeira

chamada Paixão, desvanecendo aos poucos

te querendo infinitamente mais do que ontem,

e dessa vez, por inteiro



(Erica Ferro)

♫ Que país é esse? ♫

em quinta-feira, outubro 06, 2011
Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

No Amazonas, no Araguaia iá, iá,
Na baixada fluminense
Mato grosso, Minas Gerais e no
Nordeste tudo em paz
Na morte o meu descanso, mas o
Sangue anda solto
Manchando os papeis e documentos fieis
Ao descanso do patrão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

Terceiro mundo, se foi
Piada no exterior
Mas o Brasil vai fica rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos indios num leilão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

(Renato Russo)

* * *
* * *

Postado por Erica Ferro


O Menino-Varrido

em sexta-feira, setembro 23, 2011
(inspirado em 22:11)

O sol não estava lá. Havia algo fora do lugar no amanhecer do pequeno vilarejo. A menina-de-trança foi até a janela investigar o que sucedia. O velho-de-bengala consultou o serviço meteorológico no rádio-amador. A senhora de chapéu azul turquesa abriu o jornal em busca do horóscopo enquanto sua filha-namoradeira desenhava uma interrogação em cada olhar. O menino-varrido nem deu conta do que se passava, mas ele também nunca expressava a menor reação diante dos problemas coletivos. Era metido a cientista, o menino. E toda gente comentava das experiências químicas e místicas que ele praticava. Era meio-autista, meio-bruxo, meio-magro. Dedicava seus dias a bolar truques de mágica que nunca davam certo. Mantinha-se recluso em seu mundo de experimentações e não lhe sobrava tempo para manifestações como aquela que acontecia lá fora naquele momento. O fato é que toda a comunidade saiu em protesto. O bafafá tomou corpo quando, finalmente, olharam pro céu e deram por falta dos raios solares que até então nunca haviam se ausentado do rotineiro amanhecer local. O astro-rei não estava lá, tinha tomado um chá-de-sumiço. E cada boca sussurrava: "Onde estará? Onde estará?". Foi quando o menino-varrido saiu gritando à toda gente. Ele estava radiante pois havia realizado sua primeira mágica bem-sucedida. As palavras atropeladas brotavam de sua garganta como buquês de felicidade. E nessa hora todos olharam pra dentro dele. O sol estava lá.

Maíra Viana em O Teatro Mágico em Palavras

(Postado por Letícia Christmann)

Chega!

em sábado, setembro 03, 2011
Chega! Os meus sonhos não serão mais frustrados, nem por mim nem por ninguém. Não permitirei que me contaminem com descrenças vãs. Eu tenho em mim toda a força do mundo, eu sei que tenho. Eu sei também que sou capaz de ser qualquer coisa que eu queira ser. Preciso apenas ser obstinada, focada, extremamente centrada. Preciso sonhar e trabalhar arduamente em prol da realização dos meus sonhos. E eu estou trabalhando como nunca antes. E eu sei que daqui a um tempo eu terei triplicado, quadriplicado essa rotina de trabalho. Trabalho gostoso, trabalho satisfatório, trabalho que me dará lindos frutos, eu sei disso. 
Adiar-se é uma das maiores bobagens do mundo. Jamais adie-se. Não deixe pra depois o que se pode fazer hoje, tal ditado é a pura verdade. A vida é curta para ser gasta com adiações. Seja feliz hoje, agora, já! Porque sonhar é gratuito, correr atrás dos sonhos também é de graça, mas o que custa caro é perder toda uma vida por medo de tentar algo novo.

(Erica Ferro)

Passagem

em terça-feira, agosto 23, 2011
O tempo leve
Me leva
E se arrasta lento
Ilusão!
Meus sonhos lava

Então me tome
Não tema
Antes que a morte me toma
E a mim não tenhas
E me esqueças

(Karol Coelho)

Para você,

em segunda-feira, agosto 08, 2011
Foi de relance que vi aquele sorriso. Era raro, calmo, sereno, verdadeiro. Falava com tranquilidade, enquanto media esforços para prestar atenção nas palavras desenfreadas que saíam de minha boca, algumas sem sentido, outras claras demais. Gostava de olhá-lo observar as coisas, os olhos passeando de um lado para o outro, mas sempre pousando nos meus, sem desviar mais.
Os dedos entrelaçados no teatro, no cinema, nas ruas. Andávamos conversando, observando os prédios enormes, deixávamos as marcas na cidade cinza, que até parecia mais colorida do que nunca. Letreiro mostrando as horas, trailer de exposição, precariedade do transporte público, tudo e absolutamente tudo era assunto.
A noite, então, infinita. Dessa vez o sorriso apareceu mais vezes, regado a goles de cerveja e beijos entre conversas. A cama mais quente, as gargalhadas mais altas, e, por fim, o beijo de boa noite.
E o beijo de boa noite foi quase o mesmo que o beijo de despedida. Calmo, sereno, verdadeiro, raro, quente e carinhoso. Mas, ainda assim, era o de despedida... E o gosto salgado invadiu a boca de ambos, com soluços entre cortados e o coração acelerado, e apertado. Mas, em seguida, o amargo do adeus.
Adeus, meu outro amor. Espero que nos encontremos algum dia. Em algum lugar. Prontos para mais um beijo raro. E um sorriso raro.


"Seu sorriso é o que eu preciso e quanto ao resto, eu juro, tanto faz...
Seu sorriso é o que eu preciso pra abraçar o mundo e muito mais...
Seu sorriso é o que eu preciso pra apagar a dor... Da saudade!"
Móveis Coloniais de Acaju - Dois Sorrisos

Letícia Christmann

Pense

em quinta-feira, julho 28, 2011
Quem é você?
Por que você é assim?
Por que você não é de outro jeito?
Você pode ser de outro jeito?
E por que você pode ser de outro jeito?
E por que não é de outro jeito?

Por que sim?
Por que não?
O que importa?
O que não importa?
O que te falta?
O que te sobra?

Pare
Pense
Repense
Pense novamente
Reveja os seus conceitos
Abandone seus pré-conceitos
Duvide dos seus medos
Cante e espante seus pesadelos
Mude de rota
Mude de roupa
Mude!
Transforme-se
Evolua

(Erica Ferro)

De uns tempos pra cá...

em sábado, julho 23, 2011
Vamo vamo, minha gente
stamo em tempo d'eleição
o rico enxerga o pobre,
dis adeos, apert'a mão.
-
Nos prometem bo'estrada
muita agua - chafariz
e os bobo cá da roça
acredit'o que elles diz.
-
Vamos tê cadea nova,
lampião pelas esquina
uma estrada de Guapor,
Lá pr'a provincia de Mina
-
A igreja nen se fala -
vai piá muito dinhêro
mais depois de dad'o voto
fica tudo no tintêro.
-
O caipira só tem carta
quando é tempo d'eleição
se o graúdo ve os pobre
dis adeos, apert'a mão.
-
Venha votá comigo,
qu'eu te dô cavalo bão,
e depois que tudo passa
o caipira é bão ladrão.
-
Inda há caipira bobo
qu'escuta as oração
e por causa d'isso tudo
eu não dô meu voto, não.

Manoel A. Galvão

Ps. Este texto foi vinculado no primeiro jornal de São Paulo,
que se chamou Almanach Litterario de São Paulo,
que circulou entre 1876 a 1885.
E aí, as coisas mudaram muito?

Postado por Letícia Christmann

Pra depois.

em quinta-feira, julho 14, 2011
Deixa, deixa pra depois.
Estamos no outono, e está na hora das coisas começarem a morrer, de fato.
Deixa, é bom tudo poder se renovar. Quero ver o verde mais vivo, o sangue mais vermelho.
Saiba então, é no outono que as coisas são permitidas a renascer, mas talvez seja a parte mais dolorosa, porque o que já perdurou tempo demais precisa morrer.
Entenda, estou me preparando para o inverno, que o tempo vai fechar e eu realmente vou saber o que é sentir falta de um céu azul, de um carinho, de um afago.
Fica tudo muito escuro, a neblina desce e não dissipa. Não há vinho que esquente.
O coração parece partido, e a companhia é mais que necessária. O inverno é sombrio, é a parte do ciclo que não faz questão do sol, mas cultua o abismo. A prece é por um pouco de calor.
Deixa, deixa o inverno passar, que atrás dele vem a primavera.
A estação das flores, do colorido, das brisas suaves, dos perfumes diversos.
É nela que encontrarei amores, reafirmarei amizades, desvendarei meu mundo.
Então, assim simples, as coisas renascem, o sol volta a aparecer, o sol brilha mais forte.
Depois da primavera, eu sei que vem o verão.
E bem, depois de tudo, do verão eu não sei o que esperar.
Deixa, deixa o verão pra mais tarde.

Letícia Christmann

Caos

em sábado, julho 09, 2011
Eu ando irritada. Caminhos errados, escolhas estranhas. A ponta da faca parece mais próxima do meu peito, me impedindo de respirar fundo e olhar o horizonte (que seja!) aliviada. Entrelaço meus dedos na taça, um gole depois do outro. A cor do vinho me atrai. Talvez represente o mesmo tipo de atração que minha sobrinha sente pela beterraba, com seu gosto adocicado. Não sou mais criança. Me interesso pelo vinho, pela conversa, pelo olhar.
Eu ando irritada. Percebo que não consigo formular um pensamento completo, não consigo articular as palavras, não consigo saber o que estou sentindo. Confusão. Caos. Por todo o lado, coisas desconstruindo-se, e o desconstruído há muito, reconstruindo-se, mais firme, mais forte. Como diria Neruda, "é tão curto o amor, e tão longo o esquecimento".
Eu ando irritada. De vez em quando, me sinto uma estrangeira. De certo, sou uma. Sem reconhecer nada em volta, sem fazer questão de me sentir em casa em lugar nenhum. Não me sinto, não finjo. E não fujo, apesar de me sentir uma fugitiva.
Eu ando acuada. Não sei direito o que fazer e, ainda, aquela faca espeta meu peito mas eu, sinto muito, preciso respirar fundo, deixar o ar inundar meus pulmões e o coração acelerar. O sangue escorre, há uma marca agora no meu peito, o coração está ali pra quem quiser ver.
Eu, agora, estou resolvida: já sei, a vida é hoje, é agora. E é com ou sem você.

Letícia Christmann


A um alguém

em domingo, julho 03, 2011
Está apenas na hora de fazer as coisas por você. Erga a cabeça e entenda de uma vez por todas: não seja um super herói pelos outros, e sim por você. É o momento em que não importa como as pessoas te olhem, como te julguem, o que elas pensam de você. Aja, reaja! Tome coragem, rapaz!
O caminho exige que você tropece, mas também que você levante. Olhe mais longe, enxergue mais perto. Sinta. Mostre os dentes. Chore. É realmente assim que é. Olhe em volta, você acha que nenhuma dessas pessoas passaram por algo que você está passando? Como elas continuaram? Como continuam? Como ainda podem sorrir?
Deixe para lá seu pseudo reinado da dor e pense. Seu olhar expressa muito mais as palavras que você não consegue dizer, o sentimento que não faz transparecer, a vontade de estar junto que não deixa inundar.
Entenda! Se você tivesse me olhando agora, perceberia a angústia no meu olhar. Percebe? Espero as suas palavras não ditas. E sabe tão bem quanto eu, um abraço e um afago resolveriam boa parte do nosso impasse.

Letícia Christmann

Sobre eu

em domingo, junho 26, 2011
Marcações de tempo,
de passos,
de território.
Lembranças de sorrisos,
de risos,
de amores.
Dores de saudades,
de brigas,
de arrependimentos.
Vontades de ter,
de tocar,
de sentir.
Ânsias de ver,
de olhar,
de abraçar.

Tenho muitos quereres,
Pra continuar a andar,
a querer, mesmo,
e a viver.

Letícia Christmann

Curinga

em domingo, junho 19, 2011
Eu sabia que esse dia chegaria. Os olhos brilharam, com lágrimas nos cantos dos olhos, mas não permiti que nenhuma rolasse. Prometera a mim: não choraria mais. Aos poucos, soubera se recompor e a cabeça erguida (sempre!) fazia parte de si. Os olhares se encontravam de vez em quando sim, mas sempre desviava afim de não deixar mais a dor aflorar. Superara. Sentia-se feliz com isso. Mas, ainda sim a voz tremulava de vez em quando, e pensava no beijo de boa noite com saudade quando deitava só para dormir, especialmente no frio. Sentia falta de muitas coisas, mas entendera que, para si, tudo já estava no passado. A saudade sempre fora sua eterna companheira, e continuaria sendo. Sentia-se agora como o curinga: de vez em quando, bobo da corte, outrora indispensável. E os dias continuariam seguindo, como deveria ser. Desmoronara, mas se reconstruíra. E assim seguiria sendo. O curinga de um jogo, ganhando ou perdendo continuaria a jogar. Nunca se sabe em qual esquina encontraria um novo amor. Afinal, pra que esperar? Sigo, apenas sigo, sem ilusões, com cicatrizes e decepções. Mas a cabeça erguida, o sorriso no rosto e a saudade no coração.


"Se eu fosse embora agora, será que você entenderia que há um tempo certo para tudo, cedo ou tarde chega o dia.
Se eu fosse sem dizer palavra, será que você escutaria o silêncio me dizendo que a culpa não foi sua.
É que eu nasci com o pé na estrada, com a cabeça lá na lua.
Não vou ficar, fiz bandeira desses trapos, devorei concreto e asfalto.
Tenho feito meu caminho, volta e meia fico só. Reconheço meus defeitos, e o efeito dominó. Mas se eu ficasse ao seu lado, de nada adiantaria.
Se eu fosse um cara diferente, sabe lá como eu seria.
Fiz o meu caminho, devorei concreto e asfalto.
Não vou ficar."
(Engenheiros do Hawaii - Concreto e Asfalto)

Letícia Christmann

Maldito seja o dia dos namorados

em quinta-feira, junho 09, 2011
Pois era assim que acontecia, sabia que nem sempre se enganava. Ele fingiu se importar com o fim e, no seu íntimo, ela sabia porquê. Não, não tinham sido feitos um para o outro. Pensavam diferente, agiam diferente, tinham uma concepção de mundo diferente, e quase nunca se davam extremamente bem. Porém, eram nessas noites frias e carentes que a falta apertava. Nunca parecia que o fim tinha sido por um motivo tão bobo quanto nas madrugadas intermináveis de rolar na cama. Era na carência que o calor fazia mais falta, o afago parecia tão querido, e o frio, gélido. Lembrava de flashs, de momentos de risos verdadeiros, de felicidade quase plena.
Estava confusa. Não aceitava as mãos uma vez suas em outro alguém, as mesmas palavras, as divisões de mesmos momentos que, por sua vez, pareciam tão somente dos dois. Era estranho. Era dela, não mais. Mas sabia, nem sempre se enganava, sua intuição dizia a verdade, na maioria das vezes. Pena que, quando a verdade é realidade, vista e sentida, querendo ou não ela machuca. E mais e mais e mais uma vez: cama vazia, gelada, o mesmo rosto no espelho, o mesmo sorriso aos amigos, e a sobra da falta.

“E a vida existe e é realmente bonita. E se renova. Tem lados de luz.”
Caio Fernando de Abreu

Letícia Christmann

É simples...

em domingo, junho 05, 2011
Não fico sem fôlego sabendo que ele está comigo
É o sentimento mais puro o que sinto agora
Não há nada que me queime por dentro
Apenas uma brisa suave que toca meu rosto
Fecho os olhos e penso nele
E ao abri-los desejo estar ao seu lado
É simples
Não existe embaraços
Fizemos os nós
E não queremos nos desatar
É um laço singelo
A canção brega faz todo sentido agora
E dizer "te amo" é resumir tudo
Melodia perfeita que preserva o silêncio
Mas que preenche o vazio dos nossos corações


(Karol Coelho)
Quero daqui a anos dizer que esse sentimento ainda
cabe em mim.

Sapato Velho - Roupa Nova

em quinta-feira, maio 19, 2011
Você lembra, lembra!
Daquele tempo
Eu tinha estrelas nos olhos
Um jeito de herói
Era mais forte e veloz
Que qualquer mocinho
De cowboy...

Você lembra, lembra!
Eu costumava andar
Bem mais de mil léguas
Prá poder buscar
Flores-de-maio azuis
E os seus cabelos enfeitar...

Água da fonte
Cansei de beber
Prá não envelhecer
Como quisesse
Roubar da manhã
Um lindo pôr-de-sol
Hoje não colho mais
As flores-de-maio
Nem sou mais veloz
Como os heróis...

É! Talvez eu seja
Simplesmente
Como um sapato velho
Mas ainda sirvo
Se você quiser
Basta você me calçar
Que eu aqueço o frio
Dos seus pés...




Postado por Letícia Christmann

São águas passadas, escolha uma estrada e não olhe pra trás.

em quarta-feira, maio 04, 2011


Prometera não chorar mais. Depois de muito tempo, entendeu o pecado do olhar pra trás. Naquele dia, foi firme. Pelo menos, o quanto podia. Chorara durante a conversa, sim. Sentia o rosto arder enquanto subia a rua dos mortos. Não podia se entregar assim, o mundo continuaria o mesmo. A toca da blusa de frio protegia os olhos inchados. Mas não faria muita diferença. Ele não puxara o braço dela, ele a deixara ir. E seria pra sempre dessa vez.

Sabia... O sorriso deveria continuar o mesmo, o olhar o mesmo. O tempo sempre curara o coração machucado. E aprenderia, assim como já aprendera antes, a lidar com a fase da cicatrização, e por fim, das cicatrizes.

O que não entendia, por enquanto, é porque ele a deixara ir. Sabia que não ia fazer muita diferença, talvez doesse mais saber da verdade por completo, nua e crua.

Não importa. Levantou, ergueu a cabeça, derrubou as últimas lágrimas e foi-se embora. Não olhou para trás. Não devia olhar pra trás. Não podia. Nenhum pedaço mais poderia ficar ali, nenhum olhar, nenhuum resquício de arrependimento. Precisava ir embora por completo. E assim o fez.

"Se sou amado, quanto mais amado, mais correspondo ao amor. Se sou esquecido, ... devo esquecer também. Pois amor é feito espelho: -tem que ter reflexo." (Pablo Neruda)

Letícia Christmann

Faz Parte

em terça-feira, abril 19, 2011

(Engenheiros do Hawaii)


Por um pedaço de pão, por uma estória pra contar
Por acaso, por um triz, só pra contrariar tua direção
Tua mão a indicar o rumo certo, o caminho mais curto

Não vou agora, não: não quero te encontrar
Preciso me perder como preciso de ar

Perder o rumo é bom se perdido a gente encontra
Um sentido escondido em algum lugar

Devolva-me o que você levou... ou
Leve-me contigo: perca-se comigo

Sempre me perco pelas mesmas ruas
Não trago mapas, não leio as placas
Não sigo pegadas quando sei que são tuas

Não vou agora, não: não quero te encontrar
Preciso me perder como preciso de ar
Se perdi o tom foi pra escapar da tua atração:
Canto de sereia em alto mar

Devolva-me o que você levou... leve-me contigo: perca-se comigo

(Postado por Letícia Christmann)

De que serve a bondade

em segunda-feira, abril 11, 2011
(Bertold Brecht) I De que serve a bondade Quando os bondosos são logo abatidos, ou são abatidos Aqueles para quem foram bondosos? De que serve a liberdade Quando os livres têm que viver entre os não-livres? De que serve a razão Quando só um sem-razão arranja a comida de que cada um precisa? II Em vez de serdes só bondosos, esforçai-vos Por criar uma situação que torne possível a bondade, e melhor; A faça supérflua! Em vez de serdes só livres, esforçai-vos Por criar uma situação que a todos liberte E também o amor da liberdade Faça supérfluo! Em vez de serdes só razoáveis, esforçai-vos Por criar uma situação que faça da sem-razão dos indivíduos Um mau negócio!

Ar gélido

em sexta-feira, março 25, 2011
Andava pelo lado direito da calçada esbarrando nas pessoas. Havia saído pela porta da frente aquela noite, com uma mochila nas costas, o cabelo preso e esperando o mundo desmoronar aos seus pés, ou ajoelhar. Não sabia direito o que esperar. A ansiedade martelava o peito como os sinos da igreja as seis da tarde.

Entrou no ônibus e, como sempre, lotado. Cansada de reclamar, encaixou-se num canto e ali ficou. Naquela noite o vento soprava forte na Av. Paulista.

Arrumou o cachecol rosa e branco, fechou a blusa e colocou o gorro, mas ainda assim sentia o frio circular dentro de si, impregnado no seu sangue.
Encostou-se próxima ao prédio da Gazeta e aguardou. Um, dois, três cigarros. Finalmente ele chegara. O frio na barriga convencional inundou-a por dentro, fazia quase um mês que não se viam. O sorriso era o de sempre. O olhar o mesmo. O caminhar idêntico. Mas tinha algo diferente. Talvez no abraço com tantas roupas entre eles. Ou no carinho do cabelo. Não sabia dizer o que era, mas havia algo de diferente no ar.

Entendeu, depois de muito tempo que aquele era o começo do fim. A partir daquele momento, ele não era mais o mesmo. Porém, ainda podia sentir o ar gélido bater no seu rosto aquela noite. E como as lágrimas que rolaram pareciam que iam congelar. Na verdade, congelaram. Ainda resta alguma coisa delas no rosto.
E, por fim, aquele olhar, aquele sorriso e aquele caminhar se perderam na lembrança. O vira outras vezes depois? Sim, claro. Mas tudo aquilo que a fizera se apaixonar já não pertencia mais a ele. Ele mudara, irreversivelmente. E ela mudara, descontroladamente. Mas, alguma coisa... Sempre resta.

"Dizer 'pra sempre' é bem menos do que sentir na carne, querer de verdade. E tem coisas que não vão sumir, você sabe. Tem um lugar em mim que é só teu, e nada vai mudar porque é meu. Mesmo que a gente deixe errado o que a gente escolheu." (Ao que é bom nessa vida - Dance of Days)

(Letícia Christmann)

O Novo Mundo

em domingo, março 20, 2011
A mudança das coisas se tornam imperceptíveis aos olhos. Pouco a pouco ela ia se transformando e, a partir dos pequenos detalhes, ela se tornava uma nova pessoa. Tinha uma mulher e uma menina guardada e que aparecia conforme convinha e, mesmo seu coração sendo bombardeado, ela se recuperava, como uma cidade arrasada é obrigada a renascer após a guerra. Porém, ia se endurecendo, e cada vez menos sentimentos adentravam a bolha que formou ao redor de si. Destruia e reconstruia, fazia tudo ao mesmo tempo, mas fazia questão de não fazer mais nada. Notícias do seu mundo antigo e dos seus amigos antigos chegavam cada vez com menos frequência. Lembranças, saudade, cumplicidade não conseguiam mais perfurar a bolha. Envelhecia, esquecia e não fazia mais questão de sentir. Idolatrava a solidão. Tinha um mundo novo pela frente, no qual levava o coração na mão e mostrava as cicatrizes, indiferente a elas, apenas para explicar porque tinha se tornado fria, insensível. Controlava tudo, sua mente, seus sentimentos e seu mundo. Uma estranha, no meio de estranhos. O mundo se reconstruia, e os indiferentes tornavam-se todos iguais. Cultura de massa, indiferença de massa. Todos, uma massa homogênea. E o mundo?! Uma grande farsa.

"O que acontece - suspirou - é que o mundo vai se acabando pouco a pouco e essas coisas já não vêm." - Úrsula explicando ao bisneto sobre a lâmpada dos desejos e tapetes voadores.
(Gabriel Garcia Marquez - Cem anos de solidão)

Letícia Christmann

A estrada não seguida

em sábado, março 12, 2011
(tradução livre)
Duas estradas divergiam em um bosque amarelo
e lamentando não poder seguir por ambas
e ser um viajante, longamente eu permaneci
e olhei uma delas até o mais longe que pude,
para onde ela sumia entre os arbustos.
-
Então, segui a outra, igualmente bela
e tendo talvez clamor maior
porque era gramada e convidativa;
Embora quanto a isso, as passagens
houvessem lhes desgastado quase que o mesmo,
-
e ambas naquela manhã se estendiam
em folhas que nenhum passo enegrecera,
Oh, eu guardei a primeira para um outro dia!
Contudo, sabendo como um caminho leva a outro,
eu duvidei de que um dia voltasse.
-
Eu estarei contando isso com um suspiro
a eras e eras daqui:
Duas estradas divergiam em um bosque, e eu –
Eu escolhi a menos percorrida,
e isto fez toda a diferença.
Robert Frost - 1915
Ps. Eu escolhi a menos percorrida, e isso realmente faz toda a diferença.
Postado por Letícia Christmann

O terno e a Flor

em terça-feira, março 08, 2011
(Jú Souza)

Sem querer, notei a minha voz um tom desafinada,
E percebi que meses haviam passado,
Desde aquela noite em que te conheci...

Ainda me lembro, o meu terninho fino, e seu vestido liso,
Estampas e encantos nesse seu vestido,
Me convidou num passo para o paraíso

Não sei por que, os cheiros destas flores que tu me ofertou,
Não sei qual é o cheiro, mas me lembra amor,
Aquele sentimento em que reconheci,quando era chegada à quarta feira de cinzas,

E minha flor, o meu amor daqui nada mudou.
Apenas o inverno por aqui passou...
E enxugou com ele a lagrima corrida, talvez o vento frio encubra a ferida,
Ou leve pros teus braços este coração...


E o teu chitão, não toca mais o meu...
Não toca mais o meu, e o meu terninho de cetim?
Juntou-se as flores do jardim, e se puseram a esperar o carnaval.
E não a nada igual, nada igual,
Como aquele em que passei ao seu ladinho...


Postado por Karol Coelho
Esse texto é do meu quase colega de profissão,
agora estudante de Rádio e Tv, José Roberto Júnior.
Ele tem um coração bom!
Abraço, Zé!

AMOR

em sexta-feira, março 04, 2011
Amor é o sorriso espontâneo e pode ser os olhos fechados no silêncio de um beijo inesperado.
É o abraço apertado dado no encontro tão aguardado e é a saudade do que ainda não se foi, do que ainda não chegou ou do que um dia perpetuou na alma.
É sim, o olhar da criança que te sorri na hora da tristeza e o pedido de colo na hora da angústia.
Amor é música que faz seu coração bater mais forte ou faz seu espírito levitar. É aquela que toca na hora certa e que consegue dizer tudo o que queria.
Amor é silêncio. É barulho de mar. É onda. É o levantar da queda.
Amor não é máquina. Não é hora marcada, nem bomba relógio. Não é amanhã, é hoje e pode ser o sempre. É a esperança.
Amor é poesia em carta de amor perfumada. É canção brega. Parece bobagem, mas nunca é.
Não é ciúmes, mas também não é mão aberta. É cuidado, abrigo, consolo, é amizade, às vezes tem até um choro, mas sempre termina na alegria.
Amor é mãos dadas, mesmo em caminhos diferentes, e muitas vezes é um caminho só. É um destino.
O amor é e "une perfeitamente todas as coisas". É filme, é arte, é dom, é simplicidade. O amor sempre tem tudo, mesmo possuindo nada.
Karol Coelho

Verbalize em atos

em quinta-feira, março 03, 2011
Ame
Simplesmente
Puramente
Loucamente
Sutilmente

Despretensiosamente
Deseje
Despeje
Corteje
Almeje

Apaixonadamente
Enfeitice
Enfeite
Energize
Descontrole-se

Encorajadamente
Avance
Fantasie
Realize
Termine

Elegantemente
Mantenha-se
Ou caia em si
Encontre-se
Desarranje-se

Karol Coelho

Um pouco confusa...

em sábado, fevereiro 26, 2011
Eu queria poder te contar tudo. Queria que você tivesse o poder de ler meus pensamentos e entender as palavras que me faltam, e meus motivos de não te dizer tudo, com todas as palavras. Queria que você pudesse entender meus gestos, meus olhares, minhas frases não ditas. Conseguir te contar tudo, mesmo não dizendo nada.
O problema nisso tudo está no fato de te machucar. Te machucar com palavras ditas mas saber que te dói muito mais minhas palavras não ditas. Ahn... Se você as soubesse.
Eu queria que você entendesse meus sentimentos, puros e impuros. O lugar que você ocupa em mim.
Eu queria poder ficar quieta. Mas minha necessidade de falar me sufoca, e quando vejo, mil palavras vem à tona dizendo tudo que eu não queria dizer. As palavras são ambíguas, e você nunca entende o que meu coração está querendo expressar. Me faltam gestos, olhares e (mais uma vez!) palavras para te fazer entender direito.
Eu sei, você deixaria de me amar ao saber das minhas angústias e do meu não amor por ti. Eu sei, você tentaria me entender. O que acontece é que as palavras não são ditas...
E eu continuo querendo que você entenda minhas palavras não ditas.

Letícia Christmann

Um pouco de Drummond

em quinta-feira, fevereiro 24, 2011
"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivamo-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."
"Além da Terra, além do Céu
no trampolim dos sem-fim das estrelas,
no rastro dos astros,
na magnólia das nebulosas.
Além, muito além do sistema solar,
até onde alcançam o pensamento e o coração,
vamos!
vamos conjugar,
o verbo fundamental essencial
o verbo transcendente, acima das gramáticas
e do medo e da moeda e da política,
o verbo supreamar,
o verbo pluriamar,
razão de ser e de viver."

Postado por Letícia Christmann

Quaisquer

em segunda-feira, fevereiro 14, 2011
Eu, assim, como quem não quer nada - até porque realmente não queria - acordei como em várias manhãs, sem pensar em nada, em ninguém, sem desejar algo além do que precisava. Meu anseio era terminar o dia bem, encarando o rumo inevitável do trabalho e escolhendo o melhor lugar para se estar numa noite de sexta-feira - não direi onde, apenas imagine: nada de luzes coloridas, música alta ou fumaça.
Meu coração se debruçou nas palavras que me trazem vida e minha alma entoou em acordes maiores seus sonhos menores. Não esperando que algo de sobrenatural acontecesse, aceitei, nesse dia, a vida como é e sorri satisfeita não me lembrando das desfeitas.
Descontrolavelmente eu ri alto, distribui abraços, joguei conversas, reencontrei uns amigos. "Ué! Quem é você?". Perguntei-lhe já me apresentando. Insidiosamente ele me sorriu me entregando um presente - que claro, não esperava.
Já conversou com um desconhecido que parecia ser seu conhecido há tempos? Pois é. São em dias quaisquer que você desperta os sonhos adormecidos.
Karol Coelho

Lembranças da meia noite

em quinta-feira, fevereiro 03, 2011
Os primeiros passos do amor são lembranças inesquecíveis.
O processo da conquista, dos sorrisos, das despedidas mais 'abraçadas', a fixação dos olhares, a observação quando o outro não está percebendo.
Eu gosto de lembrar do nosso primeiro beijo. A vontade de parar no tempo e a sensação de que tudo estava certo. Na verdade, tudo estava certo né?!
Tenho a impressão que você não sai mais do meu coração. Me pego lembrando daquela calçada, das nossas cervejas, do seu olhar, da sua barba roçando no meu queixo. Sinto saudade.
As noites quentes, o cheiro de dama da noite entrando pela janela. Eu me lembro de você com cheiros, gostos, frases, músicas, filmes.
Eu já disse que estou apaixonada por ti. Mas o melhor de tudo é estar te amando. Sempre, mais e mais. Sei que fizemos tudo certo.
Meu amor, nada melhor do que ter você me enxendo de alegria. De saudade.
Não quero que se afaste de mim, porque nos seus braços eu posso dormir tranquila. E me sinto segura.

Letícia Christmann

Encontro

em sexta-feira, janeiro 28, 2011
Sai de si
Vem curar teu mal

Te transbordo em som
Poe juizo em mim
Teu olhar me tirou daqui
Ampliou meu ser
Quero um pouco mais
Não tudo
Pra gente não perder a graça no escuro
No fundo
Pode ser até pouquinho
Sendo só pra mim sim

Olhe só
Como a noite cresce em glória
E a distância traz
Nosso amanhecer
Deixa estar que o que for pra ser vigora
Eu sou tão feliz
Vamos dividir

Os sonhos
Que podem transformar o rumo da história
Vem logo
Que o tempo voa como eu
Quando penso em você
(Maria Gadú)
Postado por Karol Coelho
Essa música está fazendo muito sentido pra mim.

Preciso parar

em quinta-feira, janeiro 27, 2011
Depois de um ano eu chego a conclusões que só esse ano me fizeram chegar.
Preciso parar.
Sim. Eu preciso parar logo. Urgentemente. Me desapegar.
Não posso mais me privar de ir a certos lugares por causa dessa ou daquela lembrança. Não aguento mais sentir o cheiro, lembrar o sorriso, olhar de vez em sempre aquela caixinha guardada no fundo do guarda roupa, entre roupas velhas e pó.
Eu preciso parar de respirar fundo quando vejo na fila um cabelo igual, um rosto parecido, uma voz quase idêntica.
Parar de procurar, de lembrar, de sentir falta. Parar com essa saudade que machuca, sufoca.
Não quero mais sentir frio na barriga. Não quero mais ver o mesmo momento em outros. Não quero mais te procurar, nem te encontrar em cada esquina, em cada lembrança, em cada filme, nas músicas e nos shows.
Preciso relembrar como é estar comigo e estar feliz. Ainda que haja um buraco dentro de mim, preciso aprender a ignorá-lo. Desimportar-me.
Parar de te procurar em outros, entender que você se foi assim como veio, mas me confundo quando vejo que isso também faz de você especial.
O pior de tudo é quando penso que já passou e vem um momento e me traz tudo a tona, novamente. Lembrança por lembrança. Palavra por palavra. Suspiro por suspiro. Beijos e abraços.
Eu preciso parar de pensar que o contrário de amar é odiar.
Agora eu já entendi: o contrário do amor é a indiferença.

Letícia Christmann

Me responda.

em terça-feira, janeiro 25, 2011
Qual o tempo necessário para desejar alguém?
O tempo de um olhar sorriso.
Quando nasce a paixão?
Entre as conversas sem roteiros.
Onde compartilhar a vida?
Nos sonhos em comum e nos que se completam.
Posso decretar 'é amor'?
Karol Coelho

Você nunca veio...♫

em domingo, janeiro 23, 2011
Chama - Tribo de Jah
Composição: Fauzi Beydoun

Se você fosse embora
Ao menos eu teria agora
Uma razão especial pra lembrar.
Mas você nunca veio,
Sozinho ainda receio
Se esse dia virá
Dias gelados,
Me sinto cansado,
A vida vaza e voa,
Passa e não perdoa,
O tempo não tem compaixão.
Você foi um raio no âmago, um momento relâmpago,
Uma chama intensa,
Ainda ativa e densa,
Agindo em minha razão.
Como num lampejo
O fogo de um beijo
E o sangue todo a se inflamar,
Fluindo em minhas veias,
Subindo em cadeia,
Pronto a transbordar.
O que eu sinto e arde em segredo
É uma chama que se chama desejo.



* * *

"Chama" retrata bem o que eu sinto hoje.
Portanto, me calo.
Hasta!

Postado por Erica Ferro

Lola

em sábado, janeiro 22, 2011

Lola - Chico Buarque de Hollanda
Sabia
Gosto de você chegar assim
Arrancando páginas dentro de mim
Desde o primeiro dia

Sabia
Me apagando filmes geniais
Rebobinando o século
Meus velhos carnavais
Minha melancolia

Sabia
Que você ia trazer seus instrumentos
E invadir minha cabeça
Onde um dia tocava uma orquestra
Pra companhia dançar

Sabia
Que ia acontecer você, um dia
E claro que já não me valeria nada
Tudo o que eu sabia
Um dia



Ps. Sabia, que ia acontecer você na minha vida, um dia. Eu simplesmente sabia.
Páginas em branco a serem escritas ainda.
Postado por Letícia Christmann

É pouco?

em segunda-feira, janeiro 17, 2011
Abrindo mão de mim todos os dias
e usando o eu para você.
Entregando meu ser para te ter.
É pouco?

Aguardando o seu chamar,
E seu sorriso em meu caminho

Me convidando para um destino

Que você decide como terminar.

Você me diz que é mágoa.

Faz do passado um sufoco.

O presente parece pouco.

E o futuro? Oco.

(Karol Coelho)

Os loucos também amam

em sábado, janeiro 15, 2011
Você diz que eu não te amo
Acha que não se ama o que não se pode ver
O que não se pode tocar

Talvez eu não te ame
Só penso em você mais vezes do que eu queria
Apenas sinto a necessidade de sentir o quão confortável
seja o seu abraço

Não, isso não significa que eu te ame
É, talvez não signifique mesmo

Porém, como posso classificar isso, então?
Loucura?
Mas, ora, os loucos também amam!

(Erica Ferro)

O Rei do Sol - Gram

em quarta-feira, janeiro 12, 2011


Ps. Existem músicas que dispensam palavras...

Postado por Letícia Christmann

Re(ano)novo

em quarta-feira, janeiro 05, 2011
Aqui é ponto em que o começo e o fim se misturam. Os caminhos são tortuosos, e espero não me perder nesse novo começo, ou novo fim. Devagar, como sempre, continuo a andar, esperando o sol nascer e se pôr conforme o passar dos dias, ele achar melhor. Eu danço no ritmo da música, nas batidas do meu coração. Não tenho rumo certo. Os objetivos parecem falhos. É hora da reciclagem, não quero me perder dentro de mim, e por isso ela se faz necessária. Ando, páro quando tenho vontade, deito e durmo o sono dos justos. Nesse caminho novo não tenho porque temer, mas algo ainda me parece errado. Páro, penso, ando, corro, vôo. Meus sonhos começam a se misturar com a realidade, e meu mundo se perde mais e mais enquanto eu tento explicá-lo, se reduz, parece organizado demais. Posso rir e chorar, a escolha é minha. Posso tudo, e ao mesmo tempo me sinto impotente. Afinal, eu estou no começo ou no fim? Estou em plena fase de desenvolvimento. Me assusto com as opções. Me assusto com a dor, odeio a angústia. Sinto que não sorrio mais com tanta frequência como antigamente, mas pareço mais eu, mais real, mais sincera e, também, mais sentimental. Gosto de poder tudo e não fazer nada. Gosto de não poder nada e querer fazer tudo. Gosto da minha confusão, do ser e não ser. E gosto de ter uma mão para segurar nesse rumo sem rumo. É, afinal, o motivo dos meus sorrisos.

"Mas não precisamos saber pra onde vamos
Nós só precisamos ir.
Não queremos ter o que não temos
Nós só queremos viver.
Sem motivos, nem objetivos,
Estamos vivos e isso é tudo,
É sobretudo a lei...
Dessa infinita highway."
(Infinita Highway - Engenheiros do Hawaii)
Ps. Primeiro post meu do ano!!
E é... Estou nessa confusão mesmo.
Mas me sinto bem nela.
Que as pessoas desse ano sejam melhor
do que as do ano que se passou,
conforme meu post anterior.
Letícia Christmann
 
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